Terra e Lua, uma simbiose perfeita?

O primeiro fenómeno astronómico de 2019, eclipse, ocorreu quando, ao passar entre o Sol e a Lua, a Terra a cobrir com a sua sombra, o que proporcionou um extraordinário espectáculo!

Na antiguidade, o Homem regulava a sua existência pela harmonia transmitida pela ordem da natureza e dos céus.

Na madrugada de 21 de janeiro de 2019, a Lua, trajada de tom avermelhado, atingiu um perigeu de cerca de 357 milhões e 342 mil km, tendo estado por isso mais perto do que o costume do planeta que gravita, a Terra. Ela é “só” o maior corpo celeste, que se encontra mais próximo do planeta Terra, e esta proximidade surte efeitos, não só nos níveis das águas oceânicas, como igualmente na atmosfera!

Ora, a atração gravitacional entre estes dois corpos, reflete-se em vibrações, cujos efeitos podem ser comparáveis ao que acontece quando se agita uma corda: ondas que se propagam e, fazem o nível do oceano subir e descer ao longo do dia, as chamadas marés, do mesmo modo que, a atmosfera, por se comportar como um fluído, é também “esticada” por esta força de atracção, reflectindo-se em perturbações, quer com os valores de temperatura, quer com a velocidade dos ventos.

Aludir que, ao longo dos tempos, pesquisas científicas destacam que as variações estratificadas de temperatura na atmosfera, são alavancadas quer pela excentricidade da órbita da Lua, uma vez que a sua trajetória ao redor do planeta não é circular, mas elíptica, quer pela influência combinada da Lua e do Sol, uma vez que a Lua faz a temperatura mudar pela atracção gravitacional, e o Sol altera a temperatura pela energia que fornece directamente na forma de radiação. De determinante importância na deformação da atmosfera decorrente da atracção gravitacional da Lua, é a distribuição dos mares e continentes do planeta, sendo que a flutuação no nível dos mares, a maré oceânica, afeta intrinsecamente a atmosfera.

Mas afinal, em que consiste o eclipse total de uma super Lua?

Para que este fenómeno aconteça, é necessário que se conjuguem duas variáveis: uma lua na fase cheia (aplica-se aqui a Super Lua) e um ponto específico na órbita da Lua (o perigeu, o ponto mais próximo a que esta fica da Terra). Esta conjugação permite-nos ter perceção de que ela está relativamente maior e mais brilhante no céu.

Na verdade, a Lua, ao aproximar-se, “ganha” cerca de mais 14% de massa, parecendo por isso maior, e cerca de mais 30% de luminosidade. Se a este momento, se adicionar um perfeito alinhamento entre o Sol, a Terra e a Lua, ocorre um eclipse lunar na altura em que a Lua estiver no cone de sombra mais escuro produzido pela terra. Contudo, num eclipse total lunar, a Lua, ainda é visível devido à atmosfera da terra que impede a sua total obscuração. E isso acontece porque, os raios solares percorrem uma trajectória tangente à superfície do planeta, e ao atravessar a atmosfera, esta funciona como uma lente ocular – entorta-lhes a trajectória, daí, a zona de cone sombra deixa de ser sombra total, porque tem um pouco de luz a iluminar.

Na antiguidade, os eclipses eram entendidos como o caos no equilíbrio cósmico.

E então, porque a Lua fica avermelhada?

Primeiro, o vácuo do espaço não permite o espalhamento da luz, e a chamada luz visível, a parte do espectro da radiação electromagnética, varia cromaticamente do violeta ao vermelho, passando pelo indigo, azul, verde, amarelo e o laranja.

Ora, a luz emitida pelo Sol, ao atravessar a atmosfera, é espalhada pelas pequenas partículas que se encontram em suspensão nela, em função dos diferentes comprimentos de onda de cada cor, e por isso, com diferente intensidade. Deste modo, as cores com comprimentos de onda maiores, como o vermelho e o laranja, são as últimas a serem difundidas, sendo visíveis mesmo depois de atravessarem a atmosfera.

Assim, a luz que inunda o cone de sombra produzido pela Terra, num eclipse lunar, é a da região vermelha das bandas do espectro visível, e sendo a que tem o maior comprimento de onde e a menor frequência, confere a tal tonalidade avermelhada à Lua. Será já no próximo dia 19 de fevereiro que a Lua, em fase cheia, voltará a distar a uns curtos 356 milhões e 760 mil km de nós. Como estará o céu? Sem nuvens, para permitir vislumbrar mais um espectáculo?