Sabia que as moscas mortas podem ser utilizadas para o fabrico de plástico biodegradável?

De acordo com um estudo nos Estados Unidos, o polímero das moscas é considerado uma fonte promissora para o fabrico de plástico biodegradável, uma vez que não tem outras utilizações concorrentes. Fique a saber mais aqui!

Mosca-soldado
Insetos são fonte abundante de quitina com vantagens sobre outros animais que também fornecem a substância.

Embora a consciencialização sobre o impacto negativo do plástico no meio ambiente tenha aumentado nos últimos anos, só agora é que começam a surgir algumas alternativas ecológicas. Os plásticos biodegradáveis estão a tornar-se num substituto popular, uma vez que os consumidores exigem cada vez mais alternativas ecológicas.

Desta forma, segundo o que foi divulgado pelo jornal The Guardian, uma equipa de investigação dos Estados Unidos pode ter encontrado uma solução. Esta descoberta apresentada pela American Chemical Society (ACS), consiste na utilização de moscas soldado-negro mortas para o fabrico de plástico biodegradável.

Esta descoberta poderá ser extremamente vantajosa, uma vez que é difícil encontrar fontes de polímeros biodegradáveis que não tenham outras utilizações concorrentes, como a alimentação.

De acordo com a investigadora principal, Karen Wooley, da Universidade A&M do Texas, há cerca de 20 anos que este grupo tem vindo a desenvolver métodos para transformar produtos naturais, tais como a glucose obtida da cana-de-açúcar ou das árvores, em polímeros degradáveis e digeríveis que não persistem no ambiente. Contudo, estes produtos naturais são oriundos de recursos utilizados na alimentação, combustível, construção e no transporte.

Os resíduos deixados pela criação de moscas soldado-negro poderiam ser utilizados. As larvas das moscas contêm proteínas e outros compostos nutritivos, pelo que estão a ser criadas para alimentação animal e decompõem os resíduos. No entanto, as moscas adultas são menos úteis e são rejeitadas após o seu curto período de vida.

A equipa de Wooley tem tentado utilizar estas moscas mortas para produzir materiais úteis a partir de um produto residual.

Cientistas procuram desenvolver um tipo de plástico que seja comestível para insetos

Os investigadores descobriram que a quitina, um polímero à base de açúcar, é um dos principais componentes das moscas e reforça o exoesqueleto, de insetos e crustáceos.

Plástico
O pó de quitina proveniente destes insetos destaca-se pela sua pureza. Não tem coloração amarela e a textura característica dos produtos tradicionais.

As carapaças de camarão e de caranguejo já são utilizadas para a extração de quitina. Os investigadores afirmaram que o pó de quitina proveniente das moscas parece ser mais puro do que o dos crustáceos e que a obtenção de quitina a partir das moscas poderá evitar preocupações com algumas alergias ao marisco.

A partir dos produtos da mosca, a equipa criou um hidrogel que pode absorver 47 vezes o seu peso em água em apenas um minuto. Este produto poderá ser utilizado em solos agrícolas para captar a água das cheias e depois libertar lentamente a humidade durante as secas.

"Aqui no Texas estamos constantemente em situação de inundação ou de seca, por isso tenho tentado pensar como podemos fazer um hidrogel superabsorvente que possa resolver este problema". - afirmou Karen Wooley.

Os cientistas esperam em breve poder criar bioplásticos como policarbonatos ou poliuretanos, que são tradicionalmente feitos a partir de produtos petroquímicos, a partir das moscas.

Contudo, estes plásticos não contribuirão para o problema da poluição por plásticos.

Em última instância, como afirma Wooley, a equipa de investigação desejava que os insetos se alimentassem de resíduos de plástico, e depois voltariam a a ser colhidos e a recolher os seus componentes para fazer novos plásticos.

Desta forma, os insetos não seriam apenas a fonte, mas também consumiriam os plásticos descartados.