Chuva dá tréguas, até que chega outra gota fria!

O mês de abril em Portugal continental e insular tem estado numa permanente roda viva de instabilidade meteorológica. Desde o dia 1 já experimentamos vários estados do tempo. Tudo isto devido à circulação de ventos do hemisfério Norte que continua alterada, resultando num jato polar muito frágil e bastante ondulado que permite a chegada de massas de ar frio a latitude relativamente baixas.

Além disso, durante os próximos dias, as altas pressões que subsistem no Mar do Norte vão reforçar-se, impedindo a deslocação de tempestades por essa área do continente, e obrigando-as a atravessar para sul. As áreas mais afetadas serão a bacia do Mediterrâneo, e sobretudo a Península Ibérica.

Fim de semana de ‘tréguas’

Ao longo dos próximos dias, vamos experimentar alguma estabilidade a nível meteorológico. Mas não se deixe enganar, este aparente estado de calma será confinado à nossa geografia continental, quanto muito, somente durante as próximas 48 horas.

A tempestade que estacionou em Portugal nos últimos dias, e inclusive em parte do dia de hoje, já se está a afastar para norte, dissipando-se gradualmente, pelo que nas próximas horas diminuirá bastante a probabilidade e intensidade da precipitação. O mesmo se pode aplicar às trovoadas, ‘granizadas’ e fenómenos adversos a elas associados.

Em geral o tempo no fim de semana será ligeiramente mais estável em todo o território nacional. As temperaturas, sobretudo as máximas, vão registar um aumento suave. Os termómetros atingirão amanhã, os 17 ºC no distrito do Porto e no de Bragança, 19 ºC no de Lisboa e Castelo Branco, 20 ºC no de Faro e 22 ºC no de Beja.

Apesar do afastamento da tempestade e do seu notório enfraquecimento, ainda vamos ser brindados com o desenvolvimento de mais alguns aguaceiros irregularmente repartidos pelo território, sobretudo amanhã, 18 de abril. As regiões mais chuvosas ao longo do fim de semana serão o Minho, Douro Litoral, Nordeste Transmontano e alguns pontos da região Centro, mas nada de extraordinário comparando com o ‘dilúvio’ dos últimos dias. Este panorama meteorológico assemelha-se tal e qual ao famoso refrão: ‘calma antes da tempestade’.

Nova tempestade a caminho?

No arranque da semana que vem, teremos uma nova depressão às portas do país. Vai aproximar-se rapidamente do nosso território a partir do Oceano Atlântico, resultando em novo agravamento do estado do tempo na nossa latitude. Mas, dependendo do reflexo que tiver à superfície, poderemos estar a falar de uma pequena Depressão Isolada em Níveis Altos (Cut-Off), ou então de uma tempestade fria isolada, semelhante à que nos atingiu nos últimos dias. Ambas são processos de gota fria.

Desta vez, é provável que a depressão atravesse a Península Ibérica de oeste para este, ao invés de ficar estacionada a oeste do continente luso, como aconteceu durante estes últimos 4 a 5 dias. O modelo ECMWF, nosso modelo de confiança, prevê que esta tempestade se desenvolva na segunda e na terça-feira, perdendo velocidade no processo, o que acabaria por nos afetar durante mais tempo (mais tempo para o ‘cozinhar’ de sucessivas frentes que se desprendem da depressão).

Este cenário instável sugere a distribuição de precipitação por todo o país, com vento fraco, por vezes moderado a soprar de Sul/Sudoeste, esperando-se que se alastre a toda a Península Ibérica com o decorrer das horas. Alguns destes episódios de precipitação poderão ser localmente intensos.

A chuva poderá também ser acompanhada por pequenos núcleos de trovoada ocasional e queda de granizo. O surgimento de trovoada deve-se também ao choque do ar frio em altura (das depressões) com o aquecimento diurno, e natural, que vai crescendo ao longo do mês de abril, generalizando-se a convecção e possivelmente as tempestades, nos próximos dias 20 e 21 de abril.