Como será o tempo em Portugal no mês de julho? Eis a mais recente previsão de Alfredo Graça
Tem-se falado muito que o verão de 2024 ia ser muito mais quente do que o normal em Portugal, mas o arranque está a revelar-se fresco. Nesta previsão analisamos se o mês de julho irá manter esta tendência ou se vai ser tão quente como se previa inicialmente.
O comportamento da atmosfera nas últimas semanas, extremamente variável, cumpriu na perfeição a previsão do tempo atualizada para o mês de junho, lançada no dia 6, após uma primeira previsão publicada em finais de maio. Nessa segunda previsão analisava-se como os mapas da Meteored detetavam a possibilidade de mais trovoadas do que o normal para o mês que está agora a chegar ao seu fim.
A reta final de junho está neste momento a ser fortemente marcada pela queda de aguaceiros, localmente fortes, com trovoadas, possibilidade de queda de granizo e inclusive risco de rajadas convectivas. Pode verificar todas as informações meteorológicas nas nossas últimas previsões e saber se a zona em que reside está em risco ou sob aviso meteorológico.
O que nos conta a Climatologia sobre o mês de julho em Portugal continental?
No que diz respeito à média das temperaturas máximas de acordo com a normal climatológica 1981-2010, verifica-se que o Douro Litoral (Porto) é a única zona da Região Norte onde esse valor fica ligeiramente abaixo dos 25 ºC. Nas restantes zonas nortenhas o calor já é mais intenso neste mês e supera os 25 ºC, sendo que nalguns locais do interior aproxima-se dos 30 ºC.
No Centro o contraste térmico entre litoral e interior é ainda mais marcante do que no Norte, com 24 ºC de média da máxima em Aveiro e de 32 ºC em Castelo Branco. Em Lisboa e Vale do Tejo e Algarve as temperaturas máximas médias situam-se entre 28 e 31 ºC. Por último, no Alentejo, a região mais quente da nossa geografia, Beja lidera com grande distância (33 ºC), seguida de Évora e Portalegre (entre 30 e 31 ºC).
Normalmente é a norte e a oeste das principais cadeias montanhosas - Barreira de Condensação e Cordilheira Central - que os valores de pluviosidade em julho são mais elevados, situando-se geralmente entre 10 e 30 mm, com Viana do Castelo e Braga a assumirem a dianteira. No entanto, até mesmo distritos como os de Bragança e Guarda, situados a oriente das mencionadas cadeias montanhosas, registam valores médios de precipitação a rondar os 15 mm.
A precipitação em julho é substantivamente mais modesta nas principais estações meteorológicas situadas a sul do Mondego, verificando-se que registam geralmente entre 2 e 10 mm, sendo que nas regiões a sul do Tejo os valores são ainda mais escassos (entre 2 e 5 mm).
Irá julho ser um mês muito quente em Portugal?
Sempre foi, mas talvez desta vez seja um pouco mais quente do que o habitual. De acordo com o modelo de referência da Meteored, para o conjunto do mês de julho, tudo indica que serão atingidas temperaturas acima do normal (entre 0,5 e 2 ºC superiores à média) em grande parte do território de Portugal continental, sendo mais elevadas nas regiões do interior Norte e Centro, onde a temperatura poderá ser até 2 ºC superior à média no Nordeste Transmontano e na Beira Alta.
Também estão previstas anomalias notáveis nos distritos de Vila Real, Viseu, Castelo Branco, Portalegre e no interior dos distritos de Braga e Porto.
Prevê-se que a precipitação esteja dentro dos limites normais para o mês, o que significa que será escassa de norte a sul da geografia do Continente. Nesta altura do ano quase não chove, apenas de maneira ocasional e geralmente sob a forma de trovoadas. Em todo o caso, iremos pegar na lupa e analisar semana a semana.
A primeira quinzena não deverá alcançar valores excessivamente quentes
Na primeira semana de julho, as temperaturas serão um pouco mais baixas do que o normal no Nordeste Transmontano (Bragança) e no arquipélago da Madeira. Em contraste com este ambiente fresco, o tempo poderá apresentar-se mais quente do que o normal no Litoral Norte (Viana do Castelo, Braga e Porto) e Região de Aveiro, Litoral Alentejano e Baixo Alentejo (Setúbal e Beja) e Barlavento Algarvio (Faro). No resto do Continente, prevê-se que as temperaturas registem valores próximos da média.
A precipitação será inferior ao normal em Portugal continental inteiro e todo o arquipélago dos Açores, o que significa que será bastante escassa. No arquipélago da Madeira a metade norte da extremidade ocidental parece apresentar uma anomalia positiva de precipitação, o que sugere que choverá mais do que o habitual nesta zona da Ilha, sendo que nas restantes zonas da mesma os níveis de pluviosidade estarão dentro ou inferiores aos normais.
Para a segunda semana (8-15 julho) perspetiva-se uma semana mais fresca do que o habitual, com valores 1 ºC inferiores ao habitual no Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo e Alto Alentejo. No resto do Continente e na Madeira preveem-se temperaturas enquadradas com a normal climatológica de referência. Somente nos Açores se preveem temperaturas bem mais quentes do que o habitual, entre 1 e 3 ºC acima da média.
A precipitação será ligeiramente superior aos valores normais nas zonas mais próximas do mar no litoral a norte do Cabo Raso, no Barlavento Algarvio, nos Grupos Ocidental e Central dos Açores. Na Madeira e na generalidade do território de Portugal continental os valores de precipitação deverão enquadrar-se com a média, exceto nalguns locais isolados do Continente (mais secos do que o normal).
O calor intenso poderá chegar na segunda metade do mês
Na terceira semana, prevê-se temperaturas superiores ao normal em grande parte da geografia de Portugal continental, coincidindo com o início da canícula. Os mapas revelam as anomalias térmicas positivas mais acentuadas no Baixo Alentejo, Sotavento Algarvio e arquipélago dos Açores (até 3 ºC acima da média).
Prevê-se que a precipitação se mantenha abaixo do normal (tempo seco) em todas as unidades territoriais de Portugal: Continente, Madeira e Açores.
Identificamos habitualmente a canícula com os dias mais quentes do ano, que, segundo as estatísticas climatológicas, se situariam entre 15 de julho e 15 de agosto. Embora não exista um consenso geral sobre este facto, é o mais aceite pelos peritos.
Para a última semana do mês de julho não é possível avançar com detalhes concretos da previsão meteorológica uma vez que a incerteza é elevadíssima. Porém, as primeiras tendências - que devem ser encaradas com muita cautela - indicam precipitação escassa no Continente e muito calor nos Açores.