Medição do nível médio do mar: altimetria do oceano
De um navio, um avião ou da praia, os oceanos podem parecer planos e uniformes. Mas, na realidade, a água do oceano acumula-se em picos e vales. É mais alto em algumas margens do que noutras. Saiba mais aqui!
Os cientistas sabem que o nível médio do mar está a aumentar, mas mais nuns sítios do que noutros. É estimado que nos últimos 140 anos, o nível médio do mar tenha subido de 21 a 24 centímetros (total, em todo o globo).
Existem várias razões pelas quais a superfície do oceano é irregular:
- O atrito entre os ventos e a água faz com que as ondas se acumulem;
- A influência da Lua e do Sol resulta na variação das marés;
- O efeito de Coriolis e o fluxo das correntes acumulam água em grandes fluxos de água;
- A pressão atmosférica origina alterações na superfície da água;
- Os continentes, as ilhas e até as cordilheiras submarinas exercem uma força gravitacional que atrai a água ao seu redor.
Sabemos também que a água do mar de diferentes temperaturas e salinidades pode ser mais ou menos densa, contendo mais ou menos volume. Por exemplo, é sabido, há décadas, que o nível do mar é geralmente mais alto no Oceano Pacífico do que no Atlântico - cerca de 20 centímetros - porque as águas do Pacífico geralmente são mais quentes, contém menos salinidade e são menos densas.
É possível saber isto devido às medições. Durante quatro décadas, os cientistas usaram instrumentos baseados em satélite, conhecidos como altímetros de radar, para monitorizar a topografia da superfície oceânica - a forma e a altura dos picos e vales do oceano.
As medições, antes e agora
Muito antes de existirem satélites, os cientistas mediam a altura do mar com marégrafos montados em áreas costeiras e portos. Recolhidos, em alguns lugares, desde o início do século XIX, esses registos forneceram uma maneira de detetar mudanças no oceano.
No entanto, como as massas de terra e as ilhas estão distribuídas de maneira desigual pelo mundo e os marégrafos não existem em todos os países, a visão é limitada. Ainda assim, valorizam-se os registos de longo prazo, pelo que, as leituras de mais de 1500 marégrafos foram recolhidas e analisadas por grupos de pesquisa como o Serviço Permanente de Nível Médio do Mar (Permanent Service for Mean Sea Level). Estes dados ajudam a corroborar o que os satélites observam.
Desde 1992, quatro missões utilizaram instrumentos muito semelhantes aos marégrafos e repetiram a mesma órbita a cada dez dias:
- TOPEX / Poseidon (1992-2006);
- Jason-1 (2001-2013);
- Ocean Surface Topography Mission / Jason-2 (2008-2019);
- Jason-3 (2016 até ao presente).
As missões foram constituídas por várias parcerias entre a NASA, o Centre National d'Etudes Spatiales (CNES) de França, a Organização Europeia para a Exploração de Satélites Meteorológicos (EUMETSAT), a Agência Espacial Europeia e a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), dos EUA.
Conhecidas pela comunidade científica como as “missões de referência”, estes satélites de altimetria têm feito medições padronizadas das flutuações do nível do mar de perto e de longe. Fornecem um registo unificado da topografia do oceano e têm uma cobertura equivalente a meio milhão de marégrafos.
Dois outros satélites sucessores foram construídos para estender este registo de referência por, pelo menos, mais uma década; o primeiro deles, Sentinel-6 Michael Freilich, está programado para ser lançado já no final de 2020.