Será que os animais têm consciência? Estudo aponta que sim
De acordo com os cientistas há a possibilidade dos répteis, insetos e moluscos desenvolverem elementos de consciência. Fique a saber mais aqui!
De acordo com um artigo publicado na revista Nature, os corvos, chimpanzés e elefantes e mesmo outras aves e mamíferos têm comportamentos que sugerem que estes podem ter consciência. Mas a lista parece não terminar aqui.
Os cientistas estão a alargar as suas investigações sobre a consciência a vários animais, incluindo polvos e até abelhas e moscas, uma vez que parece existir uma "possibilidade realista de experiência consciente" em répteis, peixes, insetos e outros animais que nem sempre foram considerados com vida interior.
No entanto, Anil Seth, diretor do Centro para a Ciência da Consciência da Universidade de Sussex, no Reino Unido, não afirma que existem respostas definitivas sobre quais as espécies que têm consciência, mas sim que existem provas suficientes de que as espécies são conscientes.
A definição de consciência pode ser complexa
Para os cientistas, a definição de consciência é complexa, mas o grupo centra-se num aspeto da consciência sensorial, a "senciência", ou seja, os animais conseguem cheirar, saborear, ouvir ou tocar o mundo à sua volta, bem como sentir medo, prazer ou dor, no fundo, o que é ser esse animal. Mas a experiência subjetiva não requer a capacidade de pensar sobre as suas experiências.
Os animais não humanos não podem usar palavras para comunicar os seus estados interiores. Para avaliar a consciência nestes animais, os cientistas baseiam-se frequentemente em provas indiretas, certos comportamentos que estão associados a experiências conscientes, como a capacidade de se reconhecerem a si próprios num espelho.
Jonathan Birch, filósofo britânico.
Nesta experiência, os cientistas aplicam um autocolante ou outro marcador visual no corpo do animal para observar a sua reação ao vê-lo.
Alguns animais, incluindo chimpanzés (Pan troglodytes), elefantes asiáticos (Elephas maximus) e peixes-limpadores (Labroides dimidiatus), ficaram curiosos com a marca e até tentaram removê-la. Isto leva aos cientistas a crer que se reconhecem a si próprios, um sinal claro de auto-consciência.
Uma outra experiência mostrou que os polvos evitam conscientemente a dor, pois ao escolherem entre duas câmaras recusam-se a entrar naquela em que receberam previamente um estímulo doloroso.
Ou seja, sentem dor, distinguem-na como algo negativo e, tal como nós, tentam evitá-la por todos os meios.
Como funciona com os insetos?
Até as moscas da fruta (Drosophila melanogaster) demonstraram ter dois tipos de sono, o sono profundo e o sono "ativo", em que a atividade cerebral é a mesma de quando estão acordadas.
Bruno van Swinderen, biólogo da Universidade de Queensland, na Austrália.
As mentes dos animais
Segundo Hakwan Lau, neurocientista do Centro Riken para a Ciência do Cérebro, no Japão, reconhece que há um número crescente de trabalhos que mostram comportamentos percetivos sofisticados em animais, mas defende que isso não é necessariamente indicativo de consciência.
Nos seres humanos, por exemplo, existe tanto uma perceção consciente como inconsciente.
O desafio passa agora por desenvolver métodos que possam distinguir, adequadamente, a perceção consciente e inconsciente em não-humanos.
Referência da notícia: Andrews, K., et al. " The New York Declaration on Animal Consciousness" (2024)