Eis o frio: que cuidados a ter?
O clima caracteriza-se por uma sucessão de estados de tempo, e desempenha um papel determinante na vida dos seres vivos, sendo que a ocorrência de mudanças bruscas e acentuadas no sistema climático produzem efeitos de desconforto assim como, impactuam negativamente na agricultura.
As temperaturas amenas sempre granjearam muita aceitação por toda uma panóplia de vantagens que propiciam, nomeadamente o convite de lazer ao ar livre. Contudo, visando o equilíbrio, o estado de tempo caracteriza-se por oscilações nas variáveis que constituem o sistema meteorológico, e nesse sentido, após uns aprazíveis dias de verão como os vivenciados na última semana, estamos já a sentir um ligeiro arrefecimento, e devemo-nos preparar, pois as temperaturas vão continuar a descer consideravelmente!
Ao que as previsões meteorológicas vão projectando, aproxima-se uma onda de frio, um fenómeno meteorológico que, num clima mediterrânico como o que caracteriza o de Portugal Continental, pode ocorrer esporádica e sazonalmente, e representa um considerável risco para a saúde. Isto porque, a exposição prolongada a períodos de frio intenso causam um vasto conjunto de impactes negativos.
Mesmo não sendo simples correlacionar directamente as causas de óbitos com as ondas de frio, por habitualmente se atribuírem a outros motivos como gripes e doenças crónicas, é clarividente que nos períodos de frio extremo, se regista um aumento significativo das taxas de internamento hospitalar, de morbilidade e de mortalidade. Sendo que, a maior sensibilidade e necessidade de capacidade de adaptação às anomalias térmicas, atinge particularmente grupos mais vulneráveis como os maiores de 65 anos de idade, as crianças, os doentes crónicos, os mais pobres e os sem-abrigo.
Que fenómeno é este?
Cientificamente, as ondas de frio correspondem a um período de tempo de pelo menos seis dias consecutivos, em que a temperatura mínima diária é inferior cinco graus, ao valor médio das temperaturas mínimas do período de referência.
A intensidade, a duração e a extensão espacial deste fenómeno meteorológico, caracterizado por períodos prolongados de temperaturas diurnas e noturnas excepcionalmente baixas, é determinado em função das particularidades dos fatores fisiográficos (regionais e locais), como o relevo, o grau de “continentalidade”, assim como o uso do solo, os quais, de modo diferenciado, atenuam ou intensificam as condições meteorológicas vigentes.
E porque ocorre?
Este paroxismo climático tem maior probabilidade de ocorrência nos meses de Inverno, estando (normalmente) associado a circulações anticiclónicas de Norte e Este, resultantes de massas de ar muito frio e seco, de origem continental, provenientes do Norte da Europa (ou Norte da Ásia, sendo estas as “ondas de frio siberianas”), ou de massas de ar frio e húmido, de origem ártica ou polar.
Ora, perante estas condições, o que acontece é haver uma redução significativa, e por vezes repentina, nas temperaturas mínimas diárias (podendo por vezes atingir valores negativos), propiciando a formação de geada e/ou a queda de neve nas terras altas (ou eventualmente, mas com reduzida probabilidade, a queda de neve em locais de baixa altitude e próximos do litoral). Exponencia o efeito negativo do seu impacte, o facto de, por vezes, os fenómenos das ondas de frio se fazerem acompanhar de ventos moderados ou fortes, o que acentua significativamente a sensação de arrefecimento.
Assim, a gestão dos riscos associados a este fenómeno térmico extremo, apesar da competência das autoridades locais da protecção civil, deve ser encarada também como uma missão individual no sentido de nos prepararmos (com atenção especial aos momentos informativos, assim como, privilegiar a companhia de um agasalho), para melhor lidar com os efeitos da chegada do primeiro período de tempo frio “a sério” desta época Outonal!