Solstício de verão ativa reprodução de faias na Europa
Segundo uma equipa de investigação, a entrada num novo solstício, reativa a reprodução de faias, afetando as funções do ecossistema. Fique a saber mais aqui!
De acordo com um estudo internacional liderado pela Universidade de Liverpool e, publicado na revista Nature Plants, o solstício de verão, reativa a reprodução das faias em toda a Europa, mesmo a longínquas distâncias.
A investigação analisou as associações entre os padrões climáticos e a produção de sementes em plantas perenes como a faia europeia (Fagus sylvatica), assim como aprofundaram o estudo sobre como a reprodução das árvores é consistentemente sincronizada através de vastas distâncias.
Em estudos anteriores a equipa demonstrou que a chave para conseguir esta sincronia é uma resposta coordenada a um estímulo externo, como o clima, mas a forma como a faia europeia, que cresce em todo o continente europeu, com climas muito variáveis, conseguia atingir este objetivo permanecia um mistério.
O dia mais longo do ano
A metodologia utilizada pela equipa foi através da realização da análise ás alterações em pequena escala das respostas das plantas à temperatura e descobriu que o dia 21 de junho (o solstício de verão e o dia mais longo do ano) funciona como um sinal celestial, que desencadeia respostas sincronizadas às condições climáticas entre populações de espécies de faia europeia muito separadas.
Valentin Journé, investigador da Universidade Adam Mickiewcz em Poznan, Polónia
Jessie Foest, investigadora de doutoramento do Departamento de Geografia da Universidade de Liverpool, que esteve envolvida na investigação, afirma também que a reação das faias é notável, pois quando o dia começa a encurtar após o solstício de verão, a janela de deteção da temperatura abre-se simultaneamente em toda a Europa.
Muitas plantas perenes não se reproduzem regularmente e renunciam à reprodução durante alguns anos para acumular recursos e depois produzir uma colheita abundante de sementes.
A sincronização desta variação interanual era conhecida por se estender por centenas e milhares de quilómetros em muitas espécies. Mas este estudo revela como é que as plantas conseguem coordenar-se em distâncias tão grandes.
Consequências para o ecossistema
Esta sincronização regional em grande escala da produção de sementes pelas árvores tem consequências importantes para os ecossistemas.
Anos de plantação abundante resultam em mais recursos para a vida selvagem, enquanto que falhas reprodutivas resultam em fome para os animais que se alimentam das sementes.
Quando esta variação é sincronizada a escalas subcontinentais, as consequências incluem perturbações de grande alcance nas cadeias alimentares, incluindo surtos de roedores, migração de aves e aumento de doenças humanas transmitidas pela vida selvagem.
Referência da notícia:
Journé, V., Szymkowiak, J., Foest, J. et al. "Summer solstice orchestrates the subcontinental-scale synchrony of mast seeding." (2024)