Até quando irá durar este calor anómalo? Estará o primeiro temporal de chuva de outono à vista em Portugal?
Até ao início da próxima não se perspetivam novidades, pelo que as temperaturas vão manter-se anormalmente elevadas em Portugal continental. Contudo, o possível regresso da chuva já se vislumbra entre os dias 10 e 12 de outubro. Eis a previsão!
Estes primeiros dias de outubro têm sido marcados pelo registo de temperaturas substancialmente acima da média de norte a sul de Portugal continental, com várias localidades a terem batido recordes de temperatura máxima logo no primeiro dia do mês. A inegável tendência de aquecimento à escala global também está agora a manifestar-se no nosso país.
No que falta desta semana não se vislumbram grandes novidades do ponto de vista meteorológico, a não ser precisamente a continuidade deste tempo excecionalmente quente. O anticiclone de bloqueio está para durar e a massa de ar quente e seco por si transportada apresenta características muito semelhantes às que nos atingem em pleno verão. Sem dúvida uma situação invulgar quando já estamos em outubro e a atingir a primeira metade do outono climatológico.
Esta terça-feira (3), apesar de alguma nebulosidade pelo Norte de Portugal continental - que registou uma ligeira descida térmica, provavelmente atribuível à frente que atravessou a Galiza - registou céu predominantemente limpo ou pouco nublado, com nevoeiro matinal nalguns locais do Norte e Centro e, uma vez mais, várias regiões (principalmente a sul do Mondego) atingiram temperaturas máximas iguais ou superiores a 30 ºC.
Calor intenso vai persistir e, provavelmente, agravar-se
Tudo indica que o tempo seco e soalheiro, com uma pronunciada estabilidade atmosférica e temperaturas elevadas, com valores substantivamente acima do habitual, continuará a manifestar-se até ao início da próxima semana, sensivelmente até segunda, 9 de outubro. Amanhã o calor intenso continuará, especialmente nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo, Beira Baixa, Alentejo, Algarve e Madeira. Na Região Autónoma de cariz insular o aviso laranja por temperaturas elevadas estará em vigor pelo menos até quinta, 5 de outubro.
Saliente-se, aliás, que para estes próximos dias, as máximas irão situar-se entre os 25 ºC e os 30 ºC em quase toda a geografia continental, nalguns casos superando largamente o patamar dos 30 ºC, especialmente entre sexta (6) e domingo (8), período em que se antecipa um reforço da massa de ar quente e das altas pressões, o que agravaria ainda mais a situação de calor intenso e persistente.
Possibilidade de regresso da chuva em meados da próxima semana
De acordo com a saída determinista do modelo ECMWF, uma depressão razoavelmente cavada poderá nascer e desenvolver-se a oeste de Portugal continental. Assim, é possível que na terça (10), quarta (11) e quinta-feira (12) a área de influência desta depressão condicione o estado do tempo no nosso país.
Caso tal se confirme, poderíamos assistir a uma mudança significativa no estado do tempo, ao originar-se um episódio de chuva, passível de regar com abundância várias regiões do país, em particular as da fachada atlântica. Todavia, à data de hoje, a incerteza na previsão é muito elevada e, além disto, é impossível determinar a magnitude que terá este possível temporal de outono.
A grave seca que assola o país há vários meses tem tendência a agravar-se a cada dia com tempo quente e seco. O déficit hídrico já é bastante significativo, o que torna cada vez mais urgente a mudança do padrão meteorológico, idealmente para um em que se desencadeie uma sequência de temporais de chuva de outono.
Será que este primeiro possível episódio de chuva de outono, que possivelmente ocorrerá entre os dias 10 e 12 de outubro, irá ser seguido de outros? A fim de detetarmos uma eventual mudança no padrão meteorológico podemo-nos socorrer da previsão a longo prazo e, em particular, em dois produtos do Centro Europeu de Previsões Meteorológicas a Médio Prazo (ECMWF), que providenciam a frequência esperada dos diferentes padrões atmosféricos dominantes.
O diagrama de barras com cores distintas (imagem da esquerda) não sugere um cenário otimista. Para que se possa projetar uma eventual sequência de temporais de chuvas vindas do Atlântico, o sinal de NAO negativa (cor verde) deveria ser muito mais evidente e robusto e com uma frequência consideravelmente superior à dos outros padrões. Contudo, aquilo que se pode inferir na análise da evolução de todos os membros do ensemble é que a mencionada NAO negativa não é dominante; antes pelo contrário.
O conjunto de situações de bloqueio anticiclónico, crista atlântica e NAO positiva (pouco favoráveis a um padrão de chuvas atlânticas em Portugal continental) deverão ser dominantes nas próximas semanas, algo que parece ganhar consistência quando deitamos um olhar pelos mapas de ensembles (cluster scenario) do geopotencial a 500 hPa (imagem da direita).
Não obstante, é nosso dever lembrar que a meteorologia é uma ciência repleta de surpresas, pelo que sugerimos que se mantenha diariamente atualizado connosco quanto às últimas novidades do tempo em Portugal.