Sabe por que razão o Mar Morto é tão salgado? Explicamos-lhe tudo!
O Mar Morto é considerado o segundo corpo de água de maior salinidade do planeta Terra. Neste artigo contamos-lhe o porquê desta maravilha natural mundial ter tão elevada concentração de sal.
Limitado a leste pela Jordânia e a oeste por Israel e pela Palestina, o Mar Morto, que na essência não é um verdadeiro mar, mas sim um lago sem litoral, é reconhecido como uma das massas de água mais salgadas do planeta.
O seu nome é bem merecido, uma vez que nenhum peixe, pássaro, planta ou outra forma de vida dita “normal” consegue sobreviver no seu ambiente altamente salgado. Ao longo da costa, a acumulação de sal mostra-se em cumes rochosos, picos e torres, e também por esse motivo, poucas evidências de vida vegetal aqui existem.
Com uma salinidade de cerca de 34%, cerca de dez vezes mais salgado que os oceanos Atlântico e Pacífico, o Mar Morto é o lago hipersalino mais profundo, e certamente o mais conhecido do mundo. Só a Lagoa Gaet'ale, situada na depressão de Danakil, na Etiópia o ultrapassa em concentração de sal.
De acordo com a National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), a maior parte da água dos mares e oceanos é geralmente composta por cerca de 3,5% de sais dissolvidos.
Este sal tem origem em rochas terrestres que foram erodidas pela água da chuva, que criaram iões (partículas atómicas eletricamente carregadas), e cujo o escoamento vai para os mares e oceanos. O mesmo acontece no Mar Morto, mas com uma dimensão bem distinta e com outros ingredientes, como veremos.
Os mais comuns desses iões são o sódio e o cloreto de sódio, que se acumulam nos mares e oceanos, e que compreendem a cerca de 90% do conteúdo iónico destes corpos de água. É, aliás, a combinação química destes dois que dá corpo a um dos compostos químicos mais comuns, o sal.
Ora, se todo o sal dos mares e oceanos fosse removido e espalhado pelas áreas terrestres do planeta, a camada atingiria uma altura de 150 metros, que é aproximadamente a mesma altura de um edifício de 40 andares. Ainda assim, e apesar de todo esse sal, não tem comparação com a quantidade de sal presente nas águas do Mar Morto.
Neste lago, a salinidade a cerca de 40 metros de profundidade é quase dez vezes superior aos mares e oceanos. Já em profundidades abaixo de 100 metros, a água fica tão concentrada em sal que não consegue mais retê-lo, e este acumula-se no fundo do mar.
Segundo o Observatório Terrestre da NASA, a extrema salinidade do Mar Morto dá a sensação de que estamos perante azeite misturado com areia.
A quantidade de sal no Mar Morto é tão acentuada que interfere na densidade das suas águas. Por causa disso, um qualquer corpo precisa de ser extremamente denso para ali afundar. Isso explica como qualquer pessoa pode ali flutuar com facilidade.
Porque é, afinal, o Mar Morto tão salgado?
O Mar Morto está localizado num vale criado por uma falha geológica que se estende por mais de 1.000 quilómetros, desde a Turquia até à Península do Sinai. Além de ser uma das massas de água mais salgadas da face da Terra, o Mar Morto também está localizado na altitude mais baixa do planeta, 429 metros abaixo do nível do mar.
Exposta ao intenso calor do sol do deserto, a água deste lago hipersalino evapora mais rapidamente do que nos mares e oceanos. Estima-se que até sete milhões de toneladas de água evaporem todos os dias devido ao clima árido.
A salinidade do Mar Morto é ainda mais intensa pela atividade humana, à medida que menos água do Rio Jordão chega até este. As atividades incluem a construção de barragens e a utilização da água para fins agrícolas.
À medida que o ser humano redireciona ou impede o normal fluxo da água, menor é a quantidade de água doce que chega a este lago hipersalgado.
Isso resulta em menos água disponível para diluir o sal ali presente. O que também significa que este está lentamente a secar. Descobriu-se que a água do Mar Morto está a diminuir a uma taxa de cerca de 1,2 metros por ano.
A descida do nível da água não só afeta a flutuabilidade, como também tem consequências ambientais e económicas para a região circundante. A preservação desta relíquia natural exige esforços coordenados para gerir de forma sustentável os recursos hídricos e assegurar a sua conservação a longo prazo.
Haverá então vida neste “mar”?
O Mar Morto não está técnica e biologicamente “morto”. De acordo com descobertas que datam já da década de 1990 e a outras realizadas já neste século, existe ali vida.
Essa vida resume-se, porém, a uma bactéria que consegue sobreviver nesse ambiente, a Haloarcula marismortui, a outros pequenos micróbios, e a uma espécie de alga marinha, a Dunaliella, conhecida pelos seus benefícios para a saúde.
Além disso, há uma outra “vida” que popula esta extensa massa de água, a dos banhistas que diariamente procuram este icónico lugar para flutuar nesta maravilha natural do mundo.