Secretário da ONU apela à proibição da publicidade aos combustíveis fósseis, devido aos recordes de temperaturas
A publicidade aos combustíveis fósseis e aos poluentes deve ser proibida, tal como a publicidade ao tabaco, segundo o Secretário-Geral das Nações Unidas (ONU).
O Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, acusou a indústria dos combustíveis fósseis de gastar milhares de milhões de dólares para enganar o público e de mostrar um “céu implacável” ao obstruir o progresso durante décadas.
O eurodeputado referiu que muitos governos restringem ou proíbem a publicidade de produtos que prejudicam a saúde humana - como o tabaco - e apelou a uma proibição semelhante para as empresas de combustíveis fósseis.
Objetivo suspenso
Guterres proferiu o discurso para assinalar o Dia Mundial do Ambiente, e no momento em que se iniciaram as negociações técnicas sobre a ação climática internacional em Bona, na Alemanha.
Em 2015, os governos chegaram a acordo sobre um objetivo internacional para limitar o aquecimento global a longo prazo a 1,5°C acima dos níveis registados antes da revolução industrial. No entanto, este objetivo está agora “em suspenso”, afirmou.
As emissões de gases com efeito de estufa que contribuem para as alterações climáticas deverão diminuir 9% por ano durante esta década, afirmou. No entanto, no ano passado, as emissões aumentaram 1%.
Os cientistas da Organização Meteorológica Mundial alertaram esta semana para o facto de haver 80% de probabilidades de o limite de 1,5°C ser ultrapassado em pelo menos um ano até 2028 e de pelo menos um dos cinco anos seguintes ser o mais quente de que há registo.
A probabilidade de isto acontecer aumenta todos os anos; em 2015, os cientistas estimaram-na próxima de zero. Os cientistas do clima têm alertado repetidamente para o facto de que um aquecimento superior a 1,5°C pode desencadear condições meteorológicas extremas muito mais graves e que cada fração de grau de aquecimento é importante.
Bater recordes
Novos dados do serviço de satélite Copernicus, financiado pela UE, revelam que cada um dos últimos 12 meses estabeleceu um novo recorde de temperatura global para essa altura do ano.
A temperatura média global dos últimos 12 meses é também a mais elevada de que há registo: 1,63 °C acima da média pré-industrial de 1850-1900, segundo o estudo.
Embora a humanidade tenha entrado em “tempos sem precedentes”, ainda há tempo para mudar a situação, segundo Carlo Buontempo, diretor do Serviço de Alterações Climáticas do Copernicus.
“Esta série de meses mais quentes será recordada como comparativamente fria, mas se conseguirmos estabilizar as concentrações de gases com efeito de estufa na atmosfera num futuro muito próximo, poderemos regressar a estas temperaturas ‘frias’ no final do século XXI”, afirmou.