Anomalia térmica prevista para a próxima semana poderá fazer de Portugal um “oásis” na Europa Ocidental
Na próxima semana, de 9 a 15 de setembro de 2024, prevê-se que a frescura do outono climatológico afete uma grande parte da Europa Ocidental. Porém, Portugal continental poderá ser um caso único à escala europeia no que diz respeito às anomalias de temperatura.
Na próxima semana, de 9 a 15 de setembro de 2024, prevê-se o impulsionamento de uma massa de ar polar marítima procedente de latitudes setentrionais (de norte, vindas do Ártico), o que provocaria uma descida das temperaturas em vários países da Europa Ocidental e Central.
Este notável arrefecimento das condições meteorológicas poderá alinhar-se na perfeição com aquilo que em Climatologia é conhecido como o outono climatológico, estação que dura desde 1 de setembro a 30 de novembro e que é definida convencionalmente pelos físicos e pelos geógrafos com base nos valores médios de temperatura e precipitação.
Em contrapartida, noutras zonas do norte e do leste da Europa perspetiva-se uma semana com temperaturas elevadas, como já está a acontecer atualmente. Além dos países situados nas zonas setentrionais e orientais do continente Europeu, Portugal continental poderá constituir-se como um “oásis” térmico na Europa Ocidental durante parte da próxima semana. Perceba porquê.
Preveem-se anomalias térmicas negativas pronunciadas na Europa Ocidental. Estará Portugal incluído?
Para a próxima semana, os mapas de altitude indicam a presença de um amplo vale depressionário situado sobre a Europa Central que injetará ar frio, de origem polar marítima, nas camadas baixas da atmosfera.
De acordo com o mapa de anomalias de temperatura semanal, a tendência na Europa Ocidental será para tempo fresco, com temperaturas inferiores à média climatológica de referência. Na cartografia do modelo Europeu observam-se acentuadas anomalias de frio, em particular no norte e nordeste de Espanha, grande parte do território francês, sul da Bélgica, sul da Alemanha, Suíça e oeste da Áustria.
Em Portugal continental, apesar de no cômputo geral da semana se observar uma semana geralmente mais fresca do que o normal (exceto no Algarve, Baixo Alentejo, Alto Alentejo e Beira Baixa - regiões sem anomalias significativas), as anomalias térmicas negativas poderiam ser algo mais suaves do que no resto da Europa Ocidental.
Incerteza na previsão de anomalia térmica em Portugal é ditada por uma ‘batalha’ de massas de ar
Por um lado, como já foi acima referido, o mapa de anomalias de temperatura semanal do modelo ECMWF parece não ter dúvidas quanto ao tempo mais fresco que Portugal continental atravessará na semana de 9 a 15 de setembro.
Porém, o modelo EPS, também pertencente ao ECMWF - baseado na incerteza nas condições iniciais e na criação de um conjunto de 50 previsões a partir de estados ligeiramente diferentes que são próximos à melhor estimativa do estado inicial da atmosfera - coloca o nosso país no centro da ‘batalha’ entre duas massas de ar de origens distintas (massa de ar polar marítima, representada pelas anomalias azuis e massa de ar tropical marítima, representada pelas anomalias vermelhas).
Fatores como a latitude e o efeito termorregulador do mar - proximidade ao oceano Atlântico não permite que o tempo arrefeça ou aqueça demasiado - bem como a própria movimentação dos principais centros de ação atmosférica, como o anticiclone dos Açores e o mencionado vale depressionário poderão acabar por contribuir para um ligeiro afastamento para leste do ar frio, tornando o nosso país praticamente um “oásis” na Europa Ocidental.
Caso as previsões dos mapas da Meteored e do modelo EPS se concretizem, Portugal continental registaria temperaturas ligeiramente superiores à média, embora com uma alternância entre dias mais frios, e outros mais quentes do que o habitual - como o que se prevê para o dia 11 de setembro, de acordo com o mapa da Meteored.
Isto acaba por ser normal no nosso país em setembro, o primeiro mês do outono climatológico e que está sempre sujeito a uma grande variabilidade de estados de tempo.