Mudanças climáticas e seus impactos
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) divulgou recentemente um relatório científico de enorme referência e que analisa as perspectivas de limitar o aquecimento global a 1,5 °C em relação ao Período pré-Industrial.
Este Relatório, aprovado por 195 governos, apresenta estudos científicos sobre os impactos do aquecimento da atmosfera no globo e reforça a necessidade de uma ação climática urgente.
Mudanças climáticas
No final dos anos 1970 a indústria do petróleo investigava já como a queima de combustíveis fósseis afetava a atmosfera. Entretanto os cientistas descobriram que os gases de efeito estufa emitidos pelo homem fornecem aquecimento adicional à atmosfera. Nos últimos anos o conhecimento sobre a mudança climática tem vindo a aumentar e passou-se dos relatórios secretos a relatórios públicos que chegam à população e ao mais alto nível político. Desde 1988, o IPCC tem resumido as descobertas dos cientistas sobre as mudanças climáticas globais e apresenta-as regularmente aos decisores políticos.
Cerca de 97% dos cientistas concordam que as mudanças climáticas, o aquecimento global, são em grande parte causadas pela atividade humana, particularmente através da emissão de gases com efeito de estufa para a atmosfera. Até hoje, a Terra aqueceu 1°C comparado com os tempos pré-industriais e isso já tem implicações irreversíveis.
De um modo geral as populações estão cada vez mais sensibilizadas para as alterações climáticas e actualmente parte dos políticos e governantes começam a aperceber-se que é necessário tomar medidas urgentes a fim de diminuir o impacto destas alterações do clima no futuro. O IPCC apresentou recentemente um Relatório aos governos mundiais destacando os efeitos do aquecimento global, mais precisamente, os efeitos do aquecimento global de 1,5 graus acima dos níveis pré-industriais até ao ano 2100.
Alterações na circulação geral da Atmosfera
Segundo o IPCC os cientistas presumem que existem vários pontos de inflexão no sistema terrestre mas não conseguem dizer exatamente quando esses pontos serão atingidos, o que é um enorme risco. Se um ponto de inflexão é ultrapassado, um processo de auto-reforço começa e anula os esforços do homem para reduzir o aquecimento da atmosfera.
Pelo menos um desses pontos de inflexão parece já ter sido atingido no Ártico, onde a temperatura do ar aquece duas vezes mais rápido que a média global. Presumivelmente a partir da década de 1930, o Ártico estaria livre de gelo no verão.
Assim a diferença de temperatura entre as latitudes médias e o Ártico, que é o “impulso” para o sistema de circulação geral de oeste, já é menor e isto tem como resultado o enfraquecimento da chamada corrente de jato com consequências na evolução dos sistemas climáticos.
Este verão na Europa e em grande parte do hemisfério norte esse comportamento da corrente de jato foi previsto por cientistas, meteorologistas e climatologistas, que previram a longo prazo a ocorrência de ondas de calor e de incêndios florestais, até mesmo na Escandinávia no Círculo Ártico. Registou-se uma seca intensa em muitas regiões da Europa.
Impactos climáticos
O Relatório deixa claro que um cenário de 1,5 °C é mais seguro que 2 °C em termos de impactos climáticos. Permitir que as temperaturas globais subam 2 °C acima dos níveis pré-industriais terá consequências ainda mais devastadoras, incluindo a perda de habitats naturais e de espécies, a diminuição de calotas polares e o aumento do nível do mar, com consequências na saúde, meios de subsistência, segurança humana e no crescimento económico.
Segundo os cientistas do IPCC sem cortes rápidos e profundos nas emissões de carbono, ocorrerão impactos mais severos nos ecossistemas, desde os recifes de corais ao gelo marinho do Ártico e a curto prazo haverá mais vida selvagem em risco.
Segundo alguns cientistas ligados às mudanças climáticas este Relatório reforça a necessidade de ação urgente, em todos os setores da economia e da sociedade e referem mesmo algumas dessas ações, tais como a implementação efetiva da agricultura de baixo carbono e formas mais eficientes e limpas de energia, como é o caso das energias renováveis.
Já existem inúmeros exemplos de boas práticas climáticas, que aliam menos emissão de carbono a avanços socioeconómicos, que precisam de ser promovidas e intensificadas. Por mais impressionantes que sejam os dados, o relatório mostra que um futuro com aquecimento global a não ultrapassar os 1,5 ºC acima dos níveis pré-industriais ainda é possível se se agir de imediato.