Alfredo Graça avisa sobre a segunda quinzena de outubro: “os mapas são impressionantes em várias zonas de Portugal”
Após uma primeira quinzena de outubro marcada pela passagem de depressões atlânticas muito cavadas, o modelo de referência da Meteored acaba de atualizar as suas previsões para a segunda metade do mês, com a perspetiva de surpresas para vários distritos em Portugal.
Nos últimos dias a meteorologia tem sido notícia em Portugal devido à passagem da tempestade Kirk e do temporal de chuva forte e abundante provocado pela tempestade Berenice este fim de semana, especialmente nas regiões a sul do sistema montanhoso Montejunto-Estrela, e em particular no Baixo Alentejo e Algarve.
De momento, as previsões do nosso organismo de referência - ECMWF - são bastante otimistas no que diz respeito à precipitação para o que resta do mês de outubro. Como explicámos recentemente na Meteored, depois de Berenice o tempo poderá manter-se instável e chuvoso em Portugal. Vislumbra-se uma depressão isolada em altitude a interagir com um vale depressionário e com os remanescentes de Leslie no início da próxima semana.
Modelo de confiança da Meteored prevê tempo instável e chuvoso nesta unidade territorial portuguesa
A partir deste domingo (13) tudo indica que as depressões atlânticas cavadas irão voltar a circular pelo Norte da Europa. No entanto, a corrente de jato polar apresentará ondulações mais acentuadas, dando origem ao descolamento de vales depressionários ou depressões isoladas em altitude, bem como à subida em latitude de cristas subtropicais. Geralmente, isto resulta nas condições meteorológicas variáveis típicas do outono.
Por causa do acima descrito, as últimas atualizações do nosso modelo de referência correspondem ao que se prevê que seja um período particularmente instável - a semana de 14 a 21 de outubro em Portugal continental. Além disso, um novo vale depressionário ou depressão isolada em altitude poderá desenvolver-se nas imediações do nosso país, o que resultaria em períodos de chuva e aguaceiros em quase toda a nossa geografia.
Para a próxima semana, de norte a sul da unidade territorial do Continente, prevê-se precipitação superior à média climatológica de referência, com uma anomalia positiva significativa, isto é, entre 10 e 30 mm de chuva acima dos valores médios.
Porém, noutras zonas do país, como uma pequena parte do distrito de Lisboa e uma pequena parte do Barlavento Algarvio (a extremidade mais ocidental da metade ocidental do distrito de Faro) as anomalias de precipitação serão mais suaves (até 10 mm acima da média).
Na Região Autónoma dos Açores o tempo mais seco do que o normal será regra (não quer dizer que não irá chover, apenas significa que choverá menos do que aquilo que seria de esperar). Assim, nas ilhas açorianas a anomalia de precipitação prevista é negativa (10 a 30 mm abaixo do normal nos Grupos Oriental e Central e até -10 mm em relação à média no Grupo Ocidental).
Na Região Autónoma da Madeira não se detetam anomalias significativas (nem positivas, nem negativas) pelo que a precipitação deverá enquadrar-se dentro do que é habitual para esta época do ano.
Para a semana de 21 a 28 de outubro, as últimas previsões indicam que a precipitação poderá ser muito inferior aos valores habituais nas regiões a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela (grosso modo quase todo o Norte e Centro de Portugal continental). No resto do Continente estão previstas anomalias negativas de precipitação ligeiramente mais suaves (principalmente no litoral). No interior e grande parte do Algarve os valores de pluviosidade poderiam estar dentro do normal para a época.
Nos Açores a anomalia de precipitação manter-se-ia negativa na ilha de São Miguel (Grupo Oriental), mas nas restantes ilhas açorianas e na Madeira não se vislumbram anomalias significativas, o que poderá provavelmente corresponder a valores dentro do que é normal para a estação.
Será que vai cair chuva abundante no Alentejo e no Algarve?
Observando esta possível distribuição das anomalias de chuva, tudo aponta para a probabilidade de que na segunda metade de outubro se verifique um desenvolvimento de núcleos ou bolsas de ar frio numa posição favorável para Alentejo e Algarve, que desse modo, daria continuidade à chuva abundante provocada pela tempestade Berenice nestes últimos dias nestas regiões meridionais portuguesas. Porém, é muito precoce saber se haverá chuva abundante ou inclusive de carácter torrencial.
Aqui na Meteored já salientámos vezes sem conta que estas situações são muito complexas de prever a longo prazo, dado que nos referimos a bolsas de ar frio, de natureza caótica e com uma trajetória muito errática. Mas a tendência está lá e, se se concretizar, seria uma notícia fantástica para as regiões onde a água faz falta cronicamente.
Estão previstas anomalias significativas de temperatura nestas 2 regiões portuguesas
No que concerne à temperatura, as anomalias quentes poderão ser significativas de 14 a 21 de outubro, prevendo-se entre 1 e 3 ºC acima da média para o período no arquipélago dos Açores e nalguns locais do Nordeste Transmontano e do distrito de Vila Real.
Na Madeira, nas regiões a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela e no distrito de Castelo Branco, as temperaturas poderão ser até 1 ºC superiores à média. As exceções situar-se-iam nas regiões a sul de Montejunto-Estrela, especialmente nos distritos de Évora, Beja e Faro, onde se detetam anomalias negativas (até 1 ºC inferior ao normal).
Para a semana seguinte (21-28 de outubro), as anomalias de calor poderão concentrar-se novamente na metade setentrional da Região Norte (o chamado extremo norte), com previsão de temperaturas entre 1 e 3 ºC acima dos valores médios.
Nos Açores, na Madeira e no resto do território do Continente as anomalias térmicas positivas seriam algo mais suaves (até 1 ºC acima da média), exceto na parte sul do distrito de Setúbal, correspondente ao Alentejo Litoral, e aos distritos de Beja e Faro (sem anomalias detetadas).
Nos últimos dias do mês (28-31 de outubro) a situação térmica deverá normalizar-se, exceto nos arquipélagos e no Minho, onde o tempo poderá manter-se ligeiramente mais quente do que o costume.