Vulcões na América do Sul podem ter contribuído para a extinção de baleias
As alterações climáticas estão a perturbar o normal funcionamento de ecossistemas inteiros, colocando em perigo muitas das paisagens que temos como garantidas. A ação do homem é importante, mas não será a única a ter em conta. Fique a saber mais sobre este assunto, connosco!
Parece certo afirmar que o papel do homem nas alterações climáticas é de relevo, no entanto, o papel da natureza ao longo dos últimos milhões de anos também é assinalável. Há um número considerável de fatores que interfere no ciclo do carbono, já que este se movimenta entre a atmosfera, os oceanos, as rochas, os solos e os seres vivos.
Num período compreendido entre os 7,6 e os 5,4 milhões de anos atrás, o planeta Terra viveu um período de arrefecimento relativamente rápido, período que ficou conhecido como o Arrefecimento do Miocénico Tardio, também conhecida como “Idade de Gelo”. Este evento, que ocorreu na quarta época do período Neogénico, que por sua vez faz parte da era Cenozóica, provocou mudanças massivas nas espécies de plantas e animais que existiam nos continentes e oceanos do planeta Terra.
Até há pouco tempo, este evento de arrefecimento do planeta estava atribuído à redução da concentração de dióxido de carbono na atmosfera (CO2) devido à erosão dos silicatos dos Himalaias. Novos estudos apontam para um grande aumento da atividade vulcânica nos Andes, como um dos fatores preponderantes no arrefecimento do planeta, no rápido florescimento da vida que se seguiu e na posterior vaga de extinções.
Como explicar esta relação?
Os vulcões da cadeia montanhosa dos Andes estavam posicionados de forma a fornecer cinzas aos grandes oceanos, Atlântico e Pacífico, e este facto criou uma espécie de “explosão de vida”, devido às grandes quantidades de nutrientes que lhes chegavam. Pequenos organismos marinhos prosperaram com a abundância de nutrientes e, por sua vez, animais como as baleias também prosperaram.
Este ciclo próspero, para além da referida explosão de vida, ajudava a cativar grandes quantidades de carbono. Mas foi um ciclo que acabou por levar a um evento de extinção, já que grandes quantidades de nutrientes levaram ao surgimento de algas tóxicas. Para além disso, a intensa atividade vulcânica emitiu uma quantidade significativa de cinzas que contribuíram para a degradação severa da qualidade do ar.
Assim, compreende-se que os aumentos que se observaram na produtividade biológica (explosão de vida), por si só, também contribuíram para o arrefecimento do planeta e para as extinções em massa, que resultaram em alterações profundas dos habitats marinhos.
Tendo em conta a emissão de dióxido de carbono para a atmosfera pelos vulcões, o ciclo de carbono sugere que, sob algumas condições, o vulcanismo poderá realmente induzir diminuições no carbono atmosférico, o que poderá levar a novas extinções.