Qual a temperatura mais alta que a Terra alcançou? A NOAA dá-lhe a resposta

Tem curiosidade em saber qual a temperatura mais elevada que alguma vez foi registada no planeta Terra? Neste artigo damos-lhe esta e outras respostas, com a ajuda da agência norteamericana para os assuntos do oceano e atmosfera.

Os períodos mais quentes da Terra ocorreram milhões de anos antes da existência dos humanos, mas isso não significa que não estejamos a aquecer o planeta.

Há milhares de milhões de anos atrás, mais precisamente há 4,54 mil milhões de anos, o planeta Terra terá experimentado aquelas que se julgam ser as suas mais altas temperaturas, naqueles que eram os seus primeiros dias, quando ainda estava em colisão com outros detritos rochosos que giravam em torno do sistema solar.

O calor destas colisões terá mantido a Terra derretida, com temperaturas no topo da atmosfera acima de 3600 ºFahrenheit (F), segundo a National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), algo verdadeiramente impressionante.

Depois daqueles primeiros milénios tórridos, o planeta tem visto frequentemente a sua temperatura média global subir, embora tenha sido já muito mais quente do que é agora. E não, não significa isto que o aquecimento global não exista ou que o atual período de disrupção climática não seja real. Já lá iremos.

A Terra conheceu já algumas eras, períodos e épocas geológicos verdadeiramente escaldantes. Os episódios quentes mais antigos no tempo deram-se no Neoproterozóico, entre 600 a 800 milhões de anos atrás e no Paleozóico, 500 milhões a 250 milhões de anos atrás. Mais recentemente, nos últimos 100 milhões de anos, ocorreram dois grandes picos de calor, um no Cretáceo, há cerca de 92 milhões de anos, e entre o Paleoceno e o Eoceno (Cenozóico), há aproximadamente de 56 milhões de anos.

Como foi então possível chegar a estas conclusões?

O registo de temperaturas através da leitura de termómetros ou de estações meteorológicas existem há muito pouco tempo, o que significa que as aferições das temperaturas foram realizadas através do estudo de pistas indiretas, como são as assinaturas químicas e estruturais das rochas, fósseis e cristais, sedimentos oceânicos, recifes fossilizados, anéis de árvores ou núcleos de gelo.

Assinaturas químicas e estruturais das rochas, fósseis e cristais, sedimentos oceânicos, recifes fossilizados, anéis de árvores ou núcleos de gelo foram fundamentais para a aferição das temperaturas no passado.

Nem sempre esta apuração se revela tão simples, uma vez que a colisão da Terra com outros sistemas provocou aos longo dos anos o derretimento e vaporização da maioria das rochas existentes, pelo que a comunidade científica necessita de recorrer a observações da Lua e a modelos astronómicos.

Deste modo, conseguiram concluir que após a colisão que gerou a Lua, a Terra alcançou cerca de 3680 ºF, algo como 2026 ºC. Este pico demorou várias dezenas de milhões de anos a esvanecer-se, mesmo depois das colisões terem parado.

Podemos então concluir que o planeta Terra terá experimentado temperaturas muito mais altas do que nós, humanos, poderíamos sobreviver. Suponhamos então que excluímos os anos violentos e escaldantes quando a Terra se formou pela primeira vez, quando terá a superfície da Terra ficado mais abafada?

O período do Neoproterozóico conheceu um dos tempos mais quentes da história do planeta. A intensa atividade tectónica (produtora de dióxido de carbono), a atividade vulcânica, a ausência de precipitação que permitisse desintegrar as rochas e consumir os gases de efeito de estufa, ajudaram as temperaturas a subir exponencialmente, atingindo uma média global maior que 90 °F, ou seja, superior a 32 ºC (a média global em 2024 foi de 15,7 ºC).

No global do éon Fanerozóico as temperaturas quentes terão dominado, com as médias globais repetidamente acima dos 80 ºF (aproximadamente 26 ºC) e até 90 ºF, segundo resultados preliminares divulgados em 2019.

São valores demasiado altos para a coexistência de glaciares. Também por isso, há cerca de 250 milhões de anos atrás, ao redor do equador do supercontinente Pangeia, eram os desertos que predominavam, graças a uma combinação de calor e aridez.

O planeta está a aquecer. Perder a estabilidade climática que persistiu ao longo de toda a história da civilização acarretará um conjunto de desafios de adaptação sem precedentes.

Já nos últimos 100 milhões de anos, as temperaturas globais atingiram o pico duas vezes. Um no Cretáceo, há aproximadamente 92 milhões de anos, cerca de 25 milhões de anos antes da extinção dos últimos dinossauros da Terra, e outro no Paleoceno-Eoceno, há cerca de 56 milhões de anos.

Embora no Cretáceo a correlação entre dióxido de carbono e temperatura não esteja ainda provada, no Paleoceno-Eoeceno é evidente. Ainda que não tão quente quanto a estufa do Cretáceo, o Paleoceno-Eoceno viu a temperatura média da superfície global aumentar cerca de 6 °C em menos de 10 milénios, o que figura entre os períodos mais rápidos de aquecimento observados no registo geológico.

Ainda é incerto de onde veio todo o dióxido de carbono e qual foi a sequência exata dos eventos, mas existem várias hipóteses: atividade vulcânica, degelo do permafrost, liberação de metano de sedimentos oceânicos aquecidos, grandes mares secos, grandes incêndios florestais ou até cometas.

Nada será como o que já experimentamos

Os períodos mais quentes da Terra ocorreram milhões de anos antes da existência dos humanos, mas isso não significa que não estejamos a aquecer o planeta. Na verdade, estudar os períodos de estufa anteriores confirma o papel principal que o dióxido de carbono desempenha no aquecimento da Terra, não importa de onde venha.

Desde 1800, o dióxido de carbono aumentou entre 100 a 200 vezes mais rápido do que quando a Terra teve o seu degelo mais recente, entre 17.500 a 11.500 anos atrás. Desde 1850, as temperaturas globais da superfície aumentaram cerca de 0,06 °C por década. Desde 1982, aumentaram 0,20 °C por década.

Perder a estabilidade climática que persistiu ao longo de toda a história da civilização acarretará um conjunto de desafios de adaptação sem precedentes, tais como o aumento do nível do mar e a perda de território, as mudanças no clima regional que afetam a produção de alimentos, a perda de fontes confiáveis de água, mais inundações e incêndios florestais, e uma maior disseminação de doenças infectocontagiosas.

Nenhum povo viveu na Terra durante a maior parte da sua história, o que significa que não desempenhamos nenhum papel nas condições de estufa do planeta no passado antigo. Mas a história do planeta mostra-nos que o dióxido de carbono tem uma forte influência no clima, e que as rápidas alterações climáticas causaram grandes deslocamentos para animais e plantas. Podemos aprender com a história da Terra como nosso sistema climático funciona.

Estas lições do passado deixam claro que somos nós que estamos a mudar o clima global. O nosso papel é inegável, mas também o é a nossa capacidade de mudar o futuro! Sem ela, nada será como já experimentamos.