A maratona das correntes oceânicas!
A vida do planeta assenta numa força motriz que move, regenera e cria a cada instante. Mover é viver, e este é o mote da mecânica que caracteriza o manto azul que cobre o planeta Terra.
Falamos das correntes oceânicas! Essenciais ao equilíbrio e existência de vida no planeta. Conforme a sua fonte de energia, podem ser correntes induzidas pelo vento (quando a energia que as alimenta é proveniente das direcções e velocidades do vento, agindo à superfície do oceano), Termohalinas (devido ao efeito combinado da diferença entre o calor recebido e libertado na superfície oceânica, com as alterações na salinidade fruto do balanço evaporação vs precipitação) ou de maré (formadas pela atracção gravitacional da Lua).
Destaca-se então a corrente do Golfo, como parte da circulação Termohalina, em cujo percurso transporta uma gigantesca quantidade de calor e água salgada até à costa leste dos EUA, e posteriormente em direcção ao nordeste da Europa - um importante mecanismo que actua na redução das diferenças de temperatura entre o Equador e os Pólos, moderando o clima no planeta, principalmente na região do Atlântico norte.
Ora o que acontece é que, nas latitudes mais frias do hemisfério norte, o oceano liberta calor para a atmosfera, especialmente no inverno, quando a atmosfera é mais fria do que o oceano, sendo que este processo possibilita por exemplo, que durante o inverno a temperatura média das regiões do Atlântico Norte aumente cerca de 5⁰C. E, quando no Atlântico Norte, as águas libertam calor para a atmosfera, tornam-se mais frias e começam a afundar, migrando lentamente e a grande profundidade, para o Atlântico Sul, a caminho dos demais oceanos do planeta.
Referir igualmente o papel determinante do gelo marinho Antártico no equilíbrio do clima, uma vez que modula a interação e a passagem de energia entre os sistemas oceano e atmosfera. Ora, a variabilidade da cobertura de gelo, tem um impacte decisivo nos processos que envolvem a formação e modificação das massas de água, particularmente no Mar de Weddell, considerada uma das principais regiões que contribuem para a circulação Termohalina.
E, num cenário de aumento da precipitação no Hemisfério Norte?
Preocupante! Pois um fluxo anormalmente excessivo de água doce, impediria que as águas arrefecessem o suficiente para afundarem (a água salgada e fria é mais densa do que a água doce), e originaria um abrandamento e eventual paragem do sistema circulatório oceânico. Isto é, o que aconteceria seria que as actuais correntes enfraqueceriam ou mudariam de direcção, levando a uma reorganização do sistema de circulação oceânico, a uma reconfiguração dos padrões climáticos do planeta, e a uma eventual transição climática, (particularmente na região do Atlântico Norte) para um rigoroso inverno.
Porém, acredita-se que a completa interrupção da corrente Termohalina é pouco provável, embora caso aconteça, ainda que só parcialmente, levará a um clima mais frio na Europa, mas não a um novo período glacial, devido às grandes concentrações de CO2 na atmosfera!