Bloqueio escandinavo poderá condicionar o tempo em Portugal durante quinze dias, avisa Alfredo Graça
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Após a dissipação dos remanescentes da outrora tempestade subtropical Patty, prevê-se a formação de um grande bloqueio anticiclónico sobre o continente europeu. Saiba quais serão os efeitos deste bloqueio persistente para o tempo em Portugal.
Nas últimas horas de segunda (4), mas sobretudo ao longo desta terça-feira, 5 de novembro, os remanescentes da tempestade subtropical Patty trouxeram chuva geralmente contínua e persistente a várias regiões de Portugal continental (grosso modo Norte e Centro do país).
Tem sido particularmente abundante e localmente forte na região da Beira Alta (distrito de Castelo Branco) e alguns pontos do distrito de Santarém, mas também nos distritos a oeste da Barreira de Condensação (Viana do Castelo, Braga, Porto e Aveiro). As temperaturas mantêm-se bastante amenas de um modo geral, manifestando valores substancialmente acima da média para esta época do ano, quer das máximas quer das mínimas.
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Bloqueio anticiclónico condicionará o tempo em Portugal a partir desta quarta-feira. Até quando durará este padrão?
Para o resto desta semana está prevista uma mudança radical no padrão meteorológico sobre a Europa, tal como avançado pela Meteored no final da semana passada. Um robusto bloqueio anticiclónico irá instalar-se gradualmente na Europa, ficando centrado sobre as Ilhas Britânicas, Escandinávia e Europa Central.
Os seus efeitos em Portugal continental são esperados já a partir desta quarta-feira (6). Ao mesmo tempo, a crista subtropical mostra sinais de que irá subir em latitude, posicionando-se entre os Açores e Portugal continental.
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Este padrão meteorológico de bloqueio é ditado pela presença de uma anticiclone em crista (ou crista de altas pressões) na costa atlântica europeia, que impede (ou bloqueia) a passagem de frentes e depressões. O referido bloqueio já se começou a desenvolver e afirmar-se-á a partir desta quarta (6). Prevê-se que se mantenha durante a próxima semana.
Esta configuração sinóptica fará com que o ar frio continue a ser libertado para a bacia mediterrânica, pelo que Portugal continental dificilmente será atingido por áreas de instabilidade meteorológica. Mesmo assim, essa possibilidade não deve ser totalmente descartada.
Temperaturas acima da média para a época e alguns aguaceiros
Tendo em conta esta situação sinóptica, perspetiva-se uma grande estabilidade atmosférica, pelo menos até domingo, dia 10. Para os próximos dias o estado do tempo - seco e soalheiro e sustentado pelos ventos do quadrante Leste - continuará a predominar praticamente de norte a sul de Portugal continental, com temperaturas máximas superiores à média climatológica de referência para o mês de novembro.
No que diz respeito às temperaturas, estas tenderão a subir gradualmente na maioria das regiões nestes primeiros dias da semana, estando bem acima dos valores médios para a estação em grande parte da nossa geografia. Em cidades como Braga, Aveiro, Coimbra, Leiria, Lisboa, Santarém e Évora, as temperaturas máximas chegarão aos 23/25 ºC nos próximos dois dias. São expectáveis noites amenas, sem o habitual frio desta época do ano.
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Porém, na segunda metade da semana, sobretudo a partir de sexta-feira (8), é expectável que as temperaturas (máximas e mínimas) diminuam graças a uma nebulosidade mais abundante. Além disso, não se exclui o regresso da chuva, ainda que fraca, residual e bastante restringida aos distritos do litoral Norte (Viana do Castelo, Braga, Porto) devido a uma pequena frente que será capaz de perfurar o ‘escudo’ das altas pressões.
No sábado (9) prevê-se uma nova descida das temperaturas máximas, algo para o qual contribuirá a previsível mudança de regime de ventos que, nesse dia, passará a soprar de Norte. Em todo o caso, este será o período mais calmo das últimas semanas, em que se registou uma sucessão de tempestades e depressões muito cavadas (algumas delas antigos furacões) e de gotas frias.