A tempestade Éowyn poderá ser “a pior dos últimos anos” nas Ilhas Britânicas. Eis como se espera que afete Portugal
A tempestade Éowyn, em processo de ciclogénese explosiva, trará ventos de força ciclónica e chuvas torrenciais às Ilhas Britânicas. Em Portugal, os efeitos serão indiretos, mas significativos, com precipitação abundante, ventos intensos e agitação marítima na sexta-feira e sábado.
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A sexta-feira, dia 26 de janeiro, e o sábado, dia 27, estarão sob o impacte direto de condições meteorológicas severas provocadas pela tempestade Éowyn. Esta tempestade, que já é considerada uma das mais fortes dos últimos 100 anos nas Ilhas Britânicas, está em processo de ciclogénese explosiva, uma rápida intensificação de sistemas de baixa pressão causada por interações dinâmicas entre massas de ar muito frias e muito quentes, associadas ao jato polar.
De facto, uma situação de ciclogénese explosiva caracteriza-se por um decréscimo muito acentuado da pressão atmosférica no centro de uma depressão num curto intervalo de tempo.
Este fenómeno está a criar uma depressão de características raras, com uma pressão mínima que poderá descer abaixo de 940 hPa, e ventos sustentados muito intensos.
Impactes previstos nas Ilhas Britânicas da tempestade Éowyn
Nas Ilhas Britânicas, a tempestade Éowyn terá o seu pico na sexta-feira. A Irlanda, em particular, estará na “linha de fogo”, com rajadas de vento que poderão ultrapassar os 200 km/h na Costa Oeste, acompanhadas de chuvas torrenciais e ondas superiores a 10 metros. A Irlanda do Norte e a Escócia enfrentarão condições extremamente adversas, com rajadas que podem atingir os 180 km/h em áreas expostas e chuvas intensas.
A combinação de ventos ciclónicos, chuvas intensas e maré de tempestade coloca em alerta, pois poderão afetar as infraestruturas costeiras e sistemas de transportes as áreas costeiras, além de representar uma ameaça à segurança das populações. As autoridades locais já emitiram avisos vermelhos em várias regiões, alertando para possíveis interrupções de energia, quedas de árvores e inundações costeiras graves.
Embora Portugal Continental não seja diretamente atingido pela tempestade Éowyn, os seus efeitos indiretos serão sentidos, especialmente a partir da tarde de sexta-feira. O sistema frontal associado à tempestade avançará pelo território, trazendo precipitação moderada a forte, ventos intensos e agitação marítima.
Nos Açores, as condições começarão a deteriorar-se na quinta-feira, com rajadas de vento até 90 km/h e ondas entre 7 e 10 metros. A precipitação será frequente, mas dentro do esperado para esta época do ano. No arquipélago da Madeira, os efeitos serão mais brandos, com vento moderado e agitação marítima limitada.
Em Portugal Continental, a frente fria chegará ao Minho e Douro Litoral durante a tarde de sexta-feira, estendendo-se progressivamente para o resto do país até sábado. A precipitação será mais intensa no Norte e Centro, especialmente nas regiões montanhosas, onde se espera que a precipitação acumulada alcance mais de 50 mm no Minho no final do dia de sábado. O vento, embora não atinja a magnitude prevista para as Ilhas Britânicas, poderá gerar rajadas até 100 km/h nas terras altas e zonas costeiras do Norte.
A agitação marítima será significativa, com as ondas de 6 a 8 metros ao longo da Costa Ocidental, especialmente a norte do Cabo Raso. Este cenário poderá causar dificuldades na navegação e possíveis danos em estruturas costeiras, pelo que se recomenda cautela em atividades junto ao mar.
Dois rios atmosféricos poderão afetar o território nacional até segunda-feira
Entre sexta-feira e segunda-feira, dois rios atmosféricos associados às depressões Éowyn e à que poderá vir a ser nomeada de Floris deverão atingir Portugal continental, trazendo precipitação abundante e persistente. O primeiro rio atmosférico impactará o território entre sexta-feira e sábado, com acumulados significativos de precipitação, especialmente no Minho e nas Terras de Barroso. O segundo, previsto para domingo e segunda-feira, poderá ser ainda mais intenso, deixando acumulados entre 100 e 250 mm em algumas regiões do Norte e Centro.
No sábado, o sistema frontal afetará ainda o território nacional. A precipitação persistirá no Norte e Centro durante a manhã, mas deverá diminuir gradualmente ao longo do dia. No Sul, os efeitos serão mais limitados, com períodos de chuva fraca a moderada. O vento manter-se-á moderado a forte, com rajadas mais intensas nas regiões montanhosas e litoral norte.
O vento de sudoeste, associado aos rios atmosféricos, será moderado, intensificando-se entre domingo e segunda-feira, com rajadas que poderão atingir os 100 km/h nas regiões do Minho, Nordeste Transmontano e Serra da Estrela. A agitação marítima será significativa, com ondas entre 8 e 12 metros na Costa Ocidental a norte do Cabo Carvoeiro.
Há ainda a possibilidade de queda de neve acima dos 1200/1400 metros de altitude nas serras do Norte e Centro, durante a manhã de sábado. As temperaturas permanecerão amenas para esta época do ano, devido ao fluxo de ar subtropical.