Vórtices de Von Kármán: que intrigante fenómeno atmosférico é este?
Os vórtices de Von Kármán foram assim designados em homenagem a Theodore Von Kármán, cientista húngaro que verificou na atmosfera o mesmo efeito que a sua experiência em laboratório. O que torna tão deslumbrantes estas intrigantes estruturas de nuvens? Saiba mais aqui.
Os vórtices de Von Kármán são deslumbrantes estruturas de nuvens em forma de vórtice que se distribuem em filas, que formam faixas a sotavento de uma ilha montanhosa ou de um grupo de ilhas, estendendo-se até várias centenas de quilómetros a jusante do obstáculo.
De acordo com José Miguel Viñas, em Conocer la Meteorología - Diccionario Illustrado del Tiempo y El Clima "a rutura de um fluxo de ar contínuo (regime de ventos dominante numa determinada direção) gera diferenças de pressão a sotavento que dão origem a um fluxo turbulento, de tal forma que os vórtices ciclónicos e anticiclónicos se dispõem alternadamente num padrão repetitivo. A configuração em cada caso, bem como a formação ou não do padrão, depende principalmente da intensidade do vento e das mudanças na direção do vento".
O porquê deste fenómeno atmosférico ter um nome tão peculiar
Ainda de acordo com Viñas, este fenómeno de ressonância tem o nome do matemático, físico e engenheiro aeroespacial húngaro Theodore von Kármán (1881-1963), que se notabilizou pelos seus estudos de mecânica dos fluidos e de aerodinâmica.
Os vórtices foram primeiramente estudados em laboratório, em líquidos como a água, e mais tarde observados na atmosfera, quer em nuvens, quer sob as asas de um avião ou a sotavento de uma bandeira hasteada.
Theodore Von Kármán realizou uma experiência que identificou vórtices num fluido. A experiência consistiu em colocar um objeto cilíndrico ao longo de um determinado escoamento, onde se tornou possível verificar o desenvolvimento de vórtices. Von Kármán verificou na atmosfera o mesmo efeito obtido na sua experiência.
O exemplo da Madeira e das Canárias
Abaixo, na imagem de satélite das 9 UTC do dia 26 de Junho de 2016, observam-se nuvens do tipo estratocúmulos sobre o Atlântico, arrastadas pelo vento de nordeste em direção à zona norte da Ilha da Madeira, onde o céu se apresentava muito nublado.
Por causa do efeito de Foehn a zona sul da ilha não apresentava nebulosidade.
Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Para sudoeste da Madeira as nuvens exibiam um padrão que correspondia à estrutura nebulosa de vórtices Von Kármán. As Ilhas Canárias também são capazes de originar este fenómeno que, nesta região, é menos percetível devido à existência de menos nebulosidade por causa da atmosfera estar mais seca nas camadas baixas.
Esta situação é frequente quando o anticiclone intensifica o seu domínio sobre o Atlântico, deixando a Madeira numa circulação bem definida de nordeste, com intensidade moderada a forte, como acontecia no mencionado dia.