Sol, o 'bombeiro' higienizador

À boleia de uma titânica nuvem interestelar, um poderoso corpo de fusão nuclear orquestra a viagem galáctica de uma equipa de corpos celestes. Planetas, satélites naturais e inúmeros corpos menores como asteroides, cometas, meteoros, e seres vivos, orbitam e alimentam-se do astro rei Sol.

o sol;
Devido às elevadas temperaturas e densidades do interior do Sol, ocorre a fusão do hidrogénio, criando energia e produzindo o hélio como um subproduto.

Como maestro de um sistema orbital, o Sol, uma poderosa máquina de energia radiante e térmica em atividade permanente há cerca de 5 giga anos, alimenta o planeta Terra fornecendo-lhe luz natural através das radiações eletromagnéticas na região do visível. Diz-se assim, que a radiação solar é fonte de vida, pois graças a ela, é produzido oxigénio e alimento pelas plantas, fornecendo energia para vivermos.

Diretamente relacionada com os processos químicos, físicos e biológicos, a energia solar alavanca a existência de vida na Terra, impactando, numa dimensão cronológica díspar da da vida humana, no funcionamento do mecanismo atmosférico, e por inerência no comportamento climático do planeta.

As radiações emitidas pelo Sol, representam cerca de 3 a 5% de toda a radiação solar que penetra a superfície terrestre, sendo a Ozonosfera uma das principais barreiras de proteção aos raios ultravioletas. Diariamente, todos os seres vivos estão expostos à radiação ultravioleta, desempenhando esta, fulcral função na vida dos humanos uma vez que possibilita a síntese da vitamina D, fundamental para o sistema imunológico e manutenção da massa óssea.

As ondas solares que alcançam a Terra

Os raios ultravioletas personificam o fluxo de energia emitida pelo Sol e transmitida sob a forma de radiação eletromagnética, estando categorizados em três comprimentos de ondas – os UVA, UVB e UVC. Sob a forma de curtas ondas eletromagnéticas, invisíveis ao olho humano por apresentarem espectros de comprimento de onda, entre os 200 e os 400 nanómetros (1nm = 10−9 metros, ou um milionésimo de milímetro), a radiação UV subdivide-se em luz de onda longa, ou luz negra - a UVA (na frequência dos 320 e 400nm), a luz de onda média - a UVB (na frequência dos 280 e 320nm), e a luz de onda curta, ou germicida - a UVC (na frequência dos 200 e 280nm).

Os efeitos da intensidade da radiação ultravioleta e seu comprimento de onda são diretamente dependentes dos fatores altitude, latitude, estação do ano, horário e condições atmosféricas, como a nebulosidade, dependendo do perfil e densidade de cada nuvem. Assim, na linha do Equador, a quantidade de raios UV absorvidos pelo indivíduo será bem maior, se comparada com regiões latitudinalmente mais altas. Do mesmo modo que o efeito altitude do local, também interfere, já que regiões ao nível do mar apresentam menor quantidade de ozono. Por sua vez, a presença de água, neve ou areia condicionam também no fluxo da radiação fazendo com que os raios sejam refletidos.

Os raios UV são um desinfetante natural, extremamente eficiente a “limpar” água potável, bem como em ambiente de índole hospitalar, pois erradicam naturalmente organismos que podem ser potencialmente prejudiciais à saúde humana.

A radiação ultravioleta, é absorvida pelas células da epiderme, mais especificamente pela melanina, principal proteína responsável por colorir a pele dos seres humanos, além de proteger o DNA das células contra a exposição excessiva à radiação ultravioleta emitida pelo Sol. Aluda-se que esta radiação tem capacidade para provocar reações nas bases das moléculas de DNA e RNA das células, alterando a sua estrutura original e consequentemente a sua função. Para além de poder provocar queimaduras, o acúmulo sucessivo de erros no material genético, e a sua multiplicação desordenada pelas células do tecido, podem levar ao desenvolvimento de lesões neoplásicas.

os microorganismos
Os vírus são agentes infetantes que atacam células vivas, formados por moléculas de núcleo-proteínas, auto-reprodutíveis, e com capacidade de sofrer mutações.

Os raios UV como eficaz arma contra microrganismos infeciosos

A envergadura dos vírus varia dos 20 aos 1000 nanómetros, analogamente, uma bactéria representará um campo de futebol, e um vírus simbolizará a bola. Os vírus são partículas compostas por material genético (DNA ou RNA, de cadeia simples ou dupla), rodeados por proteínas (cápside), sendo que alguns possuem também um envelope lipídico. Minúsculas partículas infeciosas, que se reproduzem à custa da célula hospedeira, utilizando a biossíntese e a produção de energia da célula, reprogramando-a, sintetizando e transferindo cópias do seu próprio genoma para outras células, como uma fábrica de produção de mais vírus.

Tal como a camada de ozono bloqueia parte dos raios UV, limitando a destruição de bactérias, fungos e vírus no ar, superfícies, etc; se as roupas estiverem húmidas de suor ou chuva, quando expostas ao Sol, o efeito será o de aumentar a proliferação de microrganismos, uma vez que a humidade impede a penetração dos raios no interior das fibras.

Perentórias investigações científicas asseveram o elevado potencial que os raios UV têm em causar mutações e inativarem diversas bactérias e vírus, ao destruir o seu DNA. Desde há quase 5 milénios que o Homem aprimora produtos de higienização, permanecendo a singela combinação entre água e sabão, como a arma eficazmente mais forte no combate a enfermidades infeciosas. Porém, quando a camada externa do agente viral é feita de gordura (envelope lipídico), o poder dos raios UV revela-se eficientemente assertivo.

Os raios atuam sobre os ácidos nucleicos, o DNA e o RNA dos microrganismos, promovendo mutações que baralham a sua missão reprodutiva. E, quando prolongadamente expostos a essas radiações, essa caótica volubilidade degenerativa, acaba por romper o capsídeo, degradar o material genético, tornando-o inativo, e morrendo. Efetivamente, o poder do Sol influi a vida transversalmente, do ínfimo femto microbiano ao macro climático, aglutinando a existência humana num mecanismo sobrevivencial. A energia, sob a forma de luz e calor, dos raios que o Sol emana, dão sopro à vida, e depuram a própria vida na Terra.