Calor de verão e possível regresso da chuva e trovoadas: eis o que poderá esperar do tempo em Portugal na próxima semana

Em boa parte de Portugal continental as temperaturas vão escalar para valores de julho. Porém, na segunda metade da semana um vale depressionário poderá desencadear um episódio de precipitação e trovoadas nalgumas regiões do país.

As trovoadas fortes e acompanhadas de granizo são comuns, embora dispersas, tendo em conta a situação sinóptica prevista para meados da próxima semana no nosso país.

Após uma sexta-feira (31) de calor intenso - o dia mais quente do ano até agora - espera-se uma descida das temperaturas durante o fim de semana. Não obstante, essa descida será temporária uma vez que para o arranque da próxima semana se espera uma nova subida térmica nas regiões do interior de Portugal continental. Nas regiões do litoral - sobretudo no no Litoral Norte e Centro - as temperaturas deverão normalizar, apresentando valores mais amenos e não tão elevados como nestes últimos dias.

Nas regiões do interior a massa de ar tropical continental, quente e seca, continuará a proporcionar temperaturas elevadas para a época do ano. O sol forte facilitará um aquecimento progressivo da massa de ar sobre estas zonas de Portugal continental, levando novamente a temperaturas elevadas durante o início da primeira semana de junho.

Porém, as temperaturas elevadas não serão a única coisa que se destacará durante a próxima semana e no início de junho, uma vez que a precipitação e as trovoadas poderão regressar a algumas zonas do nosso país.

gota fria
A bolsa de ar frio sobre o Atlântico e a previsão da sua localização para a próxima quarta-feira, 5 de junho.

Isto deve-se ao potencial desenvolvimento de uma depressão isolada em altitude (ou gota fria) sobre o Atlântico próximo, que se deslocaria gradualmente em direção ao Sul da Europa, podendo condicionar as condições meteorológicas no nosso país a partir de meados da próxima semana (provavelmente entre quinta (6) e sexta-feira (7), mas a incerteza ainda é muito alta). Ainda não é claro se o fará como uma gota fria ou se será reincorporada na circulação das latitudes médias, o que daria origem a um pequeno vale depressionário.

Em qualquer das situações, empurraria uma massa de ar quente, mas mais húmida em direção à Península Ibérica, e a sua circulação tornaria a atmosfera instável, possivelmente nas regiões Norte e Centro de Portugal continental (resta perceber se mais no litoral, ou mais no interior).

Primeiro, temperaturas de pleno julho

Com este panorama prevê-se que as temperaturas voltem a subir significativamente durante os primeiros dias da semana para atingir valores típicos de verão, mas apenas nalgumas regiões. As temperaturas vão superar os 30 ºC na Beira Baixa, Ribatejo e Alentejo, atingindo localmente os 35 ºC ou 36 ºC, com destaque para o vale do Guadiana.

temperaturas elevadas
Em meados da próxima semana as temperaturas máximas ainda poderão ser superiores a 35 ºC nalgumas zonas da geografia do Continente.

A partir de quinta-feira (6), a proximidade do vale depressionário ou possível gota fria contribuirá para temperaturas máximas ligeiramente mais baixas. Em princípio já nenhuma das regiões registará máximas de 30 ºC a partir desse dia, com as mais elevadas a rondarem 28 ou 29 ºC a sul do Tejo.

Depois a possibilidade de precipitação e trovoadas localmente fortes

Apesar de não ser possível conhecer à escala regional o comportamento da atmosfera a partir do meio da próxima semana, pode referir-se que, com este tipo de situação, os aguaceiros acompanhados de trovoadas são comuns nalgumas zonas do território, exceto talvez nas regiões mais a sul onde são menos prováveis.

Estes aguaceiros podem também ser localmente intensos, por vezes de granizo e acompanhados ocasionalmente de vento forte, sobretudo nas zonas montanhosas do Norte e do Centro do país. Em todas estas zonas, a probabilidade de ocorrência de trovoadas não deve ser descartada entre quarta (5) e sexta-feira (7), mesmo que sejam fracas e dispersas.

Porém, de momento, o modelo de referência da Meteored indica que é nas regiões do litoral Norte e Centro onde é mais provável chover. Deste modo, é possível verificar que a incerteza no estado do tempo da segunda metade da próxima semana revela-se muito elevada uma vez que, apesar do tipo de situação descrita estar mais associada às regiões do interior, é para as regiões do litoral que os modelos contemplam a possibilidade de precipitação.

Onde irá chover dependerá em grande medida da evolução do mencionado sistema depressionário e da sua trajetória. A previsão vai certamente sofrer alterações nos próximos dias e, aqui na Meteored, continuaremos atentos e a monitorizar o desenvolvimento da potencial gota fria ou vale depressionário.