Sistema imunológico pode ajudar no tratamento de doenças inflamatórias, afirmam cientistas da Universidade de Cambridge
Cientistas da Universidade de Cambridge descobriram que um tipo de glóbulo branco - chamado célula T reguladora - existe como uma única população de células que se movem constantemente pelo corpo, reparando tecidos danificados. Saiba mais aqui!
Cientistas da Universidade de Cambridge descobriram que um tipo de glóbulo branco – com o nome de células T reguladoras ou Linfócitos T - existe como uma única grande população de células que se movem constantemente por todo o corpo, procurando e reparando tecidos danificados.
Aliás, é difícil pensar numa doença, lesão ou infeção que não envolva algum tipo de resposta imunológica e a investigação publicada na revista Immunity muda a maneira como se pode controlar essa resposta.
Células imunes podem ajudar a revolucionar o tratamento de doenças
Esta investigação derruba o pensamento tradicional de que as células T reguladoras existem como múltiplas populações especializadas, restritas a partes específicas do corpo. As evidências científicas têm implicações para o tratamento de muitas doenças - porque quase todas as doenças e lesões desencadeiam o sistema imunológico do corpo.
Os medicamentos anti-inflamatórios atuais tratam todo o corpo, ao invés de apenas a parte que necessita de tratamento. Os investigadores afirmam que as descobertas significam que poderia ser possível desligar a resposta imunológica do corpo e reparar danos em qualquer parte específica do corpo, sem afetar o resto. Tal significa, em forma sintética, que doses mais altas e direcionadas de medicamentos poderiam ser usadas para tratar doenças - potencialmente com resultados rápidos.
Para chegar a estas conclusões, os investigadores analisaram as células T reguladoras presentes em 48 tecidos diferentes no corpo de camundongos. Tais conclusões revelam que as células não são especializadas ou estáticas, mas se movem pelo corpo até onde são necessárias. Os resultados foram publicados, entretanto, na revista Immunity.
Medicamento e novas evidências ajudam a revolucionar transplantes de órgãos e tratamento de doenças autoimunes
Com o uso de um medicamento que eles já haviam desenvolvido, os investigadores demonstraram - em camundongos - que é possível atrair células T reguladoras para uma parte específica do corpo, aumentar o número e ativá-las para desligar a resposta imunológica e promover a cura em apenas um órgão ou tecido.
A maioria dos sintomas de infeções como o COVID-19 não são do próprio vírus, mas do sistema imunológico do corpo que ataca o vírus. Uma vez que o vírus atinge o pico, as células T reguladoras devem desligar a resposta imunológica, mas em algumas pessoas o processo não é tão eficiente e pode resultar em problemas contínuos. Esta evidência significa que poderia ser possível usar um medicamento para interromper a resposta imunológica nos pulmões do paciente, enquanto permite que o sistema imunológico no resto do corpo continue a funcionar normalmente.
Um outro exemplo reporta o facto de as pessoas que recebem transplantes de órgãos precisam tomar medicamentos imunossupressores para o resto da vida de modo a prevenir a rejeição do órgão. De facto, o corpo monta uma resposta imunológica severa contra o órgão transplantado, mas torna-os altamente vulneráveis a infeções. Os resultados ajudam no desenvolvimento de novos medicamentos para interromper a resposta imunológica do corpo apenas contra o órgão transplantado, mas manter o resto do corpo a funcionar normalmente. Pelo menos assim, permitirá ao paciente levar uma vida normal.
A maioria dos glóbulos brancos ataca infeções no corpo, desencadeando uma resposta imunológica. Em contraste, as células T reguladoras agem como um ‘exército unificado de cura’.
Referência da notícia:
Burton, O. T., Bricard, O., Tareen, S., Gergelits, V., Andrews, S., Biggins, L., ... & Liston, A. (2023). The tissue-resident regulatory T cell pool is shaped by transient multi-tissue migration and a conserved residency program. Immunity.