Próximo ciclo solar pode ser o mais intenso já registado
Cientistas estudaram 270 anos de dados de ciclos solares e manchas solares, identificando padrões de comportamento do sol. Os resultados sugerem que o próximo ciclo pode ser o mais intenso já registado. Confira a previsão.
Manchas solares são pequenos “escurecimentos” na superfície do sol, que ocorrem quando um campo magnético intenso diminui tanto o fluxo de energia que emana do interior do sol quanto a temperatura da região. Por isso, as manchas solares não são de facto manchas pretas ou sem luz, apenas menos brilhantes - as regiões em seu redor são tão brilhantes que, em contraste, as manchas acabam por parecer escuras.
O facto é que as manchas solares estão diretamente relacionadas com a maioria das erupções solares e ejeções de massa do sol, que causam problemas nos satélites de telecomunicações, linhas de transmissão e até interrupção no fornecimento de energia, além de atingirem astronautas com radiação nociva à saúde.
Quanto maior o número de manchas solares, maior o número de erupções solares e maior a chance de grandes problemas ocorrerem em decorrência desta elevada atividade solar. Por isso, as manchas solares já motivaram milhares de investigações desde a descoberta do ciclo solar, há 175 anos - que é um período de aproximadamente 11 anos, onde existe sempre um aumento e depois uma diminuição no número de manchas observadas na superfície do sol.
Desde então, a ênfase das investigações foi perceber a física da formação destas manchas, além de tentar prever as propriedades dos próximos ciclos solares usando estatística ou métodos físicos. À medida que o ciclo de manchas solares alcançou maior importância social, painéis de toda a comunidade científica foram convocados e encarregados de construir opiniões de consenso sobre o próximo ciclo de manchas solares.
Hoje em dia, um grande número de técnicas é capaz de explicar os marcos temporais, a forma geométrica e a amplitude dos ciclos de manchas solares. No entanto, prever essas características com antecedência permanece um problema em aberto.
Um estudo publicado no último mês, no entanto, mostrou uma das alternativas mais robustas já concebidas. O investigador Scott McIntosh e colaboradores utilizaram um método matemático (transformadas de Hilbert) para aprofundar a relação entre o ciclo magnético do sol e a amplitude de ciclo de manchas solares, utilizando 270 anos de dados recolhidos.
Os investigadores identificaram o que chamaram de eventos de término, que podem ser relacionados com diversos fenómenos - entre eles, o fim do ciclo de manchas solares anterior, a intensificação do ciclo atual, e o final dos ciclos de atividade magnética. Usando estes marcadores, conseguiram extrair uma relação entre o número de eventos e o ciclo solar que permite realizar uma previsão com 68% de fiabilidade.
Com isso, os investigadores deduziram que o próximo ciclo solar (que está a iniciar agora) terá uma magnitude muito alta, que rivalizará com as maiores já registadas e poderá tornar-se a mais intensa da história - um resultado diferente do consenso da comunidade científica atual, que prevê um ciclo pouco ativo e parecido com o anterior.
O resultado é vital para entender como o Sol se vai comportar nos próximos 11 anos - até aproximadamente 2031 - para permitir que a sociedade tome ações efetivas para evitar problemas na rede de comunicações e na transmissão de energia, além de garantir a segurança dos próximos astronautas.