Sabia que o movimento dos nossos olhos podem dizer se estamos ou não a prestar atenção?
O movimento dos nossos olhos, de acordo com um estudo, podem dizer muito sobre os nossos padrões cognitivos e percetivos. Fique aqui a saber mais!

Segundo um estudo publicado na revista Developmental Cognitive Neuroscience, ler e compreender o que foi lido são coisas totalmente diferentes.
Uma criança pode parecer ler rapidamente e sem erros, e até responder corretamente aos exercícios pedidos para avaliar a compreensão, relendo ou procurando informações relevantes no texto. Mas isso não significa que tenha uma boa compreensão da leitura.
Todavia existe uma forma de detetar se realmente compreendemos o que lemos, através do rastreio ocular. Isto é, seguir os movimentos dos olhos até ao milímetro, com a ajuda de máquinas especiais capazes de detetar diferenças muito pequenas no tempo, na velocidade e nas paragens do olhar.
O movimento dos olhos permite-nos obter e detetar informações sobre o padrão do olhar. Este padrão percetivo (visual) está relacionado com processos cognitivos, como o nível de atenção durante a leitura.
Como saber se a pessoa está ou não a prestar atenção?
De acordo com os especialistas quando algo nos interessa e, estamos automaticamente a prestar atenção, pestanejamos menos; quando estamos a realizar uma tarefa complexa que exige esforço mental, a dilatação da pupila é maior; quando prestamos atenção e compreendemos o que nos é dito, pestanejamos mais lentamente.
Desta forma, quando lemos uma frase e nos deparamos com uma palavra mal escrita, demasiado longa ou pouco frequente na nossa língua, os nossos olhares são mais longos do que se lermos uma frase com palavras frequentes e curtas.
Sabe-se que quanto mais complicada ou cognitivamente exigente é uma tarefa, mais interrupções na continuidade visual ocorrem. Os movimentos oculares podem indicar o nível de eficiência e compreensão dos textos.

De acordo com o estudo da Universidade de Berkeley na Califórnia foi investigada a relação entre a compreensão da leitura e os movimentos oculares de 67 crianças de 7 e 8 anos.
Verificou-se que as crianças que compreendem melhor o que leem têm tempos de fixação ocular mais curtos, tanto para reconhecer as palavras como para aceder ao seu significado, e menos regressões, resolvendo mais rapidamente as dificuldades encontradas durante a leitura.
No estudo, foi também observado que um maior vocabulário e uma maior velocidade de estímulos e de processamento de informação, desde o momento em que é apreendida, compreendida e em que é dada uma resposta, implicam um melhor nível de compreensão da leitura.
O que é que isto significa?
Quando lemos, criamos um modelo mental ou uma representação global do conteúdo do texto para o compreender, ou seja, do seu significado.
Para chegar ao significado, começamos por criar representações de cada palavra com a sua forma ortográfica e som; ou acedemos às que já criámos e armazenámos.
Quanto mais palavras conhecermos e quanto melhor acedermos a elas, mais rápida será a recuperação do significado e melhor será a qualidade da representação mental. Isto facilita a integração da informação explícita e implícita de cada palavra numa frase, parágrafo ou texto.
Referência da notícia
Maria K. Eckstein, Belén Guerra-Carrillo, Alison T. Miller Singley , Silvia A. Bunge, "Beyond eye gaze: What else can eyetracking reveal about cognition and cognitive development?". Developmental Cognitive Neuroscience. (2020)