A tempestade passará rapidamente em Portugal, mas há outras à espreita

Ainda agora entramos na primavera climatológica e já a tão necessitada chuva cai em Portugal continental. A tempestade irá passar rápido no nosso país, mas é possível que em breve outras lhe sucedam. O que vai acontecer nestes primeiros dias de março? Confira a previsão!

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Os primeiros dias de março serão instáveis em Portugal continental. Será algo pontual ou o início da mudança de tendência?

Após a chegada da pequena superfície frontal atlântica que já está a descarregar chuva em boa parte do país nesta terça-feira de Carnaval, a instabilidade vai adquirir contornos mais expressivos ao longo dos próximos dias. O tempo húmido e chuvoso dará tréguas em quase toda a jornada de quarta-feira, exceto no Minho, Douro Litoral e pontos de Trás os Montes onde, ao fim da tarde de amanhã (dia 2), a precipitação irá reativar-se.

Mas, a mesma área de baixas pressões que afetará o Norte no fim da tarde e noite de quarta-feira, irá intensificar-se na quinta-feira. Além da subida do anticiclone, o jato polar cada vez mais serpenteante vai soltar uma das suas ondulações que irá “abraçar” a Península Ibérica. No seu meio virá uma tempestade que atingirá Portugal continental em cheio na quinta-feira (3). Transportará consigo ar polar que provocará descida significativa das temperaturas, especialmente a norte do Tejo. O vento forte de Noroeste agravará a sensação térmica de frio. As mínimas ficarão próximas aos 0 ºC em cidades como Viseu, Vila Real, Guarda e Bragança.

Além da chuva, por vezes forte – sobretudo de madrugada – graças ao frio presente em altitude e à conjugação deste com a precipitação, espera-se queda de neve nos pontos mais elevados dos sistemas montanhosos do extremo norte e da Cordilheira Central (Serra da Estrela).

A próxima quinta-feira, dia 3, trará o primeiro sinal de mudança radical do tempo que há muito que era esperada, ao ser uma jornada preenchida por um temporal “invernal” em datas primaveris. Infelizmente, esta tempestade súbita, passará muito rápido pelo nosso país, não chovendo nem em duração nem na quantidade necessária para repor os “sôfregos” níveis hídricos dos solos. Mas a questão que se coloca agora é: será esta água suficiente para reverter o cenário de seca?

Esta tempestade súbita passará muito rápido por Portugal continental. No contexto de seca atual, é inédita por integrar o primeiro episódio instável e meteorologicamente significativo em 2022. Parece que será a primeira de uma sequência de frentes que regará o nosso país nestes primeiros dias de março.

O primeiro pensamento que nos vem à cabeça é, naturalmente, que não, estas acumulações pluviométricas, apesar de serem como “ouro” para os campos e barragens e uma autêntica benesse após semanas de inverno extremamente secas, não são suficientes para reverter o cenário que assola Portugal continental. No entanto, as quantidades previstas, que provavelmente se concretizarão, especialmente a norte do Tejo, serão “generosas” e numa altura de extrema carência não merecem ser desprezadas.

Noutros anos, seria apenas mais um episódio de chuva, mas no contexto de seca atual, esta tempestade é inédita por fazer parte do primeiro episódio instável e meteorologicamente significativo em 2022. Segundo os modelos de previsão do ECMWF a médio prazo, será isto uma mudança de tendência ou algo pontual?

Um “comboio” de frentes poderá regar o país nos primeiros dias de março

Ao entrarmos na primavera tornam-se mais prováveis as alterações na dinâmica atmosférica, responsáveis por mudanças muito significativas no estado do tempo num período de dias relativamente curto. A radiação solar aumenta a um ritmo maior diariamente e o equilíbrio térmico entre as latitudes médias e altas existente durante o inverno, quebra-se. A partir daí, começam a reunir-se os ingredientes para o aparecimento de frentes e tempestades atlânticas, bem como de gotas frias.

A primavera é a estação do ano irregular por excelência e, por isso, era uma questão de tempo até que a chuva regressasse a Portugal continental. Agora sim, num espaço de poucos dias, começaremos a sentir os efeitos desta estação climatologicamente muito variável. Após uma quinta-feira que se adivinha chuvosa, ventosa, fria e com queda de neve nalguns pontos do país, sexta-feira será um dia de tréguas.

Embora ainda exista alguma incerteza, parece cada vez mais provável que no sábado, dia 5, uma outra frente com origem no Atlântico Norte, mas algo débil, invadirá a nossa geografia carregada de ar polar marítimo, causando descida das temperaturas (para valores negativos nalgumas localidades do interior) e aguaceiros. A neve vai voltar a cair, e desta vez com um pouco mais de “fartura” em vários pontos montanhosos, numa trajetória noroeste-sudeste.

Depois deste pequeno episódio de instabilidade previsto para sábado, a atmosfera voltará a dar tréguas… até dia 8, próxima terça-feira. Prevê-se a possibilidade da chegada de outra frente ou depressão (ainda é precoce dizer sob que forma aparecerá). Contudo, caso se concretize, será o terceiro “episódio” de uma sequência de frentes que começa a fazer de março um dos meses primaveris que poderá “salvar” a terrível situação de seca em que o país está envolvido.