As cobras sobreviveram ao meteoro que matou os dinossauros
Um novo estudo refere que todas as cobras de hoje evoluíram a partir de espécies que sobreviveram ao impacto de um asteroide gigante, responsável por exterminar os dinossauros e a maioria dos outros seres vivos há 66 milhões de anos atrás.
Todos já ouvimos falar da extinção dos dinossauros no final do período cretáceo. A teoria mais aceite para explicar este evento diz que um meteoro gigantesco atingiu o planeta, há cerca de 66 milhões de anos atrás. O impacto, ocorrido na região da península de Yucatán, no México, causou a extinção de pelo menos 75% das espécies vegetais e animais da Terra.
Os 25% restantes foram, portanto, as sementes de vida que resistiram e evoluíram até chegar aos dias atuais. Estas espécies, antes tímidas, ganharam espaço para se diversificar em novos nichos, anteriormente ocupados pelos seus concorrentes. Mas, os mecanismos através dos quais essa evolução aconteceu, ainda estão envoltos em mistérios.
Um novo estudo, no entanto, mostra que as cobras de hoje em dia (quase 4000 espécies vivas) começaram a diversificar-se exatamente na época em que o meteoro exterminou a maioria das espécies do planeta.
Como é que os cientistas estudam a evolução das cobras?
Liderada por cientistas das Universidades de Bath, Bristol, Cambridge e Alemanha, a investigação usou fósseis para analisar diferenças genéticas e reconstruir a evolução das cobras atuais. Os seus resultados mostram que todas as cobras vivas hoje remontam a apenas algumas poucas espécies que sobreviveram ao impacto do meteoro.
Estas espécies prosperaram graças à sua capacidade de se abrigar no subsolo e passar longos períodos sem alimento. A extinção dos seus concorrentes permitiu que elas se movessem para novos nichos, novos habitats e até mesmo novos continentes.
Além de descobrir a origem de todas as espécies de cobra, o estudo também descobriu que, antes do impacto, os seus antepassados existiam apenas nalguma região remota do hemisfério Sul. Foi só depois da extinção dos dinossauros que as cobras espalharam-se pelo mundo.
Os investigadores também encontraram evidências de um segundo evento de diversificação intensa das espécies de cobras no início da Idade do Gelo, um período novamente associado à destruição massiva da biodiversidade que abriu espaço para novas espécies surgirem e colonizarem o planeta.
No fim de contas, o estudo lança uma nova luz sobre o impacto de grandes catástrofes na evolução da vida e no surgimento de novas espécies, e faz com que a ciência dê mais um passo no sentido de compreender as nossas próprias origens. Afinal, os seres humanos também não estariam aqui se os dinossauros não tivessem sido extintos. Somos muito sortudos.