Quando o tempo muda, porque me doem os joelhos?
É frequente ouvirmos as pessoas a dizerem que sentem a dor a aumentar quando o tempo muda, ou até referirem que têm uma região do corpo que "adivinha" a mudança do estado de tempo. Mas será que existe alguma explicação científica para esta situação, ou será apenas um mito?
Alguns estudos atuais afirmam haver de facto uma co-relação entre determinadas patologias degenerativas, enxaquecas ou sequelas de lesões antigas e as alterações no estado de tempo. Em muitos casos estudados foi registado um aumento do nível de dor associado ao tempo húmido ou às baixas temperaturas.
Os avanços científicos nas áreas da meteorologia e as observações da relação entre diversos organismos e o ambiente justificaram o incremento gradual da atenção na relação saúde-clima.
O Homem necessita de regular a temperatura corporal. É essencial à sobrevivência a libertação de calor, em quantidade suficiente, para que a sua temperatura interna se mantenha em torno dos 36 ºC e os 37 ºC, uma tarefa nada fácil quando os termómetros marcam 10 ºC, por exemplo.
A sensação de temperatura/conforto que o corpo humano sente é frequentemente influenciada por fatores como a temperatura, a humidade, o vento e a radiação solar. No entanto, se as condições térmicas ambientais forem adversas, vivenciando-se situações extremas de calor no verão e de frio no inverno, podem desencadear-se diversos problemas de saúde.
Explicação científica
O fator mais significativo está relacionado com a pressão atmosférica, na relação entre a humidade do ar, a precipitação. O mau tempo ou o estado de tempo instável caracterizado por precipitação (trovoada, vento forte, etc) está associado à presença de aparelhos barométricos depressionários e, no caso de Portugal, à passagem frequente de ondulações da frente polar com a consequente mudança frequente da pressão atmosférica, da temperatura e da humidade relativa do ar.
A pressão atmosférica tem influência sobre os tecidos ligados às articulações, funcionando como se "empurrasse" lateralmente estes tecidos, mantendo-os numa determinada posição . Com uma pressão atmosférica menor, os tecidos são menos "empurrados" contra o corpo, permitindo um leve aumento da sua expansão e originando a sensação de dor.
A temperatura baixa pode também estar associada ao aumento de dor. Quando a temperatura é mais baixa, os vasos sanguíneos do nosso corpo ficam mais estreitos, levando um pouco menos de sangue até aos músculos e articulações. Este facto contribui para a diminuição do aporte de oxigénio e nutrientes aos mesmos, comprometendo o seu funcionamento.
Em suma, antes de chover, isto é numa situação de diminuição da pressão atmosférica, dá-se uma maior expansão dos tecidos articulares. Esta circunstância pode desencadear dor em algumas pessoas mais sensíveis por, por exemplo, já terem alguma fragilidade anterior nas suas articulações, nos ossos ou nos músculos.
Assim, é razoável crer que existe uma influência das condições meteorológicas e da sua variabilidade, por vezes até brusca na saúde. Apesar de ser bastante difícil encontrar relações de causalidade objetivas e mensuráveis, alguns estudos procuram avaliar a influência das alterações nos estados de tempo na dor de pacientes por exemplo com doenças reumáticas, principalmente no Outono e no Inverno.