Como será o verão climatológico em Portugal?
A primavera climatológica despede-se de Portugal com temperaturas elevadas e ausência de precipitação. Em poucas horas, arranca o verão climatológico. O que nos mostram as previsões oficiais? Estará muito calor? Informamos-lhe aqui.
Para trás fica uma primavera que a nível meteorológico apresentou um carácter relativamente variável e volátil no nosso país: vivemos de tudo, entre neves anormais em abril, pautando-se este como o mês mais chuvoso da primavera, até às altas temperaturas superiores à média na maior parte do período primaveril, bem como alguns dias bastante ventosos, e uma ou outra depressão atlântica que causou alguns dias chuvosos. Em geral, foi uma primavera quente e seca, alternada com períodos de alguma humidade e frescura, bem necessárias para atenuar a seca que ainda se faz sentir. O dia 1 de junho está aí à porta (amanhã começa o sexto mês do ano civil), marcando o início do verão climatológico, amado por uns, odiado por outros. O tempo nunca agrada a todos.
Em Climatologia as estações dividem-se em função dos dados, principalmente no que toca aos valores médios para a temperatura e para a precipitação. Assim, o verão climatológico abrange imperativamente os meses de junho, julho e agosto, que são, por norma, os mais quentes e secos. Ainda que, como veremos mais à frente, há que ter uma cautela peculiar na generalização das previsões a médio e longo prazo, especialmente num espaço tão diversificado em termos orográficos, hipsométricos e geográficos como a Península Ibérica, e em particular, o nosso Portugal, à beira-mar plantado.
Como será o verão? Naturalmente, o calor é uma certeza inevitável em grande parte da Península Ibérica. Contudo, devido ao relevo complexo e diversificado numa massa continental pouco extensa como é Portugal, dependendo do vento e das massas de ar que nos atravessem, numas áreas fará mais calor e noutras menos, e o mesmo irá ocorrer no que diz respeito às precipitações.
Verão seco ou húmido?
Ao longo dos próximos três meses, de acordo com os modelos meteorológicos, dando primazia ao ECMWF, as condições de circulação atmosférica e oceânica apontam para o estabelecimento de uma corrente subtropical localizada sobre o Atlântico e norte de África. Isto resulta na influência das altas pressões atmosféricas em latitudes mais a norte, com a existência de uma parede anticiclónica, situada no Atlântico norte e na parte oriental da Europa. Algo para ir acompanhando.
No mês de agosto, poderá ocorrer a mudança para um padrão de tempo mais quente e seco, a prolongar-se durante mais dias em todo o território, o que é normal tendo em conta que é o pico ou auge do verão. As normais climatológicas apontam para valores que deverão mesmo oscilar entre os 30 ºC e os 40 ºC nos dias mais quentes, com especial incidência no sul do país em regiões como o Alentejo e o Algarve. Mesmo assim, territórios do interior transmontano, alentejano, ribatejano e algarvio, serão mais propícios a acolher o calor devido ao efeito da continentalidade, com dias e noites muito quentes, de ar seco e abafado.
Projeta-se uma tendência de continuidade para os meses de junho e julho, em relação a maio, isto é, períodos de tempo estável, quente e seco, alternados com episódios de instabilidade atmosférica que poderão somar vários milímetros de precipitação, trovoadas e até granizo. Nunca costuma chover muito nesta estação do ano em Portugal continental, e os mapas de anomalias respeitantes aos valores de precipitação revelam quantidades dentro do normal. Quanto às temperaturas, não deverão apresentar anomalias significativas. Esperam-se valores dentro do habitual.
No desenrolar do mês de agosto podem vir a registar-se episódios de ondas de calor, situações do estado de tempo em que as temperaturas apresentam valores superiores à média num período nunca inferior a cinco dias. No oitavo mês do ano aliás, os valores de temperatura poderão, por isso, revelar anomalias positivas, com valores superiores ao normal de norte a sul do país, assim como valores da pluviosidade a somar quantidades inferiores ao habitual, possivelmente com maior impacto na região Norte e Centro do país.