A volubilidade do nevoeiro sob efeito do Sol
A atmosfera do planeta personifica o palco onde atuam eventos meteorológicos que têm como função equilibrar a combinação dos gases que a compõem. Uma dinâmica movida sob a batuta da força da energia da luz do Sol que chega ao planeta. Contamos-lhe aqui acerca do nevoeiro!
O constante intercâmbio de calor e de humidade entre as massas de água e a atmosfera, regulam a temperatura no planeta, redistribuindo a energia, fomentando a ocorrência de fenómenos climáticos, como escape das pressões que moderam a circulação atmosférica.
Nesta intrincada dinâmica, o vapor de água desempenha uma crucial função no balanço térmico da atmosfera, particularmente na manutenção da temperatura nas camadas mais baixas, uma vez que absorve parte do calor irradiado da superfície terrestre, evitando substanciais perdas desse calor. Personificando uma espécie de barreira balizadora, a cobertura das nuvens, ajuda assim a manter as temperaturas suaves durante a noite.
Como elemento meteorológico, a nebulosidade (nuvens) acaba por descrever o efeito climático de causas relacionadas entre si, ou que atuam conjuntamente, produzindo certas particularidades que se refletem na fisiografia e biologia do planeta, como a aridez do solo ou a continentalidade do clima. As nuvens representam meios heterogéneos, compostos por ar, vapor de água, gotas de água de diversas dimensões, cristais de gelo, partículas de substâncias em estado líquido e em estado sólido, como fumo e poeiras.
Como se formam as nuvens e o nevoeiro?
Os movimentos verticais das massas de ar que ocorrem na atmosfera do planeta condicionam a formação das nuvens. Um processo no qual, porções de água existente em lagos, mares, plantas, sofre evaporação, ascendendo na atmosfera, onde progressivamente, confrontando-se com a diminuição da temperatura em altitude, o ar perde capacidade de reter o vapor de água, favorecendo a sua condensação e inerente formação de nuvens.
Caracterizam-nas uma permanente volubilidade, que as divide, em função da sua formação, em dois tipos: as nuvens estratiformes de desenvolvimento horizontal, a baixa altitude, com aparência lisa, que parecem cobrir o céu todo; e as nuvens nimbostratus com aspeto amorfo, que se desenvolvem em altitude, aparentando ser mais espessas.
Similar às nuvens estratiformes, refira-se a formação do nevoeiro. Este representa um conjunto de minúsculas gotículas de água, de diâmetro compreendido entre 1μm e 20μm, suspensas no ar, mas próximo da superfície. Dependente do volume de concentração, do tamanho e número de gotículas de água, resulta na redução da visibilidade horizontal, sendo que, quando a nitidez é afetada numa distância inferior a mil metros designa-se por nevoeiro, e neblina, quando a visibilidade é comprometida numa extensão superior a 1 km.
O nevoeiro representa assim o contacto de uma nuvem com o solo, sendo que, após a sua formação, a radiação infravermelha do topo da nuvem, pode ainda causar um arrefecimento adicional ajudando a manter a nuvem. O nevoeiro surge quando o ar satura por efeito de arrefecimento, ou radiativo (por ausência de radiação solar direta), ou advectivo (quando a temperatura é igual à temperatura do ponto de orvalho), ou adiabático (por expansão) ou ainda, por aumento de vapor de água.
Já a dissipação do nevoeiro, dependendo da sua espessura, é condicionada quer por alterações na direção do vento, quer por efeito da radiação solar e infravermelha, ou inversão térmica (em camadas de ar até 1000 m acima do solo), podendo a limpidez do ar demorar várias horas a ocorrer.
O nevoeiro pode formar-se sobre a terra, numa noite fria e limpa, derivando para o mar, ou pode formar-se sobre o mar, ou espelho de água, quando o ar húmido, relativamente quente se move sobre água mais fria, sendo que, quanto mais quente estiver a água, comparativamente com a temperatura do ar sobre o solo, mais rapidamente o nevoeiro se dissipa. Ou seja, para que ocorra condensação, e se forme nevoeiro, a temperatura de uma massa de ar tem de sofrer um arrefecimento suficiente para saturar o teor de água nela presente, sendo aí atingido o chamado ponto de orvalho.
O perigo e o mistério que o nevoeiro pode representar
A formação de nevoeiro, além de derivar de processos físicos (arrefecimento e aumento de humidade, ou conjugação de ambos) pode ainda estar relacionada, e ser intensificada, como resultado da relação entre um fluxo que ascende, e um eventual bloqueio representado por barreiras topográficas, assim como, por efeito antropogénico. Considere-se a acumulação de poluição urbana, decorrente da queima incompleta de combustíveis fósseis, o denominado smog, com graves consequências para a saúde de todo o ecossistema.
A condição meteorológica de um estado do tempo nublado, pela opacidade que inflige nas paisagens, foi sendo antropologicamente associada a uma perturbação que precede a luz, envolta num misticismo comumente descrito em obras literárias, como o poema final da Mensagem de Fernando Pessoa, numa alegoria à situação de Portugal após o desaparecimento do Rei D. Sebastião. De facto, normalmente, após o dissipar do nevoeiro, tende a instalar-se toda uma luminosidade facultada pelo espalhamento da luz do Sol, e um soalheiro dia (ou mesmo uma límpida noite estrelada), intui positividade, considerando a energia da luz solar como alavanca da fotossíntese e fonte de vitamina D.