Resolvido? Hubble pode ter solucionado mistério sobre os buracos negros!
Dados obtidos pelo telescópio Hubble podem ter evidências de uma classe de buracos negros que nunca foi vista antes. Caso confirmado, esta é a primeira observação de um buraco negro intermediário, um mistério de décadas da Astronomia.
O Universo é um lugar tão grande que muitas vezes não é fácil encontrar algo nele. Este foi o caso de uma classe de buracos negros chamada de buracos negros intermediários. Este tipo de buraco negro é um dos elos perdidos na família de buracos negros e nunca tinha sido observado antes.
Buracos negros são objetos extremamente misteriosos mas os intermediários ofereciam um mistério a mais: nunca encontramos um deles. Isto levantava a pergunta de onde estariam estes objetos e qual o motivo de serem tão difíceis de serem observados. Porque o Universo parecia escondê-los de nós?
Várias evidências destes objetos foram encontradas nas últimas décadas mas pela primeira vez talvez o Hubble tenha observado um deles. Este foi o resultado publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society por um grupo de astrónomos americanos.
Classificação de buracos negros
Podemos classificar os buracos negros em relação à sua massa. Importante lembrar que a massa de um buraco negro está diretamente relacionado com o tamanho do seu horizonte de eventos. Buracos negros mais massivos possuem horizonte de eventos maior.
Os três tipos de buracos negros são os estelares, os supermassivos e os intermediários.
Buracos negros estelares
Buracos negros estelares são buracos negros com massas entre 8 até 100 vezes a massa do Sol. Eles formam-se com a morte de estrelas muito massivas. É esperado que haja cerca de milhões ou até biliões de buracos negros estelares numa galáxia.
Estes objetos já foram observados várias vezes tanto através de radiação eletromagnética quanto através de ondas gravitacionais. Eles já são observados desde meados do século passado.
Buracos negros supermassivos
Estes objetos possuem cerca de 10 mil até biliões de vezes a massa do Sol e estão localizados no centro de cada galáxia. O Sgr A*, que está no centro da Via Láctea, é um dos exemplares deste tipo de buraco negro e dois deles já foram fotografados pela colaboração EHT.
Apesar de como eles surgiram ainda permanecer uma pergunta em aberto, até mesmo o James Webb Space Telescope tenta responder, eles existem e temos várias observações deles em diversos métodos e técnicas.
Buracos negros intermediários
Se existem os buracos negros de 8 até 100 vezes a massa do Sol e buracos negros com mais de 10 mil massas solares, quais são os buracos negros que possuem entre 100 até 10 mil massas solares? Estes são os chamados buracos negros intermediários.
É de se esperar que se tenha buracos negros “no meio do caminho” em termos de massa. Contudo, diferente dos outros, estes objetos nunca tinham sido observados antes. E o seu desaparecimento era um mistério dentro da Astronomia até agora.
Descoberta do Hubble
Utilizando dados do Hubble, um grupos de astrónomos observaram um aglomerado de estrelas a cerca de 7 mil anos-luz de nós, o Messier 4. O aglomerado indica que possuía uma região com “massa escura”. Massa escura refere-se a objetos que emitem nenhuma ou pouca luz como buracos negros e anãs brancas.
Para observar mais detalhadamente, o grupo procurou dados da missão Gaia que consegue observar a velocidade e a posição de estrelas separadamente. Eles encontraram um centro de massa escura com 800 massas solares, o suficiente para ser um buraco negro intermediário.
Uma estrela ainda se destaca pela sua velocidade alta em redor do centro, um efeito que é comum com estrelas que orbitam buracos negros. Estrelas podem ser empurradas com uma velocidade alta devido à interação gravitacional.
Outras explicações
O grupo de investigadores afirma que a massa escura encontrada pode ser de várias anãs brancas ou vários buracos negros estelares juntos. Mas, a região é tão concentrada e tão uniforme que estes objetos teriam que estar num equilíbrio perfeito, algo que é raro de acontecer.
Ainda é necessário procurar mais evidências deste aglomerado mas o grupo finaliza o trabalho afirmando que a área concentrada é tão pequena que é difícil imaginar qualquer outra coisa que não seja um buraco negro intermediário.
Caso confirmado, será a primeira observação confirmada de um buraco negro intermediário. Isto abre portas para mais questões, tais como: onde eles estiveram escondidos este tempo todo?