Será que os sistemas energéticos atuais estão bem preparados para as futuras alterações climáticas?
Há uma série de pontos na longa cadeia de abastecimento de energia em que as perturbações relacionadas com o clima podem interromper o fornecimento de eletricidade.
Garantir um fornecimento fiável de eletricidade é fundamental para a saúde, a segurança e o crescimento económico das famílias e das empresas em todo o mundo.
Será que os sistemas energéticos atuais estão bem preparados para o futuro?
Por vezes, depois de um fenómeno meteorológico extremo, existem comunidades que ficam sem energia durante um período prolongado. As pessoas afetadas sentem na pele o que é a falta de cuidados de saúde, ar condicionado, saneamento e serviços básicos essenciais para o bem-estar humano.
De acordo com o Laboratório de Impacto Climático a situação tende a agravar-se visto que a temperatura da atmosfera está a subir e, atendendo às alterações climáticas, prevê-se que os fenómenos extremos tendem a intensificar-se e a aumentar de frequência.
A procura de energia é altamente sensível ao clima em muitos sectores da economia global, e a temperatura, em particular, é um fator determinante significativo da quantidade e do tipo de energia consumida.
O aumento das temperaturas, a maior concorrência pelo abastecimento de água e o elevado risco de tempestades afetarão o custo e a fiabilidade do abastecimento de energia.
A procura de aquecimento e refrigeração flutua de hora a hora, diariamente e sazonalmente, em resposta às temperaturas ambiente exteriores. Temperaturas mais elevadas aumentarão a procura de ar condicionado residencial, comercial e industrial alimentado a eletricidade.
A procura de ar condicionado devido às alterações climáticas pode ter um impacto muito grande no setor da energia elétrica, obrigando as empresas de serviços públicos a construir capacidade adicional para satisfazer picos de procura ainda mais elevados quando as temperaturas sobem.
No entanto, é preciso ter em conta também, que, ao mesmo tempo, nas latitudes setentrionais, as temperaturas mais elevadas no inverno, em resultado das alterações climáticas, reduzirão a procura de aquecimento nestas regiões durante o inverno.
Consumo de energia pelas populações no futuro
Embora o rendimento seja o principal fator que determina a quantidade de energia que uma população consome em resposta a temperaturas extremas, a localização da população também desempenha um papel importante.
Um estudo publicado no Laboratório de Impacto Climático, que utilizou dados de 146 países ao longo de 40 anos, quantifica o efeito da temperatura na eletricidade e no consumo direto de combustível em áreas residenciais, comerciais e industriais. Este estudo mede a forma como este efeito difere consoante os níveis de rendimento e as zonas climáticas.
Por exemplo, um dia quente com uma temperatura média de 30°C resulta num aumento de 20% no consumo de eletricidade em Houston, Texas, do que em Seattle, Washington. Embora ambas sejam cidades relativamente ricas dos EUA, a resposta diferente no consumo de energia a um dia quente reflete uma maior utilização de ar condicionado em climas mais quentes (Houston) do que em climas mais frios (Seattle).
De acordo com o referido estudo, nos locais atualmente mais ricos do mundo, o consumo de eletricidade aumenta substancialmente em dias com temperaturas médias de 35 °C, em comparação com um dia a 20 °C, refletindo o acesso a tecnologias de arrefecimento de proteção. No entanto, estas tecnologias dispendiosas estão, em grande parte, fora do alcance das populações atuais com baixos rendimentos.
Para os 60% mais pobres da atual distribuição global de rendimentos (populações com rendimento per capita inferior a 11.300 dólares), estas temperaturas elevadas não resultam praticamente em qualquer aumento do consumo de eletricidade.
Prevê-se que muitas partes do mundo permaneçam demasiado pobres durante a maior parte do século XXI para aumentar substancialmente o consumo de energia em resposta ao aquecimento.
Até ao final do século, prevê-se que as economias emergentes nos trópicos, como a Índia, a Indonésia e o Vietname, aumentem drasticamente o consumo de eletricidade em resposta a temperaturas mais quentes, exigindo um planeamento crítico das infraestruturas. No entanto, as reduções do aquecimento nos países mais frios, devido à diminuição dos dias frios, compensam este aumento a nível global.