Temperatura e sensação térmica: o que são e o que as distingue?
A nossa sensação de temperatura não se baseia estritamente na temperatura real, física. De facto, a maior parte da nossa sensação de temperatura baseia-se na rapidez com que o calor está a ser transferido para dentro/fora do corpo.
A influência da sensação térmica no organismo foi identificada após a Segunda Guerra Mundial, quando as tropas alemãs invadiram o território russo visando dominar o país, no entanto, não conseguiram resistir ao rigoroso inverno da Rússia. Os russos, sabendo do poder do seu inverno, utilizaram as condições climáticas como uma estratégia de guerra.
Foi a partir desse acontecimento que os Estados Unidos criaram um índice que visa calcular a sensação térmica. Este índice considera a velocidade do vento, relacionando-a com as temperaturas diárias.
Temperatura vs. Sensação térmica
A temperatura consiste na grandeza física responsável pela medição do grau de agitação das partículas que fazem parte de um sistema. Quanto maior é a agitação molecular, mais frequentes serão os choques entre as mesmas, ou seja, o atrito. Dessa forma, quanto maior a frequência desses choques, mais elevada será a temperatura.
A sensação térmica trata-se de uma perceção do ar, da qual pode diferir muito da temperatura real, pois fatores como a humidade relativa do ar, radiação solar e a velocidade de propagação do vento alteram a transferência de energia (calor) entre o meio ambiente e o corpo.
Conforto climático e PET (Physiological Equivalent Temperature)
É importante ter em conta que o corpo humano procura estar sempre confortável a nível térmico, isto é, próximo dos 37 ºC e tem, para isso, um conjunto de ferramentas sensoriais que sinalizam esse estado.
Estes instrumentos de autorregulação térmica ativam-se assim que o hipotálamo recebe dos recetores espalhados pelo corpo – pele superficial, músculos e espinal-medula – informação de alerta.
Estes sensores de calor e de frio estão espalhados, diferenciadamente, pelo corpo (cabeça – 21%; tronco – 38%; braços -13%; mãos-5%; parte superior das pernas – 15%; parte inferir das pernas – 8%). E, esta desigualdade na distribuição da monitorização instintiva é muito importante, porque condiciona a velocidade de ativação dos mecanismos termorreguladores (Monteiro et al., 2013).
A perceção do conforto térmico não depende, portanto, do comportamento de uma única variável climática e não é idêntica para todos os seres humanos. Neste sentido, a Physiological Equivalent Temperature (PET) é um dos índices de conforto mais utilizados para identificar a perceção de conforto e para ilustrar soluções eficazes de comunicação de conhecimento em Climatologia (Graça, A. 2020).
Trata-se de um modelo que permite estimar a resposta termofisiológica do corpo humano (altura, peso e idade de homens e mulheres médias estabelecidos de acordo com norma ISO 8996:2004), e que tem em conta simultaneamente as variáveis climáticas (temperatura, humidade relativa, velocidade do vento e radiação solar), com informação metabólica e do perfil individual de cada ser humano (sexo, idade, peso, altura, estado de saúde, vestuário, entre outros).