Sabia que o famoso medicamento para a diabetes, o Ozempic, é criado a partir dos genes de um lagarto?

O medicamento Ozempic, prescrito para o controlo da diabetes mas utilizado também para a perda de peso, é criado através dos genes do lagarto de Gila, nativo dos desertos da América do Norte. Saiba mais aqui!

Monstro-de-gila
O veneno de animais, como o largato monstro-de-gila deu origem a fármacos como o Ozempic.

Poucos sabem, mas muitos dos fármacos que usamos hoje em dia têm origens exóticas. Um exemplo é a semaglutida, conhecida pelas marcas comerciais Wegovy e Ozempic.

O medicamento, usado para o tratamento da diabetes e também do sobrepeso e da obesidade, foi, na verdade, inspirado no veneno do lagarto conhecido como monstro-de-gila (Heloderma suspectum).

O monstro-de-gila, nativo dos desertos da América do Norte, consegue sobreviver com apenas algumas refeições por ano, graças a uma hormona que retarda a digestão presente no seu veneno.

Ozempic
Apesar de ser divulgado como medicamento para emagrecer, o Ozempic é um medicamento sujeito a receita médica e destina-se apenas a doentes com diabetes tipo 2.

A descoberta desta hormona abriu caminho para o Ozempic, tornando o monstro-de-gila uma dádiva extremamente lucrativa para a medicina moderna. Os investigadores descobriram que o gene do veneno deste réptil, chamado exendina-4, poderia ser usado para o tratamento de diabetes tipo 2.

A exendina-4 é similar a uma hormona encontrada nos seres humanos chamada GLP-1, libertada depois de comer e importante para controlar os níveis de açúcar no sangue.

Outros fármacos inspirados em venenos de animais

Porém, o monstro-de-gila não é o único réptil que inspirou medicações inovadoras. O veneno da jararaca brasileira (Bothrops jararaca) levou ao desenvolvimento de uma classe de drogas conhecidas como inibidores da enzima de conversão da angiotensina (IECAs).

Jararaca brasileira
O captopril foi desenvolvido a partir da molécula da Jararaca que existe no continente americano.

No final dos anos 60, os cientistas estudaram o veneno desta cobra e quais os seus efeitos sobre a pressão sanguínea.

Isolaram um peptídeo do veneno, que poderia inibir uma enzima conhecida como enzima de conversão da angiotensina (ECA) e, assim, reduzir a pressão sanguínea.

Esta experiência resultou no desenvolvimento de uma versão sintética do peptídeo, chamada captopril.

Embora o captopril seja raramente prescrito hoje em dia, ele levou à geração seguinte de inibidores da ECA, como o enalapril, amplamente indicado para o tratamento da pressão alta e problemas cardíacos.

Os venenos de criaturas da terra e do mar são uma rica fonte de compostos medicinais

Os caramujos são conhecidos por produzirem uma série de peptídeos no seu veneno que servem para imobilizar as suas presas. E uma versão sintética de um dos peptídeos encontrados no veneno dos caramujos é utilizada no medicamento analgésico ziconotida.

Outra criatura marinha, a ascídia caribenha, forneceu o medicamento contra o cancro, a trabectedina.

Estudos realizados com trabectedina demonstraram resultados positivos no tratamento de cancro dos tecidos moles avançado, como lipossarcoma e leiomiossarcoma, tumores malignos e agressivos difíceis de tratar.

As sanguessugas usadas na medicina também forneceram fármacos que salvam vidas humanas. Quando estas criaturas agarram-se a uma pessoa para sugar o sangue, injetam compostos, como hirudina e calina, para evitar que o sangue das vítimas coagule.