Os desastres naturais em Portugal
Através da análise de elementos extraídos da base de dados do CRED sobre desastres naturais, obtivemos informação sobre os tipos de desastres naturais mais frequentes em Portugal e os seus impactos, bem como sobre a evolução do número de ocorrências nos últimos anos.
O número de desastres naturais, no mundo, aumentou fortemente até ao início do século XXI, como é possível ver no gráfico obtido na consulta à base de dados pública do CRED (Centro de Pesquisa sobre a Epidemiologia dos Desastres), dedicada aos desastres naturais e seus impactos.
E em Portugal? Será que os desastres naturais e os seus impactos têm uma evolução semelhante à que se observa no mundo? Para termos uma visão comparada, fomos também consultar na mesma base de dados a informação nela contida sobre Portugal.
Análise da informação extraída da base de dados do CRED sobre Portugal
Quando solicitamos o perfil de Portugal, na base de dados, em relação aos desastres naturais, obtemos os dez maiores desastres ocorridos desde que nela há registo no território nacional em número de mortes, bem como um resumo, com o número e os impactos por tipo de desastres.
No entanto, para obter toda a informação sobre Portugal, será necessário nova pesquisa para o arquipélago dos Açores uma vez que esta informação se encontra à parte. Em seguida, os dez desastres com maior impacto em número de mortes em Portugal, registados na base de dados do CRED, Universidade de Louvain, Bruxelas, Bélgica.
Número do Desastre | Tipo | Data | Mortes Ocorridas |
---|---|---|---|
2003-0391 | Onda de calor | 08-2003 | 2696 |
1967-0073 | Cheia | 26-11-1967 | 462 |
2005-0820 | Onda de calor | 06-2005 | 462 |
1980-0001 | Sismo | 01-01-1980 | 69 |
2017-0176 | Incêndio florestal | 17-06-2017 | 64 |
2017-0417 | Incêndio florestal | 15-10-2017 | 45 |
2010-0068 | Cheia | 20-02-2010 | 43 |
2006-0383 | Onda de calor | 07-2006 | 41 |
1981-0114 | Cheia | 29-12-1981 | 30 |
1997-0271 | Tempestade | 30-10-1997 | 29 |
Na tabela 1, composta com informação obtida nas duas pesquisas, podemos observar, que os desastres com maior impacto em número de mortes, são de origem meteorológica, hidrológica, climatológica e geofísica. A onda de calor de 2003 foi de longe o fenómeno que provocou maior número de mortos em Portugalm desde que há registo na base de dados do CRED.
Especificamente para a região dos Açores, os desastres com maior número de mortes são os que têm origem em fenómenos geofísicos, nomeadamente o que ocorreu com o sismo de 1 de Janeiro de 1980.
Da tabela 2 salienta-se o impacto a nível de prejuízos dos incêndios florestais, das secas e das cheias. Observa-se ainda que as cheias, os incêndios florestais e as tempestades são os fenómenos mais frequentes a provocar desastres naturais em Portugal se excetuarmos o Arquipélago dos Açores. Em seguida, resumo de desastres registados, para Portugal, na base de dados do CRED, Universidade de Louvain, Bruxelas, Bélgica.
Fenómeno | Número de ocorrências | Número de mortes | Prejuízos em mil $USD |
---|---|---|---|
Sismo | 3 | 79 | 72.000 |
Deslizamentos | 1 | 29 | 16.300 |
Seca | 3 | 0 | 1.443.136 |
Ondas de frio | 2 | 0 | - |
Ondas de Calor | >3 | 3199 | - |
Cheias | 14 | >597 | 1.373.100 |
Tempestades | 12 | 76 | 361.000 |
Incêndios florestais | 13 | 206 | 3.761.000 |
Para este Arquipélago quer a nível de prejuízos, quer a nível de frequência de ocorrência não se notam grandes diferenças entre os de origem geofísica e os de origem meteorológica.
De salientar, o impacto que o critério de classificação dos desastres nesta base de dados poderá ter no número de desastres ocorridos, pois para ser considerado desastre é necessário, que um incidente satisfaça pelo menos uma das seguintes condições: pelo menos dez mortos, pelo menos cem pessoas afetadas, a declaração de um estado de emergência ou um pedido de assistência internacional. Estas condições em países como Portugal, fazem diminuir muito o número de incidentes registados como desastres.
A evolução do número de desastres em Portugal
Se observarmos a ultima figura, podemos verificar, que é bastante diferente da figura inicial, que representava a evolução do número de desastres no mundo.
Na realidade, não podemos observar em Portugal, um aumento tão significativo no número de desastres, como o verificado até ao final do século XX no mundo, mas pode-se assinalar um aumento da frequência, que continuou mesmo durante o século XXI.