Chuva, trovoada, vento e agitação marítima fustigam Açores e Madeira. Irá a tempestade Dorothea afetar o Continente?

Dorothea, a nova depressão de grande impacto nomeada pela AEMET, vai provocar efeitos meteorológicos de risco moderado nos arquipélagos dos Açores e Madeira nas próximas horas e dias. Será que esta tempestade também vai afetar o tempo em Portugal continental?

Ontem - sábado, 14 de dezembro - a agência espanhola de meteorologia (AEMET) nomeou a quarta tempestade atlântica de grande impacto da temporada 2024/2025. Quatro dias antes - na passada terça-feira (10) - a Meteored Portugal lançou uma previsão meteorológica precisamente acerca desta depressão, agora conhecida como Dorothea.

A depressão Dorothea está neste momento posicionada a cerca de 500 km a sul do Grupo Central dos Açores, com uma pressão no seu centro de 993 hPa e possui um sistema frontal associado.

Para os Açores prevê-se, nas próximas horas e dias que a depressão Dorothea provoque agitação marítima. Em redor do Grupo Oriental as ondas poderão atingir uma altura máxima de 8 metros.

Nas próximas horas e dias prevê-se que Dorothea provoque chuva em todas as ilhas açorianas, esperando-se que seja mais forte no Grupo Oriental (São Miguel e Santa Maria) - atualmente sob aviso amarelo.

Além disto, é expectável um aumento da intensidade do vento, que soprará do quadrante Leste com rajadas até 75 km/h no Grupos Ocidental e Central e, no Grupo Oriental, até 95 km/h. Quanto à agitação marítima, os mapas revelam a provável formação de ondas do quadrante Leste, entre 3 e 4 metros de altura significativa, podendo atingir 7 ou 8 metros de altura máxima.

E na Madeira, quais são os efeitos previstos?

Situada agora a oeste do arquipélago da Madeira, a depressão Dorothea descreverá uma deslocação lenta para norte. Deste modo, não se espera que passe perto deste arquipélago. Porém, apesar da grande distância do centro de baixas pressões à Madeira, prevê-se uma alteração nas condições meteorológicas do arquipélago, sobretudo hoje, dia 15 e amanhã - segunda-feira, 16 de dezembro.

A manhã de segunda-feira (16) nalgumas zonas da ilha da Madeira será marcada por rajadas a rondar os 95 km/h.

De acordo com os mapas de referência da Meteored, é possível observar para hoje - domingo, 15 de dezembro - um provável aumento da intensidade do vento, que soprará do quadrante Sul com rajadas até 70 km/h, especialmente nas Regiões Montanhosas da ilha da Madeira. Para amanhã - segunda-feira (16) - o vento Sul deverá tornar-se tendencialmente mais forte, estando previstas rajadas até 95 km/h nas Regiões Montanhosas e até 75 km/h na Costa Norte e na Costa Sul.

A precipitação será outro dos elementos climáticos de maior destaque nas próximas horas e dias na Madeira. Prevê-se ocorrência de chuva, mais provável e frequente na Costa Sul e Regiões Montanhosas da ilha da Madeira, podendo ser pontualmente forte e potencialmente acompanhada de trovoada. Acrescente-se ainda a possibilidade do fenómeno chuva de lama graças à presença de poeiras do Saara em suspensão sobre o arquipélago da Madeira neste mesmo período.

Além disto, espera-se um aumento da agitação marítima na Costa Sul ao longo do dos dias de hoje e amanhã - 15 e 16 de dezembro. As ondas serão do quadrante Sul, apresentando até 2,5 metros de altura significativa.

Neste mapa da próxima terça-feira (17) às 13:00 observa-se, na perfeição, a 'língua' de poeiras do Saara que será arrastada para Portugal continental pela atual depressão Dorothea. Nesse dia, Dorothea já estará localizada a oeste das Ilhas Britânicas. A oeste do nosso país percebe-se a presença de um outro centro de baixas pressões.

Aviso amarelo de chuva e vento ativo para os Açores e para a Madeira

Atualmente, tanto para os Açores (Grupo Oriental), como para a Madeira (Regiões Montanhosas e Costa Sul), estão em vigor avisos meteorológicos de risco moderado, isto é, há avisos amarelos de vento e precipitação devido à previsão de rajadas máximas e de quantidade e intensidade de chuva.

Todavia, graças à volatilidade deste panorama meteorológico, é preciso ter em conta que uma pequena mudança na trajetória prevista para esta depressão pode originar uma alteração da atual previsão.

Deste modo, aconselha-se o acompanhamento das próximas previsões lançadas na Meteored, bem como a consulta de avisos meteorológicos oficiais, e dos nossos mapas, modelos e imagens de satélite.

Entre quarta (18) e quinta-feira (19) prevê-se que um rio de humidade reforce a chuva prevista em Portugal continental para esse período.

Irá a tempestade Dorothea afetar o estado do tempo em Portugal continental?

Diretamente, não. Mesmo assim, na terça-feira (17) são esperados alguns aguaceiros - por vezes de lama - no Continente, meros remanescentes de Dorothea, que entretanto continuará a sua deslocação para nordeste, rumo às Ilhas Britânicas.

Porém, a instabilidade meteorológica sobre a geografia do Continente não tardará a instalar-se, quebrando temporariamente o grande domínio das altas pressões.

Segundo os nossos mapas, observa-se a formação posterior de uma baixa pressão que se desenvolveria nas traseiras da depressão Dorothea, possivelmente responsável por provocar um estado do tempo instável entre quarta (18) e quinta-feira (19). Esta baixa, contida num vale depressionário, gerará uma frente que trará períodos de chuva fraca a moderada, mais contínua e persistente nas regiões situadas a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela.

Além disto, haverá uma intrusão de poeiras do Saara na geografia do Continente, impulsionadas numa primeira fase pela movimentação para nordeste da depressão Dorothea, e, numa segunda fase, pela já referida baixa posterior a Dorothea.

Perspetiva-se a possibilidade de chuva de lama nalgumas zonas de Portugal continental na terça (17) e na quarta-feira (18) devido à coalescência das poeiras do Saara com as gotículas de água da chuva.

Essas zonas potencialmente afetadas pela chuva de lama seriam os distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Coimbra e Santarém.

O vento de Sudoeste, húmido e quente, e que afetará o Continente em meados da semana, estará associado à subida das temperaturas (e às poeiras) esperadas para esse período. Adicionalmente, um rio de humidade subtropical poderá reforçar a precipitação em várias zonas do nosso território, tornando-a mais abundante.