Será que estamos cada vez mais alérgicos? Especialistas em saúde explicam-nos como e porquê
De acordo com um estudo, os casos de alergias parecem estar a aumentar, no entanto, problemas como o pingo no nariz, comichão nos olhos, tosse ou espirros parecem não ser de "hoje". Estará o nosso estilo de vida relacionado com este aumento? Venha descobrir!
De acordo com a antropóloga médica Theresa MacPhail, atualmente cerca de 40% da população mundial tem algum tipo de condição alérgica e os números têm vindo a aumentar a cada ano que passa e até 2030 a percentagem poderá chegar aos 50%, segundo uma notícia publicada pela revista Sábado.
A especialista alerta que o nosso sistema imunitário está a tentar dizer-nos que tem dificuldades em lidar com o mundo moderno e por isso devemos escutá-lo e tentar ajudá-lo.
Mas será que as alergias são um problema dos tempos modernos? A resposta pode ser díspar
Ao que parece, existem registos bastante antigos de sintomas idênticos ao da asma ou com uma manifestação mais grave de reação alérgica.
Como por exemplo, ao que parece, um faraó do antigo Egito, Menés, morreu devido a uma picada de abelha ou de vespa.
Também as rinites alérgicas ou até mesmo as alimentares poderiam existir na época, mas eram desvalorizadas.
Segundo pode ser lido no livro "Alérgico", da antropóloga americana Theresa MacPhail
A evolução dos casos de alergias acontece sobretudo após a Revolução Industrial, porém atualmente somos melhores a diagnosticar estes problemas, mas também devido ao facto do nosso sistema imunitário lutar para se adaptar ao ambiente e ao estilo de vida moderna.
Poderá a componente genética estar relacionada?
Apesar de todas as alergias terem a sua componente genética, não significa que por um elemento da família ser alérgico os outros também o serão.
Uma das principais razões para haver tantos casos de alergias é a alteração de ambiente, nomeadamente a saída do campo para a cidade, que aconteceu sobretudo depois da Revolução Industrial.
Esta época trouxe uma maior exposição à poluição atmosférica e também a uma maior permanência em espaços fechados.
Lígia Fernandes, pneumologista
Até mesmo as alterações climáticas podem explicar este aumento da prevalência e é bastante simples perceber o porquê. Segundo a pneumologista, as épocas polínicas prolongam-se mais, ou começam mais cedo ou surgem até mesmo em alturas indevidas.
Também na alimentação houve uma grande alteração, pois mudou-se a forma que se come e o tipo de culturas que se plantam.
As cidades também se tornaram mais limpas, mas isso também parece ser um problema: se por um lado há mais qualidade de vida, por outro, também há menos contacto com bactérias, vírus e parasitas.
Theresa MacPhail
E a verdade é que as doenças alérgicas não têm cura e isso deve-se à componente genética, mas não significa que não haja nada a fazer. No entanto, a desvalorização destas condições pode ser preocupante.