A importância do Jacto Polar nos oceanos!
O clima diz respeito a um estado de equilíbrio que não é estacionário nem estável de um sistema de trocas de propriedades termodinâmicas entre diferentes compartimentos. E, qualquer variação no complexo sistema climático, resulta em fenómenos impactantes!
É inequívoca a interferência na variância interanual do clima do planeta, da dinâmica existente entre o oceano e a atmosfera, e como isso configura o campo de pressão atmosférico próximo à superfície terrestre, e, por inerência, nas temperaturas da superfície do mar.
Ora, analisando dados da monitorização realizada ao comportamento das massas de água do planeta, é notório o arrefecimento do Pacifico e o aquecimento do Atlântico, e esta mudança nas temperaturas dos oceanos afectam por inerência o ciclo das precipitações, assim como a ocorrência de eventos extremos de vento. Isto é, este fenómeno provoca uma aceleração de uma corrente atmosférica chamada "circulação de Walker", a qual conecta ambos os oceanos como uma espécie de ponte atmosférica. Trata-se, pois, de uma célula, composta de ar e vapor de água tropical, que se desloca de leste para oeste, movimentando-se por efeito das diferenças de temperatura e de pressão entre os oceanos, e, registando-se um aumento na diferença das temperaturas dos oceanos, a circulação e o transporte do vapor de água entre eles ficam inerentemente mais acelerados.
É, contudo, premente aludir que, o mecanismo que compreende a tríade clima – natureza – planeta, é dinâmico e temporalmente cíclico, e desse modo, também o comportamento dos oceanos tem oscilações naturais, com fases quentes e frias, com durabilidade de décadas! Analogamente, a actuação do factor vento, como constituinte do clima, é também alvo de oscilações que condicionam a sua velocidade, sendo que, esta aumenta devido a uma menor influência da fricção da superfície e a uma diminuição da densidade do ar. E, por isso, a sinuosidade dos ventos não é uniforme, uma vez que, dependendo das regiões, o escoamento torna-se concentrado em núcleos estreitos de ventos mais fortes do que o normal (sopram a velocidades entre 40-100 m/s, a uma altura entre 7 a 14km acima da superfície), as chamadas correntes de jacto. Estas correntes têm um determinante papel na rápida transferência de energia sobre longas distâncias na Atmosfera, sendo que, em latitudes de 40⁰-50˚N, o ar viaja em torno do planeta em apenas uma semana!
São 5 os tipos de correntes de Jacto!
Mas, destaca-se aqui a importância do Jacto Polar, um gigantesco sistema climático, que se movimenta entre as latitudes de 40⁰ e 60⁰, em associação com a depressão da frente polar em superfície. Os ventos quentes em circulação para sul formam-no. É uma corrente circular que ocorre na Antártida que é o lugar mais seco e ventoso do planeta. O ar denso e frio provoca nevões oriundos do movimento do vento e não da precipitação da neve!
O que acontece é que o vento catabático arrefece o mar a temperaturas negativas, e quando a temperatura da superfície do mar desce a -1,5 graus, começa a congelar e a formar micro-cristais; ao congelar, a água salgada liberta o sal e forma as chamadas políneas, que são zonas de água salgada cercada de gelo. A água que ainda não congelou, torna-se mais salgada e forma uma salmoura que pinga tubos estreitos e alongados de gelo acabado de formar. A água salgada, densa, afunda-se e leva o oxigénio para o fundo oceânico. A cada segundo, 1,5 milhões de m3 de água salgada densa, afunda-se numa corrente vertical, equivalente a cerca de 500 milhões de cataratas do Niágara!
E, a grandiosidade deste fenómeno é a de que esta salmoura, fria e densa, faz uma longa viagem, vagueia por cerca de mil anos no fundo oceânico em direcção a norte, regulando a temperatura média da água até meio grau! A interligação das variáveis que compõem o sistema climático é mesmo, extraordinariamente fenomenal!