Depressão Fien desencadeia avisos vermelhos. Neve, vento... que riscos há?
Prevê-se uma semana meteorologicamente adversa em Portugal continental. Um temporal invernal, gerado pelas Depressões Gérard e Fien, provocará uma descida acentuada da temperatura, vento forte, queda de neve, chuva e um perigoso temporal marítimo. Todos os detalhes sobre o tempo aqui!
Esta será a primeira semana verdadeiramente fiel ao que é o inverno em Portugal, após um excecional mês de dezembro - muito ameno e chuvoso. Janeiro de 2023 teve um arranque semelhante. No entanto, o “corredor” para o fluxo de Noroeste escancarou-se abruptamente nas últimas horas e deverá acentuar-se a meio da semana.
Gérard e Fien vão intensificar o fluxo de noroeste
Nas próximas horas e dias, o ar polar marítimo será canalizado para Portugal continental pelo anticiclone dos Açores e por um grande centro depressionário na Europa (associado a uma onda planetária carregada de ar frio nas camadas médias – altas). Primeiro a depressão Gérard e depois a Fien, ambas secundárias, viverão um processo rápido de ciclogénese que resultará na intensificação do fluxo de noroeste.
Esta segunda-feira (16) a depressão Gérard atravessará o Canal da Mancha e o mar do Norte. O vento do quadrante Oeste tem estado a soprar com muita força no nosso país, sobretudo no Norte e Centro, onde já está em vigor o aviso amarelo devido à previsão de rajadas até 85 km/h na fachada atlântica e até 100 km/h nas terras altas.
O momento mais crítico da forte agitação marítima (aviso vermelho), que constituirá uma situação de risco extremo deverá ocorrer entre as últimas horas da noite de terça (17), a partir das 21:00, e as primeiras 6 horas da madrugada de quarta (18) para grande parte da costa oeste de Portugal continental. Estão previstas ondas de noroeste com 7 a 7,5 metros de altura significativa, podendo atingir a altura máxima de 12 a 14 metros.
Prevê-se que, até às 00:00 de terça-feira (17), sobretudo no Noroeste de Portugal continental – isto é – a oeste da Barreira de Condensação, várias áreas desta parte da nossa geografia superem 75 mm de chuva acumulada, realçando-se as terras altas do Minho (Viana do Castelo e Braga) e do Alto Tâmega e Douro (Vila Real).
Em pontos localizados e muito elevados do Alto Minho, a precipitação acumulada poderá atingir ou superar pontualmente os 100 mm. Será mais dispersa e irregular quanto mais para Sul. A neve já caiu hoje, tendo ocorrido acima dos 1200 metros de altitude, com destaque para a Serra da Estrela.
Amanhã, neve acima dos 500 metros de altitude no Norte e um poderoso vendaval
Para terça-feira (17) espera-se um agravamento substancial das condições meteorológicas em quase todo o país devido ao forte vendaval de Oeste/Noroeste que deixará rajadas de até 85 km/h na fachada atlântica (aviso amarelo) e de até 120 km/h (aviso laranja) ou mais nas áreas de montanha do Norte e do Centro.
O tempo prevê-se significativamente severo a norte da Serra da Estrela, com o núcleo da Depressão Fien a deslocar-se pelas Ilhas Britânicas e pela Bretanha francesa.
Espera-se chuva fraca, pontualmente moderada/forte, nas regiões mais setentrionais de Portugal, isto é, a norte da Serra da Estrela. A sul desta Cordilheira e até ao Algarve, devido à menor retenção de nuvens e precipitação, a quantidade pluviométrica acumulada será consideravelmente inferior, mais irregular e dispersa.
A queda de neve está prevista para as montanhas do Norte e Centro. Numa fase inicial ocorrerá na cota dos 900/1100 metros, mas, a partir do fim da tarde de terça (17) poderá cair acima dos 500 metros de altitude nas montanhas setentrionais (Peneda, Amarela, Soajo, Gerês, Cabreira, Larouco, Barroso, Montesinho, Nogueira, Coroa, Alvão, Marão) e na cota dos 600/800 nas montanhas da Cordilheira Central (Serra da Estrela, Montemuro, Açor, Lousã).
A atual previsão da acumulação total de neve durante os próximos dias está expressa no mapa contido no tweet abaixo. Atenção também à provável formação de gelo.
Será, sem dúvida, um dia muito desconfortável. O temporal marítimo irá manter-se e, além disso, o forte vento de Norte/Noroeste, com todo o potencial de estragos materiais e perigo para a vida humana que acarreta, contribuirá para um agravamento da sensação térmica de frio, aliado à descida da temperatura do ar em todo o país. Estão previstas mínimas negativas em vários pontos do interior Norte e Centro, com destaque para a Beira Alta (-1 ºC na Guarda).
Quarta e quinta-feira, dias muito frios
Para quarta-feira (18) prevê-se mudanças na carta sinótica. O continente europeu será “engolido” pela dita onda planetária – repleto de vários centros de baixas pressões em superfície que, juntamente com a subida das altas pressões atlânticas, proporcionará a chegada de vento predominante do quadrante Norte. Parece que a intrusão de ar ártico será um pouco mais curta e menos intensa do que o inicialmente previsto para Portugal.
Para quarta-feira (18), apesar da considerável diminuição da chuva, o vento manter-se-á muito forte de Norte/Noroeste, contribuindo largamente para a sensação térmica de frio. Nesse dia prevê-se uma descida acentuada da temperatura de norte a sul do país, com mínimas ligeiramente acima, ou abaixo, de 0 ºC em várias localidades do interior Norte e Centro.
De norte a sul do país, a temperatura mínima será inferior a 10 ºC! Ainda poderá nevar algo mais durante o dia de quarta-feira (18), com destaque para as montanhas do extremo Norte e para a Serra da Estrela.
O tempo estabilizará entre sexta e sábado
Entre quinta (19) e sexta-feira (20) a crista anticiclónica empurrará a massa de ar frio para leste, prevendo-se diminuição da instabilidade meteorológica, apesar da persistência da chuva no Norte de Portugal, em particular no litoral (Minho e distrito do Porto). Não se descarta a queda de novos flocos de neve nos pontos mais elevados do país, ainda na quinta (19), apesar da previsão da subida de cota.
De acordo com o nosso modelo de confiança, para o fim de semana espera-se o domínio das altas pressões e o regresso de um tempo estável, soalheiro e frio ao país inteiro, com possível formação de gelo e geadas nas regiões do interior, especialmente nas áreas montanhosas.