Alterações climáticas em Portugal
As mudanças climáticas tornaram-se uma preocupação das sociedades, à escala global, à medida que se foram obtendo ainda mais dados. A avaliação dos seus impactes ao longo das últimas décadas fazem-se já sentir atualmente no planeta Terra, nomeadamente em Portugal.
Como resultado do aumento dos dados de observação, as mudanças climáticas tornaram-se uma preocupação das sociedades à escala global, e os seus impactos fazem-se sentir já no planeta Terra, nomeadamente em Portugal.
A observação
O aumento de dados resultantes da observação da terra, não só in situ mas fundamentalmente resultante do desenvolvimento das técnicas de deteção remota através da utilização de satélites, veio suscitar as atenções gerais para uma tendência de aquecimento ainda moderado, mas acima do normalmente verificado na variabilidade inter anual.
As preocupações suscitadas pelos valores observados e pelas notícias contínuas da quebra sucessiva de valores máximos, levaram a comunidade cientifica a considerar o aquecimento global como um problema sério mas sobretudo a desenvolver estudos no sentido de identificar os impactes benéficos e adversos, advindos das mudanças climáticas.
O Clima Portugal Continental
Embora Portugal Continental seja um território com pequena extensão quer longitudinal quer latitudinal, com variações de altitude não muito significativas, somente a Serra da Estrela atinge cerca de 2000 metros e, onde as regiões mais afastadas dos oceanos se encontram a cerca de 220 Km, existem variações significativas nos elementos climáticos, nomeadamente na temperatura do ar e da precipitação.
Em termos de precipitação no Minho, uma das zonas com maior precipitação da Europa, em alguns locais a média da precipitação anual atinge valores superiores a 2500 mm, enquanto no interior do Alentejo em muitas estações não se observam precipitações anuais superiores a 500 mm.
No que diz respeito à temperatura, em termos de valores anuais de temperatura média do ar, observa-se uma variação significativa entre as terras altas do interior centro e o litoral sul em cerca de 11 graus ºC.
Principais alterações em Portugal Continental
Desde 1976 a temperatura média subiu a uma taxa de cerca de 0.36 graus centigrados por década, mais do dobro da taxa de aquecimento observada para a temperatura média mundial.
Em termos de precipitação é de notar que os anos mais secos estão a ocorrer no século XXI e que se tem em geral verificado uma diminuição da precipitação na primavera.
Se considerarmos o índice de seca PDSI (Palmer Drought Severity Index) podemos verificar que sofreu alterações significativas nas últimas décadas em particular no Sul de Portugal Continental com séries mensais que revelam que os episódios de seca foram mais frequentes e mais severos a partir de 1980.
Cenários climáticos para Portugal
Todos os modelos referentes aos diversos cenários de emissões preveêm um aumento significativo da temperatura média em todas as regiões de Portugal Continental embora maior no interior e acompanhado de um incremento na frequência e intensidade das ondas de calor.
Em termos de precipitação, embora a incerteza seja maior, prevê-se uma redução de precipitação no território Continental, que pode vir a atingir os 40% da precipitação anual, com as maiores perdas a verificarem-se na região sul.
Os impactos
As variações climáticas em Portugal têm vindo a afetar recursos hídricos e terrestres e são as principais responsáveis pelo aumento dos custos associados com os prejuízos provocados pelos fenómenos meteorológicos e climáticos extremos.
Não se tem verificado, por agora, um aumento de resiliência das sociedades, mas antes, um aumento das suas vulnerabilidades a estes fenómenos.
Neste contexto, no futuro, são de esperar impactos significativos nas atividades sócio-económicas, relacionados com todos os setores de atividade, se não forem tomadas as medidas de adaptação necessárias.
Um dos setores mais atingidos deverá ser o da agricultura
Já em 2006 A.P. Brandão e P.A. Pinto identificavam a agricultura como uma das atividades mais afetadas pelas alterações climáticas, especialmente nas regiões do sul da Europa com influência mediterrânica. Podendo inclusivé modificar a localização das principais zonas de produção do planeta, com a deslocalização de culturas com o intuito de se obterem níveis de produtividade mais rentáveis.