Como vai estar o tempo em abril?
Nas últimas semanas o padrão meteorológico que imperou no país teve marca anticiclónica, predominando tempo ameno e, em geral, seco. Abril arrancou com o regresso de aguaceiros, rompendo com a estabilidade atmosférica. Será abril, águas mil?
Ao contrário dos meses de janeiro e fevereiro, muito marcados pela sequência frenética de depressões que trouxeram chuva e pulverizaram recordes de precipitação em alguns locais, e pelo frio intenso gerado pela incursão de massas de ar ártico, o mês de março em Portugal continental, ainda sem termos em conta os registos oficiais, foi bastante soalheiro, ameno, seco e caracterizado pela escassa ocorrência de precipitação. Tudo isto graças à forte influência das altas pressões que impediram a chegada das frentes mais ativas, desviando-as para outras latitudes.
Com a primavera ainda nos seus primeiros dias, e numa época do ano em que cada vez mais luz solar recebemos diariamente, justamente hoje que arranca o mês de abril, impõe-se a questão: será abril, águas mil?
Um abril ligeiramente mais quente que o habitual
Atendendo ao cenário projetado pelo Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo, espera-nos um abril com temperaturas ligeiramente superiores ao normal, exceto na semana a seguir à Páscoa, entre 5 e 12 de abril, com valores térmicos inferiores ao habitual.
Ao longo dos primeiros dias, até à Páscoa (4 de abril), a temperatura média em quase todo o país será entre 3 ºC a 6 ºC superior à média do período de referência. As anomalias térmicas positivas mais evidentes serão no interior do país, em pontos do Nordeste Transmontano, numa grande parte da Beira Interior e no Alto Alentejo.
No entanto, na segunda semana, a partir do dia 6 e até ao dia 9, o panorama deverá alterar-se drasticamente em todo o país, já que se prevê uma descida acentuada das temperaturas. Tanto o modelo europeu (ECMWF) como o americano (GFS) apontam para uma anomalia térmica negativa de até -4 ºC, com destaque para o interior Norte e Centro do país.
Com base no modelo Europeu, a segunda quinzena de abril parece reservar algum calor, sobretudo na terceira semana, entre os dias 12 e 18, especialmente na região Centro e em toda a faixa do litoral ocidental. Por aí, a anomalia positiva será de até 1 ºC acima do normal. Assim, se o cenário previsto se cumprir, abril registará valores térmicos dentro ou ligeiramente acima do habitual. Convém recordar que, com a variabilidade primaveril que lhe é reconhecida, alguns dias poderão ser mais frescos que outros.
E quanto à precipitação?
Tal como se pode observar no tweet acima, apesar do regresso da chuva nestes primeiros dias de abril, ainda assim os níveis de precipitação registados deverão ficar abaixo da média, uma vez que registaremos aguaceiros muito dispersos.
A partir da próxima semana, que começará mais fresca e seca, poderá registar-se algo mais em termos de chuva, provavelmente nos dias 8, 9 e 10, terminando com valores inferiores ou dentro da média. Com a migração do anticiclone para latitudes mais setentrionais (a norte), abre-se o caminho para a chegada de depressões até à nossa latitude. No entanto, de seguida, os modelos mostram o retorno e imposição do anticiclone em crista até ao Golfo da Biscaia, o que em larga medida, significa que o surgimento de frentes será pouco frequente.
Para a terceira semana de abril, a tendência mostra sinais de tempo estável e com influência anticiclónica, o que significa que apesar de possivelmente assistirmos a alguns dias marcados por chuviscos e aguaceiros, a precipitação total semanal deverá ser inferior à média. Na quarta semana, o padrão de chuva deverá seguir a mesma tendência da semana anterior, estimando-se pouca ou nenhuma precipitação no país.
Podemos confiar nestes modelos?
Naturalmente não nos podemos esquecer que estas previsões, fora de um âmbito probabilista e experimental carecem de precisão, a necessária para fazer uma análise regional detalhada. Estes prognósticos não devem ser considerados como referências fiáveis na maioria dos casos. Realce-se que a longo prazo só é possível analisar aspetos gerais da circulação atmosférica do hemisfério Norte e, por isso, os sistemas meteorológicos mais pequenos vão passar despercebidos aos modelos sazonais.