Contagem decrescente para o bloqueio na Europa: Portugal vai sentir os efeitos no tempo a partir deste dia

Em Portugal os efeitos do padrão atmosférico de bloqueio irão começar a manifestar-se em breve. Haverá um agravamento dos fenómenos meteorológicos associados, sobretudo durante as tardes. Saiba a previsão completa!
A primavera de 2025 continua a exibir um grande dinâmica atmosférica, à qual não é indiferente o facto de a corrente de jato polar estar a manifestar um comportamento ondulante.
É possível corroborar isto nos últimos mapas e modelos de alguns dos grandes centros de previsão meteorológica internacional, como o ECMWF - que serve de referência à Meteored -, e que revelam o desenvolvimento de um novo “bloqueio em ómega”. Deste modo, a formação de um anticiclone robusto entre a Europa Central e a Escandinávia irá influenciar o padrão do estado do tempo em grande partes dos países da Europa, incluindo Portugal.
Está à vista um novo padrão de bloqueio anticiclónico na Europa
O iminente fenómeno ou padrão atmosférico que se instalará sobre uma grande parte do território europeu, conhecido por bloqueio anticiclónico ou ainda anticiclone de bloqueio, acontece quando uma vasta região de altas pressões se estabelece numa determinada zona, impedindo o fluxo normal das tempestades, frentes e perturbações atlânticas e favorecendo a persistência de condições meteorológicas anormais.

Quando o bloqueio anticiclónico ocorre, as altas pressões posicionam-se, com muita frequência, em latitudes setentrionais (norte), neste caso sobre a Escandinávia, ao passo que uma região ou centro de baixas pressões pressões surge nas latitudes mais meridionais (sul), criando um contraste que pode persistir durante vários dias ou até mesmo semanas.
Este padrão de bloqueio conduz, com muita frequência, a fenómenos meteorológicos estacionários durante períodos de tempo mais longos, com consequências como ondas de calor no verão ou secas prolongadas, como já se verificou em anos recentes (2022 e 2023).

Por outro lado, a persistência de circulações depressionárias sobre a mesma zona geográfica pode provocar períodos extremamente chuvosos e gerar um elevado risco de cheias, inundações e solos saturados.
Bloqueio anticiclónico começa a formar-se sobre a Europa a partir de sexta-feira, 25 de abril
A partir desta sexta-feira, 25 de abril - em Portugal será feriado do Dia da Liberdade e data da celebração da Revolução dos Cravos - o bloqueio anticiclónico começará a desenvolver-se entre a Europa Central e a Escandinávia, servindo de “escudo” ou “barreira” às frentes, depressões e perturbações chuvosas provenientes do Atlântico.
De acordo com os nossos mapas de confiança, a vasta região anticiclónica, “retida” entre dois centros de baixas pressões a leste e a oeste, terá tendência a persistir durante vários dias, senão mesmo semanas. Esta configuração sinóptica resultará em condições meteorológicas de estabilidade prolongada para as regiões sob a sua influência.
Espera-se que isto ocorra devido a um abrandamento da corrente de jato polar, que é a corrente de ar a grande altitude que orienta os sistemas meteorológicos no hemisfério norte.
Quando a corrente de jato perde intensidade ou “quebra”, criam-se as condições para o aparecimento destas situações de instabilidade atmosférica, com efeitos que variam consoante a localização geográfica. Então, o que podemos esperar para Portugal?
Estes serão os efeitos do bloqueio anticiclónico em Portugal
Para os últimos dias de abril prevê-se que o bloqueio anticiclónico se instale entre a Escandinávia e a Europa Ocidental, impulsionando as massas de ar frio da Europa de Leste e da Rússia para boa parte do Mediterrâneo. Este cenário criará um contraste térmico acentuado, com vários países do Sul da Europa a ficarem na "fronteira" entre o ar frio do Norte e o ar tropical mais quente do Norte de África.

No caso de Portugal continental, a subida em latitude das altas pressões até à Escandinávia, permitirá a aproximação de outra zona de altas pressões substancialmente mais fria até bem perto da costa ocidental do nosso país. Além disto, surgirá, muito próximo de nós, a circulação de vários centros de baixas pressões que se espera que influenciem o estado do tempo no nosso país a partir do noroeste da nossa geografia.
Em Portugal os efeitos do bloqueio anticiclónico só vão começar a manifestar-se na próxima terça-feira, 29 de abril, com o agravamento das condições meteorológicas, especialmente durante o período vespertino, isto é, durante a tarde.
As cumulonimbus, conhecidas pelo seu processo de desenvolvimento vertical, são normalmente potenciadoras de aguaceiros, ocasionalmente sob a forma de granizo, podendo ser fortes e potencialmente acompanhados de trovoadas localizadas. Além disto, não se descarta a possibilidade da ocorrência de fortes rajadas de vento ou de fenómenos extremos de vento.

De acordo com os atuais mapas de previsão, as regiões potencialmente mais afetadas pela chuva são: Minho (distritos de Viana do Castelo e Braga), Douro Litoral (distrito do Porto) e Centro (algumas zonas dos distritos de Aveiro, Coimbra e Viseu). Alguns locais do interior, pertencentes aos distritos de Bragança e Castelo Branco também somarão quantidades interessantes de precipitação. Nas regiões a sul do rio Tejo e em grande parte do interior Norte e Centro a precipitação será mais esporádica.
É importante relembrar que, tendo em conta que os fenómenos meteorológicos esperados dizem respeito principalmente a um tipo de precipitação convectiva, tanto a distribuição, como a intensidade dos mesmos será muito desigual e localizada.