Confirmado: depressão atlântica trará chuva abundante a Portugal no início da próxima semana. Saiba o que virá depois
Estão à vista mudanças significativas na dinâmica atmosférica a médio prazo. O anticiclone centrado sobre a Europa enfraquecerá gradualmente e as depressões começarão a chegar a Portugal procedentes do Atlântico a partir deste fim de semana. Saiba mais na previsão!
As altas pressões dominaram o estado do tempo em Portugal continental nos últimos dias e os fenómenos meteorológicos de maior destaque foram as temperaturas mínimas negativas em vastas zonas do interior Norte e Centro (Bragança, Guarda, Viseu, Vila Real, Castelo Branco e interior dos distritos minhotos, do Porto e de Aveiro), associadas a uma massa de ar polar continental (fria e seca) e ao vento do quadrante Leste.
O rio atmosférico, carregadíssimo de humidade, aumentará o potencial de água precipitável, podendo deste modo reforçar a chuva e torná-la forte e persistente em Portugal continental entre domingo, dia 19 e quarta-feira, 22 de janeiro.
Além disto, ainda se registou inversão térmica e houve formação de geada, sincelo e nevoeiro em vários locais.
A circulação atlântica vai ativar-se este fim de semana
O anticiclone que tem condicionado as condições meteorológicas na geografia do Continente e permitido dias estáveis, geralmente soalheiros, secos e frios, vai enfraquecer gradualmente, permitindo o restabelecimento de uma circulação de oeste muito ondulante (com ventos atlânticos húmidos e temperados).
Ao longo deste fim de semana um grande vale depressionário proveniente do Atlântico favorecerá o desenvolvimento de uma depressão cavada nas proximidades do arquipélago dos Açores, que se deslocará gradualmente para leste. Algumas frentes chegarão ao território de Portugal continental entre domingo (19) e segunda-feira (20), o que resultará em períodos de chuva fraca ou aguaceiros logo nesse dia.
Na segunda-feira (20) esta depressão terá completado a sua fase de maturação e, já ocluída, começará a encher. No entanto, este centro de baixas pressões não se dissipará devido ao fornecimento constante de ar frio e à colisão do mesmo com massas de ar mais quentes (origem tropical marítima), que permitirão à baixa pressão manter uma certa intensidade e atingir a nossa geografia na terça-feira (21).
Esperados mais de 100 mm de precipitação acumulada em várias regiões do nosso país
Prevê-se que o centro da referida depressão atlântica se localize a oeste da faixa costeira ocidental de Portugal continental entre segunda (20) e as últimas horas de terça-feira, 21 de janeiro, com o fluxo de vento a soprar de Sul e Sudoeste em quase todas as regiões, sendo forte nalgumas zonas (rajadas até 75 km/h). É expectável que a chuva seja o fenómeno meteorológico mais notável.
Vai chover de norte a sul do país, mas, de acordo com os atuais mapas de precipitação acumulada, as regiões menos húmidas nestes próximos dias serão o interior Norte e Centro, provavelmente devido ao efeito orográfico da Barreira de Condensação, isto é, as nuvens e precipitação ficarão maioritariamente retidas a oeste e muito menos a leste do mencionado sistema montanhoso.
Nesta ocasião, a depressão atlântica surgirá mais a sul do que o habitual, influenciando a distribuição da precipitação. A chuva deverá ser persistente e pontualmente forte, não se descartando a possibilidade de ocorrência de trovoada.
Assim, por causa do efeito de latitude e da grande exposição destas regiões aos ventos atlânticos húmidos e temperados do quadrante Sul, prevê-se que as regiões mais afetadas pela chuva sejam a Região Centro (em particular o distrito de Aveiro e as zonas que integram o sistema montanhoso Montejunto-Estrela), o Algarve (distrito de Faro), e alguns distritos nortenhos com ligação ao mar (por exemplo, Viana do Castelo).
É possível que neve e haja acumulação residual nos locais mais setentrionais do Nordeste Transmontano na madrugada de segunda-feira (20) e nalguns locais da região da Serra da Estrela na madrugada de terça-feira (21). De um modo geral, o vento soprará com moderada a forte intensidade, deixando rajadas até 75 km/h nas terras altas e montanhosas do Norte e Centro, mas também nalgumas zonas mais próximas ao mar.
O que se prevê após a passagem da tempestade atlântica que durará até quarta-feira? Eis o que revelam os modelos
A tempestade vai acabar por se afastar para latitudes mais setentrionais na quarta-feira (22), embora ainda descarregue bastante chuva nesse dia. Com esse afastamento é esperada uma descida das temperaturas no nosso país. Porém, a evolução sinóptica das condições meteorológicas para os dias seguintes ainda não é clara, estando projetados dois potenciais cenários bastante diferentes.
O primeiro deles antecipa uma consolidação da corrente de jato polar nas latitudes mais altas e a deslocação de depressões cavadas sobre o norte da Europa, com uma crista anticiclónica sobre o Mediterrâneo ocidental a impedir a sua deslocação para sul.
Todavia, há um segundo cenário bastante provável no qual, de acordo com o modelo de referência da Meteored, a crista que se desenvolveria no sul da Europa perde força, permitindo a descida em latitude de uma corrente de jato polar muito forte, potencialmente favorável à chegada de novas depressões e respetivas frentes oriundas do Atlântico.
Deste modo, esta segunda possibilidade terá de ser monitorizada de perto, caso os novos cenários previstos continuem a contemplá-la a partir da segunda metade da próxima semana.