Alfredo Graça confirma: uma nova depressão trará chuva, vento e agitação marítima a Portugal. Eis o período mais crítico

Após um curto período de estabilidade, uma nova tempestade começará a condicionar o tempo a partir desta terça-feira, 1 de abril. Os próximos dias em Portugal serão predominantemente marcados por chuva, vento e agitação marítima. Saiba a previsão completa!

A estabilidade atmosférica que se instalou em grande parte da geografia portuguesa tem as horas contadas. Tal como anteriormente explicámos na Meteored, a nova configuração sinóptica revela que um padrão atmosférico de bloqueio em ómega formou-se sobre o Centro e Norte da Europa devido à subida em latitude das altas pressões (ou anticiclone em crista) que estão agora centradas em torno do Mar do Norte.

Uma nova situação de bloqueio na Europa

O ‘nascimento’ e desenvolvimento de uma tempestade sobre o Atlântico irá encarregar-se de ‘desgastar’ o anticiclone em crista, pelo que, a partir de amanhã, o nosso país estará novamente exposto à influência das baixas pressões.

Para as três unidades territoriais portuguesas - Continente, Açores e Madeira - prevê-se chuva abundante ao longo desta primeira semana de abril, em conjunto com o desenrolar de outros elementos climáticos potencialmente adversos como a trovoada, o granizo e a neve (que na verdade são outras formas de precipitação), o vento e a agitação marítima.

O que é um bloqueio em ómega? Este tipo de circulação é originado a partir do momento em que a corrente de jato polar é forçada a contornar uma grande crista anticiclónica (ou anticiclone em crista) e depois a descer novamente em latitude, descrevendo uma trajetória que se assemelha à letra grega Ω.

Ocasionalmente, o anticiclone em crista acaba por ser desgastado por massas de ar frio ou tempestades, permitindo a passagem destas entradas de ar ou depressões ao longo do seu flanco meridional.

Este mapa revela uma probabilidade de precipitação superior a 90% para a próxima quarta-feira, 2 de abril, às 11:00 na Área Metropolitana de Lisboa.

Esta semana o bloqueio anticiclónico vai situar-se entre o Mar do Norte e a Islândia, ‘abrindo caminho’ para a chegada, a partir do Oeste, de uma ou mais depressões e das suas respetivas frentes atlânticas a Portugal continental. Isto ocorrerá, pelo menos, entre terça (1) e sexta-feira, 4 de abril. Para o fim de semana o panorama não é tão claro, com os modelos a projetarem cenários diferentes no que toca à persistência da instabilidade.

Esta terça-feira, 1 de abril, a chuva regressa a Portugal

Amanhã - terça-feira, 1 de abril - o número de nuvens a média e alta altitude aumentará consideravelmente, com alguns aguaceiros de moderada a forte intensidade previstos para todas as regiões a sul do rio Mondego, sendo que de forma mais fraca e dispersa poderão ocorrer nalguns locais a norte do referido curso de água.

O Minho, as regiões entre Vouga e Tejo e o Algarve serão as potencialmente mais afetadas pela chuva esta semana.

Na quarta-feira (2) prevê-se precipitação para todo o país. Inicialmente será mais intermitente e dispersa, surgindo apenas a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela. Mas, mais tarde, uma nova frente que entrará pelo Sul, a partir do Algarve, varrerá o território de sul para norte, deixando precipitação novamente nas regiões centrais e setentrionais da geografia do Continente.

Na quinta-feira, 3 de abril, haverá aguaceiros pós-frontais, que serão fracos e dispersos durante grande parte do dia. Porém, a partir do final da tarde desse dia é esperado que uma nova frente atlântica, que será potencialmente a mais ativa da semana, percorra o país de sul para norte, deixando também (e especialmente) muita chuva durante a jornada de sexta-feira, 4 de abril.

No Continente a precipitação desta semana vai tornar-se gradualmente mais abundante e persistente, com sucessivas frentes e aguaceiros pós-frontais a regarem o país, geralmente de sul para norte. O vento forte do quadrante Sul reforçará este ‘quadro’ de instabilidade, humidade e precipitação generalizada.

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Na Madeira haverá períodos de precipitação localmente fortes durante boa parte da semana, esperando-se que o dia mais crítico seja quinta-feira, 3 de abril. Para este dia, para a “Pérola do Atlântico” também se prevê vento forte, com potencial de rajadas iguais ou ligeiramente superiores a 100 km/h no período da madrugada e manhã desse dia, em particular na extremidade ocidental da Ilha e nas Regiões Montanhosas.

Nos Açores as condições meteorológicas mais adversas desenrolar-se-ão entre terça (1) e quinta-feira (3), embora com potencial de se arrastarem para os dias seguintes. Um dos momentos mais críticos será na quarta-feira (2) à noite, com rajadas de até 90/100 km/h previstas para os Grupos Central e Oriental.

A altura máxima da ondulação nos Açores poderá atingir os 9 metros na próxima quarta-feira, 2 de abril.

Entre as últimas horas de quinta (3) e durante grande parte do dia de sexta (4) prevê-se o período mais crítico da influência do referido sistema depressionário. Isto porque o centro da tempestade estará mais próximo da nossa geografia, localizando-se ao largo da costa de Portugal continental. Esta situação resultará na chegada de duas frentes que despejaram chuva de lés a lés da nossa geografia, não sendo de excluir a potencial ocorrência de trovoada. Não se descarta a possibilidade de que a tempestade possa vir a ser nomeada Nuria.

De acordo com os mapas de referência da Meteored, as regiões onde potencialmente se registará mais precipitação acumulada até à madrugada de sábado, 5 de abril, são os distritos de Viana do Castelo, Braga, Aveiro, Viseu, Guarda, Castelo Branco e Faro. Em vastas zonas dos referidos distritos, o total de chuva acumulada dos próximos dias poderá rondar os 50 a 60 mm.

Este mapa representa um potencial efeito Fujiwhara. É para a próxima sexta-feira, 4 de abril, que se prevê um dos períodos mais críticos de chuva em Portugal continental esta semana, especialmente durante a madrugada e manhã.

Além da chuva, que será abundante nalgumas regiões e pontualmente intensa, são expectáveis períodos de vento forte, com rajadas intensas de 50 a 70 km/h, especialmente na sexta (4) e em particular nas zonas situadas a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela.

É esperada ainda uma forte agitação marítima na faixa costeira ocidental (e parcialmente na costa meridional) portuguesa, sobretudo a sul do Cabo da Roca, embora com uma ondulação menos agreste do que nos temporais de março. Nos Açores é que se prevê que o temporal marítimo seja mais forte. As ondas poderão atingir uma altura máxima de 8 a 9 metros na quarta-feira (2).

Para o fim de semana de 5 e 6 de abril há perspetiva de uma continuidade da precipitação em regime de aguaceiros, em alternância com períodos de céu nublado e abertas, mas a incerteza é enorme e ainda não é possível avançar com detalhes.

Altos e baixos da temperatura, sim, mas não se prevê muito frio

Hoje foi um dia quente em Portugal continental. Porém, as temperaturas vão estar sujeitas a subidas e descidas ao longo da semana, sendo que para esta terça-feira (1) se prevê a descida mais acentuada das temperaturas máximas. No entanto, na reta final da semana, em algumas cidades e capitais de distrito, os termómetros voltarão a ultrapassar o patamar dos 20 ºC.

A semana será marcada por oscilações térmicas em Portugal continental.

Tendo em conta a procedência das massas de ar, de um modo geral não se vislumbra uma semana fria em Portugal. O mês de abril arrancará chuvoso e instável, fazendo jus ao provérbio “Abril, águas mil”, e evidenciará uma grande variabilidade de estados do tempo, algo que é muito típico da primavera.