De Trás-os-Montes ao Algarve: que tempo fará na segunda quinzena de agosto?
A reta final do verão climatológico já arrancou e consigo trará uma evidente alteração do estado do tempo a Portugal continental. Irá manter-se na segunda quinzena de agosto ou será algo temporário? Virá chuva e frescura ou nem por isso? Consulte a previsão!
Chegamos agora exatamente ao meio de agosto, um mês que foi sendo recheado por dias de muito calor – sobretudo na faixa do interior, embora não tão tórrido como em julho -, alguns incêndios florestais e até mesmo com os típicos dias de nevoeiro na faixa ocidental, um fenómeno meteorológico bastante comum em Portugal continental durante o verão.
Apesar de tudo isto, as primeiras projeções dos mapas do tempo indicam que a segunda quinzena de agosto – a coincidir justamente com o final da canícula – irá ser caracterizada por um panorama meteorológico mais variável. Afinal, o que poderá acontecer no nosso país, meteorologicamente falando?
Primeiros prenúncios do cada vez mais próximo outono climatológico
A 31 de agosto, o verão, do ponto de vista climatológico, será oficialmente dado como terminado. Esta é uma época na qual a atmosfera tem por hábito revelar uma maior dinâmica e, assim, a estabilidade costuma abrir caminho a uma corrente de jato ligeiramente mais ondulada e com os respetivos centros de ação mais movimentados: as depressões ou pequenas bolsas de ar frio podem expressar-se por meio de fortes trovoadas, geralmente localizadas, ou então depressões de carácter atlântico.
Trata-se, sem dúvida, de uma altura de transição, embora a temperatura mostre valores de verão em grande parte do país (com menos intensidade no litoral Norte). Mesmo assim, as noites costumam ser mais frescas e já se vai notando o encurtamento dos dias. E para o epílogo do verão de 2022, o que esperar do tempo em Portugal?
Chuva à vista?
No que diz respeito à precipitação, muita gente em Portugal está expectante e desejosa pela chegada da chuva devido à seca severa e extrema que assola o nosso país e uma grande parte da Europa. A depressão desta semana - que não passará diretamente por Portugal continental, mas sim somente uma frente de fraca atividade associada ao dito centro de baixas pressões – irá resultar num estado do tempo relativamente instável, especialmente no norte de Portugal continental e numa grande parte da faixa costeira ocidental, entre Viana do Castelo e Lisboa.
Na verdade, entre esta noite de segunda (15) e quarta-feira, dia 17, prevê-se precipitação fraca, por vezes acompanhada de trovoada, com a atividade elétrica a ser mais provável no interior e nas áreas montanhosas, como por exemplo na região de Trás-os-Montes.
A oeste do sistema Montejunto-Estrela é onde se espera grande parte da queda de precipitação – tal como se pode verificar no tweet acima -, nalguns casos acumulando pouco mais de 12 mm, pouco significativo para o quadro atual da grave seca que afeta o país, mas em pleno agosto, qualquer água caída dos céus é bem-vinda.
Além disso, tal como se verifica abaixo no mapa de anomalia, os valores semanais de pluviosidade serão superiores à média climatológica de referência nas áreas a ocidente do sistema Montejunto-Estrela. Para o Sul não se antecipa precipitação dado que a perturbação se dissipará após alcançar a bacia do Tejo. O Alentejo e o Algarve continuarão, basicamente, sem uma “pinga de chuva”.
Para já não se antevê uma situação de chuva generalizada no resto do mês - para além dos três dias já mencionados e que ficará confinada apenas a algumas regiões -, o que é uma má notícia para os campos e bacias bastante “desnutridas” pelo crítico panorama de seca. Por último, não esquecer que, por vezes, o mês de agosto pode trazer queda de granizo, um fenómeno meteorológico bastante temido por todos por causa dos inúmeros prejuízos que acarreta.
A longo prazo não há ainda sinais claros da vinda de aguaceiros com granizo, mas esta possibilidade mantém-se em aberto porque há modelos que estão a “cozinhar” esse cenário meteorológico. Apesar disso, a maioria dos modelos numéricos de previsão não intuem cenários favoráveis à chegada de uma potencial depressão isolada em altitude, uma que caso se concretize, seria favorável a este pernicioso cenário para campos e culturas agrícolas.
Segunda metade de agosto em Portugal: um autêntico ziguezague térmico?
De acordo com o nosso modelo de confiança, os primeiros indícios sugerem que esta semana registará valores normais ou até mais frescos do que o habitual em praticamente todo o país, devido a uma massa de ar anormalmente fresca associada à depressão cuja frente atravessará a Península Ibérica de oeste para leste. A temperatura estará mais suave, ao registar anomalia negativa de -1 ºC em relação ao normal.
Infelizmente, este alívio térmico aparenta ser efémero uma vez que as previsões estimam que a crista anticiclónica se afirme novamente na reta final de agosto. Prevê-se que as temperaturas voltem a escalar nos termómetros, com valores entre 1 ºC a 3 ºC acima do normal em grande parte de Portugal continental (exceto Barlavento algarvio e litoral oeste – valores térmicos iguais ou abaixo da média, mais frescura).