Sons emitidos pelos peixes protegem os recifes de coral

A pesca é uma importante atividade económica que existe há milhares de anos, como fonte de alimento para as famílias e comunidades ribeirinhas. Mas a sua taxa de sucesso é afetada pela configuração da costa assim como, um aspeto curioso, a fase da lua.

De acordo com um estudo publicado no The Science Times, as fases da lua influenciam a pesca devido à sua intensidade da luz no céu noturno e às alterações das marés. Para além disso, as fases da lua também afetam o som produzido pelas espécies marinhas em função das suas atividades de alimentação e acasalamento.

Efeito das fases da lua no comportamento das espécies

Uma equipa de cientistas do Instituto Oceanográfico de Woods Hole, em Falmouth, Massachusetts, nos Estados Unidos da América, investigou a possibilidade de saber o paradeiro de organismos marinhos sem os observar. É através de uma escuta silenciosa que os especialistas podem antever o que estas criaturas estão a fazer no oceano.

Depois da equipa, liderada pelo biólogo marinho Aran Mooney, instalar vários microfones debaixo de água em todo o mundo para "escutar" a vida marinha, chegaram à conclusão que existe uma ligação entre as atividades dos peixes e o ciclo lunar. A produção de sons pelos peixes pode ajudar as espécies a esconder-se dos predadores, assim como lhes permite comunicar entre si.

Segundo Aran Mooney, os peixes aumentam os sons que emitem consoante a fase da lua e, alguns desses sons são mais altos durante a fase minguante da lua. Existem algumas espécies, a título de exemplo, no largo da costa sul da Índia, que são mais ruidosas durante a lua cheia.

Os sons são produzidos devido à vibração das suas bexigas natatórias, o órgão que os ajuda a flutuar na água. Os cientistas acreditam que esta vibração acontece quando comem uma espécie de fitoplâncton que brilha à luz da lua.

Mas como pode o som das espécies originar a conservação dos recifes de coral?

A equipa de investigação, através de observações, concluiu que existe uma relação direta entre o comportamento alimentar dos peixes e a luz.

Foram gravados os sons em habitats marinhos ameaçados pela poluição e pelas alterações climáticas e os mesmos foram comparados a dados anteriormente registados.

De forma a recuperar recife de coral, a equipa de Mooney instalou altifalantes subaquáticos que transmitiram a gravação sonora dos recifes de coral antigos e saudáveis, na esperança de atrair as larvas que iriam construir novos corais.

Assim, o recife acusticamente recuperado terá mais colonização, quando comparado a recifes de coral degradados, onde não é emitido qualquer som.

Se esta experiência for bem sucedida, as gravações antigas do ecossistema marinho, anteriormente saudável, poderão ser a chave para a recuperação da vida oceânica.