Bastará a frente de domingo para quebrar o anticiclone eterno?
O arranque do ano está a ser francamente invulgar em Portugal continental, não fazendo mais do que agravar a situação de seca. As imensas horas de sol vão agora abrir espaço para um episódio de chuva com impacto muito desigual. Confira a previsão!
Foram inúmeras as circunstâncias que transformaram o passado mês de janeiro em algo praticamente único. Sem margem para dúvida, o mais preocupante foi a evidente falta de precipitação, o que faz com que estejamos a atravessar um período generalizado de seca (o segundo janeiro mais seco desde 2000 em Portugal continental, apenas atrás do de 2005) e revele o estado impressionante das bacias hidrográficas que, sem exceção, estão abaixo do ano passado e em alguns casos de forma tão evidente que está a ser ruinoso para a produção agrícola e pecuária. Se assim continuar, os impactos a nível social não tardarão em fazer-se sentir.
As temperaturas diurnas foram as mais elevadas dos últimos 90 anos, tendo sido classificado como o quinto mês de janeiro mais quente desde 2000. Mesmo assim, a amplitude térmica diária foi tão grande, que se refletiu, de um modo geral, em noites frias e dias quentes.
Foram superados ou igualados os valores extremos da temperatura máxima do ar para o mês de janeiro em cerca de 15% das estações meteorológicas, e o valor médio de temperatura máxima do ar, 15.29 °C, foi muito superior ao valor normal, com uma anomalia de + 2.20 °C. Em Zambujeira do Mar, por exemplo, registou-se o valor mais elevado da temperatura máxima do ar (24,5 ºC).
Algo que também merece ser salientado é o número de horas de sol, que, tal como seria de esperar, graças à persistência do anticiclone, foi muito elevado, chegando ao ponto de ser o janeiro com o maior número desde o início do século. Apenas ultrapassado pelo de 1983.
Não há perspetiva de chuva abundante e persistente
Hoje foi percetível um aumento da nebulosidade em todo o país, com o céu encoberto durante a maior parte desta quinta-feira. É possível a queda de chuviscos fracos e dispersos no Minho e em Trás-os-Montes e Alto Douro ao final da tarde. No resto do país manter-se-ão as nuvens de média e alta altitude. As temperaturas subiram no Centro e no Sul, mantendo-se estáveis no Norte. O vento soprará fraco e predominantemente de Leste, apresentando-se temporariamente moderado de Oeste.
Amanhã os resquícios de uma pequena frente deixarão chuva fraca no Alentejo Litoral, distribuindo-se de maneira irregular por partes dos distritos de Setúbal e Beja. O céu estará parcialmente nublado no resto do país e Açores, com predomínio de períodos soalheiros na Madeira, embora com algumas poeiras em suspensão na atmosfera.
As temperaturas mínimas vão registar um pequeno aumento nas Regiões do Centro e do Sul. No Algarve as máximas também vão subir ligeiramente. O vento soprará em geral fraco de Norte, e temporariamente de leste/nordeste nas terras altas do Norte e Centro, onde poderá apresentar-se, por vezes, moderado.
Sábado de transição com aguaceiros isolados
Sábado será um dia de céu parcialmente nublado de norte a sul de Portugal continental, com possibilidade de ocorrência de precipitação fraca e isolada, principalmente na região do Algarve, e em particular nas localidades do Sotavento Algarvio. Na Madeira poderá chuviscar e a nortada soprará forte.
As temperaturas irão descer de forma significativa no dia 12, com vento a soprar fraco a moderado do quadrante Oeste. Provável formação de geadas em alguns locais do interior Norte e Centro e possibilidade de nevoeiros e neblinas matinais.
Domingo chuvoso interromperá o domínio do anticiclone
Por fim a chuva chegará ao nosso país de forma quase generalizada graças a uma frente fria atlântica muito ativa no próximo domingo, dia 13. Contudo, o seu impacto será meramente pontual e com uma distribuição bastante irregular, insuficiente para atenuar o cenário de seca.
A partir do meio da manhã, mas com grande fulgor durante toda a tarde, a chuva regará o Norte, sobretudo Minho (Viana do Castelo, Braga) e Douro e Beira Litoral (Porto, Aveiro), seguido de perto por Trás-os-Montes e Alto Douro (Vila Real). Nas horas restantes chegará ao Centro (Coimbra, Viseu, Leiria) e Sul, com menos intensidade e duração, sendo por isso, muito mais escassa a sul do Tejo, e também no interior transmontano e beirão. Isto é, quanto mais para sul e para leste, realce-se as regiões do Alentejo e Algarve, menor a probabilidade do alcance da precipitação.
As temperaturas máximas voltarão a baixar neste dia em Portugal continental. Existe a possibilidade de queda de neve nos pontos mais elevados da Cordilheira Central (Serra da Estrela) nas últimas horas do dia. O vento soprará moderado e forte de Sudoeste em todo o país.
Tampouco parece que na próxima semana o tempo de chuva continue, porque segundo os modelos de previsão as altas pressões (anticiclone) vão reforçar-se nas proximidades da Península Ibérica.