A 'onda de calor' é oficial em Espanha: chegará a Portugal? Estas serão as regiões mais afetadas do nosso país
O calor vai intensificar-se a partir de amanhã, quarta-feira, na Península Ibérica. Espanha já está sob aviso de onda de calor. Irá Portugal passar pelo mesmo? Eis a previsão do tempo para os próximos dias.
A anunciada subida das temperaturas, que ocorrerá a partir de amanhã, será acompanhada de uma intrusão de poeiras do Saara que afetará principalmente o Alentejo e o Algarve. Embora o calor se estenda a uma parte significativa do país, a presença deste litometeoro (poeiras) evitará que o calor, apesar da intensidade prevista, seja intenso. No entanto, serão atingidas temperaturas bastante elevadas nalgumas regiões.
Esta situação meteorológica será originada por uma crista de ar muito quente proveniente do Norte de África que se espalhará por algumas zonas de Portugal continental, provocando a já referida intensificação do calor nalgumas regiões, para além do céu turvo provocado pela intrusão de poeiras saarianas que também se verificará.
Espanha sob aviso de onda de calor. Irá Portugal escapar-lhe? Eis as zonas do nosso país mais afetadas
Para amanhã - quarta-feira, 17 - prevê-se uma subida das temperaturas em grande parte da geografia do Continente, exceto no Algarve (Faro) onde até descerão ligeiramente. No interior Norte e Centro (Vila Real, Bragança, Viseu e Guarda), na Beira Baixa (Castelo Branco) e no Alentejo (Portalegre, Évora, Beja) o aumento térmico será mais notável, prevendo-se máximas entre 30 e 35 ºC, ao passo que noutras zonas do país essa subida registada pelos termómetros será mais ligeira.
Uma onda de calor ocorre quando, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial, durante pelo menos seis dias consecutivos, as temperaturas máximas diárias registadas são superiores em 5 ºC ao valor médio diário do período de referência. Ora, tal não se verifica neste caso, pois somente quinta (18) e sexta-feira (19) se perspetivam como dias quentes em Portugal continental, e apenas nalgumas regiões.
Tendo em conta o acima referido, várias regiões do nosso país estarão perante um episódio de calor de verão, mas sem temperaturas extremas ou excessivas. Não obstante, mesmo com o calor típico da estação estival é necessário tomar as devidas medidas de precaução, especialmente nas zonas em que as máximas são iguais ou superiores a 35 ºC.
Na quinta-feira, dia 18, espera-se uma subida das temperaturas em todo o território do Continente. Preveem-se temperaturas máximas iguais ou superiores a 30 ºC em todas as capitais de distrito, exceto no Litoral Norte e Centro (Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro). Nestas cidades mais próximas ao mar o tempo manter-se-á bastante ameno (21-23 ºC).
Já nas cidades de Castelo Branco, Portalegre, Évora e Beja as temperaturas máximas previstas rondarão 36-37 ºC, sendo que localmente algumas zonas poderão registar até 39 ºC, nomeadamente no vale do Guadiana e em zonas fronteiriças do distrito de Évora.
Sexta-feira (19) será um dia bastante quente e provavelmente a jornada mais quente da primeira semana da canícula, pelo menos no que diz respeito à área geográfica abrangida. As poeiras saarianas em suspensão diminuirão a sua concentração, o que permitirá um aumento da temperatura do ar, dado que desta vez estes litometeoros não travarão a escalada das temperaturas.
Neste dia, o calor intensificar-se-á mais um pouco em praticamente todo o país e serão registadas temperaturas máximas a rondar os 40-41 ºC em boa parte do interior alentejano, destacando-se claramente o Baixo Alentejo, mas também algumas zonas do Alentejo Central e até mesmo mais a sul, já no Sotavento Algarvio. Espera-se uma noite tropical em partes do Alto Alentejo e Algarve.
Fim de semana canicular, mas sem calor extremo
O fim de semana de 20 e 21 de julho continuará a ser dominado pelo tempo seco, soalheiro e quente, com exceção do litoral Norte e Centro - em particular no sábado (20) - em que o céu estará encoberto ou parcialmente nublado. O calor diminuirá um pouco de intensidade com a previsível descida das temperaturas máximas, mas a grande estabilidade meteorológica associada ao anticiclone manter-se-á bastante firme.
No sábado, dia 20, prevê-se uma descida das temperaturas em quase todo o país, nalguns locais - como o Baixo Alentejo - acentuada. Só irão subir no extremo sul do Continente (Algarve). As máximas mais elevadas previstas para este dia ocorrerão no Sotavento Algarvio, atingindo 34 ºC na cidade de Faro, 35 ºC em Loulé e São Brás de Alportel, 36 ºC em Alcoutim e 37 ºC em Estoi e Odeleite.
Para domingo (21) não se preveem grandes oscilações térmicas de um modo geral, pelo as temperaturas máximas deverão manter os mesmos valores do dia anterior na maioria das regiões, podendo descer ligeiramente nalgumas zonas do Centro. A Beira Baixa e o Algarve serão novamente das zonas mais quentes do país, com máximas a roçar os 34-35 ºC nesse dia.
Afinal, haverá onda de calor em Portugal ou não?
Tendo tudo isto em conta pode-se facilmente concluir que Portugal continental escapará à onda de calor que afetará uma grande parte do território de Espanha - o nosso único país vizinho.
Alguns dos fatores que podem explicar isto são: a forte influência da nortada - vento atlântico de Nor-Noroeste - que é mais comum e intenso no nosso país durante as tardes de verão e que, resultante da diferença de temperatura entre as superfícies do mar e da terra e da influência do anticiclone dos Açores, ameniza substancialmente o calor nas regiões do litoral; a latitude - as regiões portuguesas mais meridionais, situadas no interior e mais próximas ao Norte de África são sempre das mais quentes devido à influência das massas de ar tropicais continentais, quentes e secas.
Por fim, o efeito da proximidade ao mar em que o mesmo atua como um elemento termorregulador, não permitindo que as temperaturas sejam demasiado excessivas no verão nem demasiado reduzidas no inverno no litoral, por oposição à continentalidade, responsável pelo aumento da amplitude térmica anual com reflexo no aumento da temperatura média mensal nos meses de verão das regiões situadas exclusivamente no interior e sem acesso ao mar.