Português estuda o futuro da Antártida e apela que os impactos globais são irreversíveis!
Professor e investigador da Universidade de Coimbra, juntamente com a sua equipa, já fizeram várias viagens à Antártida no âmbito de estudos das alterações climáticas.
José Xavier, docente e investigador da Universidade de Coimbra, tinha cerca de 22 anos quando pisou pela primeira vez a Antártida e desde então nunca mais parou.
Iniciou esta jornada em 1999, voltando sempre a cada 10 anos, ou seja regressou em 2009 e 2019, com o objetivo de compreender como está a Antártida, mais propriamente o Oceano Antártico, no âmbito das alterações climáticas, desde a subida do nível das águas do mar, aos pinguins, não descorando a poluição dos microplásticos.
De acordo com José, o Oceano Antártico é fundamental para o funcionamento do nosso planeta, pois ele influencia o nível do mar, regula o clima, e impulsiona a circulação oceânica global.
José Xavier
O aumento das atividades humanas como o turismo e a pesca comercial, juntamente com os impactos das alterações climáticas, representam uma ameaça para a resiliência dos ecossistemas da região Antártica.
Rápidas mudanças na Antártida
Autor de vários artigos científicos publicados nas revistas Science e Nature, afirma que as emissões de gases com efeito de estufa continuam a aumentar, o clima continua a aquecer, e as ações políticas são poucas para responder aos fatores sociais e ambientais na Antártida.
Neste contexto de elevadas emissões, a Antártida sofrerá mudanças rápidas por toda a região, com consequências no resto do mundo: em 2070, o aquecimento causará o degelo e vai acelerar o aumento do nível global do mar, alterará os ecossistemas marinhos e o aumento ilimitado do uso humano na Antártida degradará o ambiente e introduzirá pestes invasivas.
Alerta o docente e investigador da UC
Com esta prospeção é necessário adotar medidas ambiciosas para limitar as emissões dos gases de efeito de estufa e estabelecer políticas para reduzir a pressão antropogénica no ambiente, abrandando a taxa de mudança na Antártida.
Com estas medidas as plataformas de gelo mantêm-se intactas, há um abrandamento do aumento do nível global do mar, os ecossistemas mantêm-se intactos e a pressão humana na Antártida é gerida apropriadamente.
Ecossistemas marinhos em perigo na Antártida
Numa entrevista avançada pelo Diário de Notícias, o docente e toda a sua equipa de investigação depois de várias expedições, com resultados visíveis, nas mais diversas áreas, desde as alterações climáticas à migrações de espécies aquáticas, concentra-se agora no estudo dos pinguins, focas, baleias, lulas e peixes, de forma a compreender como lidam estas espécies com a pressão exercida nos ecossistemas.
Um dos principais focos da equipa de cientistas é a espécie pinguim-imperador, uma espécie que se reproduz durante o inverno, em que conseguiram identificar que existem microplásticos na dieta dos pinguins.
A monitorização foi realizada através de imagens de satélites, uma vez que a Antártida "é do tamanho da Europa", tendo sido possível, através das fezes, estimar-se a dieta destes animais, comparando a cor dos dejetos no gelo.
Perante estes resultados os investigadores deparam-se com uma questão: " Como se pode preservar o único continente sem a presença humana permanente?"
Primeiramente, segundo José Xavier, será fortalecer o Tratado da Antártida (acordo estabelecido em 1961 entre 12 países em que estabelece a liberdade de investigação científica) reforçando os seus valores de sustentabilidade e proteção e entender de uma vez por todas que "estamos todos no mesmo barco", ou seja, é urgente protegermos o planeta Terra, entender o que se está a passar com as alterações climáticas e que as ameaças existentes são reais.