Serão os pesticidas motivo de preocupação?
A maioria dos pesticidas não apresenta risco para a saúde dos seres humanos. Porém, o que acontecerá com os produtos menos naturais utilizados diariamente na nossa alimentação? Fique a saber a resposta aqui!
Desde muito cedo o ser humano aprendeu bastante sobre o efeito adverso que os pesticidas podem causar na nossa saúde.
Os gregos e os romanos nunca imaginaram que a ciência moderna podia vir a misturar produtos químicos e fazer combinações para criar tais produtos. Mas quão maus podem ser os pesticidas atuais? O que podemos fazer para mitigar os seus efeitos na saúde?
De forma a diminuir a perda de rendimento das culturas agrícolas e combater as pragas e doenças, os agricultores recorrem a produtos fitossanitários ou a pesticidas.
Assim, para além de defenderem as culturas, se forem utilizados de forma responsável, garantem o abastecimento de frutas e legumes com boa qualidade e aspeto, a um preço reduzido, para que sejam acessíveis a todos os consumidores.
De acordo com um artigo publicado no jornal The Guardian, existem muitos pesticidas naturais que não representam qualquer risco para os seres humanos.
Um deles é a cafeína. Sim, a cafeína é um inseticida, produzido pelas plantas para auto-proteção, e a quantidade diária que muitos de nós ingere diariamente, seria fatal para as larvas de mosquito.
Porém, a preocupação surge quando pensamos nas substâncias menos naturais que se encontram nos nossos alimentos.
Segundo o Professor Michael Eddleston, toxicologista clínico e membro do Comité de Peritos em Pesticidas do Reino Unido, há poucos conhecimentos sobre o comportamento das misturas de produtos químicos.
Mas o que deve fazer?
A agricultura biológica tem ganho cada vez mais terreno no que respeita à alimentação saudável, todavia, os benefícios dos alimentos biológicos não são claros.
Um recente estudo realizado nos EUA revelou que os níveis de glifosato (um provável agente cancerígeno) encontrados nos corpos dos participantes diminuíram 71% após uma semana de consumo de produtos biológicos.
Mas, mesmo os pesticidas considerados "naturais" podem trazer problemas. O arsénico e a nicotina são naturais, mas a sua utilização como pesticidas é proibida.
Existem algumas provas de que os alimentos biológicos são, em geral, mais saudáveis, mas isso pode estar relacionado com outros fatores, como o seu perfil nutricional.
Cuidados a ter
A Agência de Normas Alimentares refere que a lavagem dos produtos pode ajudar a remover resíduos de certos pesticidas, mas quando os pesticidas são utilizados no processo de germinação (quando as sementes estão a ser plantadas), a lavagem posterior não ajudará em nada.
Descascar as frutas e os legumes é também uma forma muito eficaz de eliminar resíduos de pesticidas que se depositam na superfície, tal como a cozedura dos mesmos contribui para reduzir a quantidade de resíduos químicos.
Segundo afirma Eddleston, os inseticidas matam insetos fora do alvo, ou seja, que não estão intencionalmente a tentar matar, afetando a biodiversidade, o que é extremamente importante para a produção alimentar futura e para o planeta.
Os inseticidas, fungicidas e herbicidas também prejudicam o microbioma do solo, essencial para disponibilizar nutrientes às plantas e decompor a matéria orgânica. Duas funções fundamentais para a sustentabilidade da produção alimentar e para a conservação do solo, que por sua vez é uma componente essencial da mitigação das alterações climáticas.
Isto significa que temos de reduzir a utilização de pesticidas, não só a nível local mas a nível mundial, através de táticas de "gestão integrada de pragas", como a produção de culturas resistentes a pragas e a rotação de culturas para deter os insetos.
Estas medidas não são apenas para a segurança alimentar, mas também assegurará a continuidade da produção alimentar, que atualmente e no futuro provém em grande parte da produção terrestre.
Os pesticidas matam indiscriminadamente e o mundo precisa de biodiversidade para o seu futuro.